Créditos: Imprensa SINSSP

As recentes descobertas de fraudes bilionárias envolvendo a direção do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) acendem um alerta vermelho sobre a vulnerabilidade de uma das instituições mais importantes da República.

A Previdência Social, direito fundamental assegurado pelo art. 6º da Constituição Federal e detalhado nos arts. 201 e 202, exige blindagem institucional urgente e valorização efetiva dos servidores da Carreira do Seguro Social.

A estrutura atual de nomeação para cargos de chefia no INSS, baseada exclusivamente em indicações políticas, cria um ambiente propenso a interferências externas que comprometem a integridade da autarquia.

Este modelo contradiz o princípio da eficiência administrativa previsto no art. 37 da Constituição Federal e coloca em risco um patrimônio social que pertence a todos os brasileiros.

Há muito tempo, os servidores da Carreira do Seguro Social têm alertado sistematicamente sobre riscos críticos, especialmente quanto à fragilização dos mecanismos de controle interno.

A retirada de filtros de segurança e a implementação de automação processual sem critérios técnicos adequados abriram brechas para fraudes que poderiam ter sido evitadas com a validação das atividades delegadas à automação por servidores da Carreira do Seguro Social.

Reestruturação Institucional

É imperativo implementar um modelo de governança que promova:

  1. Nomeações técnicas: Substituição do sistema de indicações políticas por critérios objetivos de competência, experiência e conhecimento técnico, privilegiando servidores de Carreira do Seguro Social para posições estratégicas;
  2. Autonomia funcional: Mecanismos que assegurem independência decisória aos servidores em suas funções estratégicas e finalísticas, sem pressões políticas ou econômicas externas;
  3. Transparência decisória: Implementação de processos decisórios rastreáveis e auditáveis em todos os níveis hierárquicos, com responsabilização clara dos agentes;
  4. Controle interno robusto: Fortalecimento da apuração de irregularidades com servidores suficientes e adequadamente capacitados.

Valorização da Carreira como Pilar de Segurança Institucional

A defesa da Previdência Social passa necessariamente pela valorização de seus servidores. O conhecimento técnico acumulado por estes profissionais representa um ativo estratégico insubstituível para a segurança do sistema previdenciário. Os servidores são os primeiros a identificar anomalias e tentativas de fraude, desde que adequadamente posicionados e valorizados.

A Lei 8.112/90, que rege o serviço público federal, estabelece no art. 116 o dever de lealdade à instituição pública. Este compromisso tem sido honrado pelos servidores do INSS mesmo em condições adversas. No entanto, para fortalecer esta lealdade institucional, é necessário:

  • Capacitação contínua em novas tecnologias e métodos de detecção de fraudes;
  • Remuneração compatível com as responsabilidades e riscos da função;
  • Condições de trabalho que permitam análises criteriosas e não apenas produtividade quantitativa.

O fortalecimento do INSS não é apenas uma questão administrativa, mas um imperativo de justiça social. Os recursos previdenciários representam a segurança de milhões de brasileiros em seus momentos de maior vulnerabilidade.

A blindagem institucional proposta, aliada à valorização da Carreira do Seguro Social, não representa um benefício corporativo, mas sim uma garantia para toda a sociedade de que os recursos previdenciários serão geridos com probidade, competência técnica e compromisso com o interesse público.

Os servidores do INSS têm se manifestado como sentinelas da Previdência Pública. É momento de ouvi-los, valorizá-los e posicioná-los como protagonistas na reconstrução de uma instituição verdadeiramente blindada contra interesses políticos e econômicos que não sejam os da sociedade brasileira.