São Paulo pode ter colapso na saúde antes de massificar vacinação contra covid-19
Nos últimos dez dias, ocupação de UTI disparou no estado. Onze regiões já têm situação de fase laranja e três de fase vermelha.
O estado de São Paulo pode viver um colapso no sistema de saúde antes mesmo de conseguir massificar a vacinação contra a covid-19. Dados do governo de São Paulo mostram que, nos últimos dez dias, a ocupação de unidades de terapia intensiva (UTI) disparou em quase todas as 17 regiões do estado. Onze regiões já têm situação de fase laranja e três de fase vermelha. Ontem (18), o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou que atualmente está mais difícil ampliar o número de leitos ou reabrir hospitais de campanha, porque não há profissionais suficientes para atender à demanda de atendimento. Sem ampliação de leitos e medidas mais rígidas de isolamento, a situação pode ficar insustentável em breve.
Uma das mais graves é a situação da região de Marília – que está na fase vermelha desde a última sexta-feira (15). No dia 8 de janeiro, quando foi feita a reclassificação ordinária do Plano São Paulo, que coordena a quarentena, a região tinha 75,8% de ocupação de UTI e foi colocada na fase laranja. Uma semana depois, teve de ser colocada na fase vermelha – de maior restrição à circulação e funcionamento do comércio –, ao atingir 83,2% de ocupação de UTI. E ontem chegou a 87,5%. Um crescimento de quase 12 pontos percentuais em apenas 10 dias.
A situação é igualmente grave em Franca e Presidente Prudente. As duas regiões ainda estão na fase laranja, porque o governo de João Doria (PSDB) ainda não fez uma nova classificação. Mas já apresentam situação compatível com a fase vermelha. Em Franca, a ocupação de UTI saltou de 49,9% para 70,2%, em uma semana. Três dias depois chegou a 81,4%. Em Presidente Prudente, o salto foi um pouco menor: de 74,5%, no dia 8, para 81%, ontem.
Marília e Presidente Prudente já apresentam os piores índices de novos casos, internações e mortes de toda a pandemia. Franca tem o pior índice de novos casos e um número de internações equivalente ao primeiro pico da pandemia.
Outras regiões ainda não atingiram índices de fase vermelha, mas também estão com um claro agravamento da pandemia nos últimos dez dias. A região de Bauru está com 79,3% de ocupação de UTI, quase na fase vermelha. Há 10 dias, o índice era de 66%. Igualmente preocupante está a região de Taubaté, que compreende o litoral norte de São Paulo. No dia 8 de janeiro, a ocupação de UTI era de 65,1%. Hoje é de 77,8%. Ambas as regiões também apresentam os piores índices de novos casos, internações e mortes de toda a pandemia. Os dois territórios estão na fase laranja desde a última sexta-feira.
Ocupação de UTI na capital
Já a capital paulista passou de 67% de ocupação de UTI, no dia 8, para 73,3% ontem – que deve levá-la da fase amarela para a fase laranja da quarentena. Apenas nos hospitais municipais há 1.233 pessoas internadas. Considerando a rede estadual, a privada e a filantrópica, são 2.990 pessoas internadas na cidade de São Paulo.
Na Grande São Paulo – que inclui a capital paulista – a taxa de ocupação de UTI subiu de 65,5% para 70,5%, índice de fase laranja. A situação é pior na sub-região Leste, que compreende as cidades de Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano. A ocupação de UTI chegou a 77% ontem. Na sub-região Norte, que compreende as cidades de Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha e Mairiporã, a ocupação é de 69%. Nas outras sub-regiões, a ocupação é inferior a 67%.
A região de Campinas também teve piora no quadro e hoje apresenta índices compatíveis com a fase laranja. A ocupação de UTI foi de 67,3%, no dia 8, para 70,5%, ontem. Apesar do agravamento, a região ainda não superou a situação do primeiro pico da pandemia. Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Sorocaba, seguem apresentando índices de fase laranja. As demais regiões seguem na fase amarela, mas também apresentam aumentos significativos na ocupação de UTI.
Falta de ação de Doria
Para o médico infectologista Gerson Salvador, a aprovação da vacina Coronavac, desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sinovac, e o início da vacinação são essenciais para superar a pandemia, mas não podem levar ao descuido das medidas de prevenção e isolamento social. “A gente tem que sobreviver até a população ser imunizada. Não dá para descontrolar, não dá para descuidar da vigilância. A vacina é uma condição necessária, mas ela deve ser associada às medidas de vigilância, de estímulo ao distanciamento”, afirmou.
Como a RBA mostra desde novembro, a situação já vinha dando sinais de piora ainda no final de outubro. Naquele momento, de eleições municipais, Doria disse que a situação estava sob controle. E adiou a reclassificação do Plano São Paulo, deixando o estado 55 dias sem atualização da quarentena.
Um dia após as eleições Doria colocou todo o estado na fase amarela, ação considerada insuficiente por especialistas em saúde. Além disso, facilitou a abertura de comércios, estendendo o horário de funcionamento. Apesar da continua piora no quadro, com escalada de aumento das internações e crescimento das mortes, Doria não ampliou o rigor da quarentena. Só em janeiro algumas regiões foram colocadas na fase laranja.
Ontem, o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou que o estado teve a pior semana de toda a pandemia. No período de 10 a 16 de janeiro foram registrados 11.300 novos casos de covid-19 por dia, em média, no estado. Na semana anterior, foram 10.366 casos por dia.
No caso das mortes causadas pela covid-19, houve aumento de 7% na última semana, em relação à semana anterior. Porém, na comparação entre a última semana do ano passado e a segunda deste ano, o aumento foi de 59%. A média de mortes diárias no estado chegou a 227,7. E houve aumento de 12% nas internações por covid-19 em São Paulo. São 13.815 pessoas internadas, sendo 7.811 em enfermaria e 6.004 em UTI.
Fonte: Rodrigo Gomes/RBA
Fábrica da Petrobrás fechada por Bolsonaro tinha capacidade para fornecer quatro vezes o oxigênio usado em Manaus
A Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras no Paraná (Fafen-PR) tinha potencial de produção de 360 mil m³ de oxigênio por dia, quase cinco vezes mais que o consumo diário de oxigênio em Manaus, de cerca de 76 mil m³.
Uma fábrica da Petrobras no Paraná fechada pelo governo de Jair Bolsonaro teria capacidade para fornecer 4,7 vezes o oxigênio usado em hospitais de Manaus por dia.
A Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras no Paraná (Fafen-PR) foi encerrada em janeiro de 2020, demitindo milhares de trabalhadores, e tinha potencial de produção de 360 mil m³ de oxigênio por dia, quase cinco vezes mais que o consumo diário de oxigênio em Manaus, de cerca de 76 mil m³.
No portal dos Sindicatos dos Petroleiros da Bahia, o operário Gerson Castellano, informou que o material produzido poderia ser transformado em oxigênio hospitalar a partir de uma modificação na planta de separação de ar, que pertencia à própria fábrica.
A capital do Amazonas, Manaus, tem enfrentado uma crise causada pela falta de oxigênio nos hospitais, que resultou em várias mortes por sufocamento em decorrência da Covid-19.
Fonte: Brasil 247
No dia do Aposentado e da Previdência Social sobrou algum direito para comemorar?
Dia 24 de janeiro é dia do Aposentado e da Previdência Social, mas a atual conjuntura política deixou algum direito para ser comemorado?
A Constituição brasileira estabelece que o trabalhador tenha o direito à aposentadoria após completar um determinado tempo de serviço, idade ou por invalidez. E hoje, 24 de janeiro, o dia é dedicado ao trabalhador que doou toda uma vida ao trabalho e agora usufrui, ou deveria usufruir, dos benefícios acumulados durante essa jornada. Nesta mesma data também é celebrado o Dia da Previdência Social, uma das conquistas mais significativas do trabalhador brasileiro.
Porém, o dia a dia do aposentado não está nada fácil. O direito que deveria segurar e garantir a renda do contribuinte e de seus familiares em casos de acidentes, invalidez, morte, prisão ou velhice, acaba tendo o acesso dificultado e o valor recebido não dá para sobreviver.
Diante da atual conjuntura política do Brasil, os aposentados vivem mal, muitos precisam continuar trabalhando para garantir a comida e a moradia. Não há reajustes condizentes com a economia e a inflação.
Após a Reforma Previdenciária a situação ficou ainda mais complicada, pois houve um aumento do tempo para trabalhar e contribuir mais como também o aumento da idade para se aposentar. Muitos direitos foram perdidos dando lugar ao retrocesso.
O aposentado também precisa aprender a lidar com a falta de segurança que facilita o acesso de golpistas e acabam caindo em golpes financeiros, a chuva de empréstimos que são oferecidos devido vazamento de dados particulares, sem falar da diminuição da renda e do poder de compra a que são submetidos. Não está fácil se aposentar, nem ser aposentado hoje no Brasil!
Por isso, a data deve ser lembrada e todos os aposentados devem ser homenageados não só hoje como diariamente por fazer a sua parte enquanto trabalhador e contribuir para o desenvolvimento do Brasil. Porém, não devemos deixar de apoiar a luta para que mais nenhum direito seja retirado.
Fonte: Imprensa SINSSP
Em entrevista, Presidente do INSS se omite da culpa da má gestão do Instituto e joga a responsabilidade para cima dos servidores
O SINSSP vem a público, através dessa nota, expressar o seu repúdio a respeito da declaração que o Presidente do INSS, Leonardo Rolim, deu a jornalista Adriana Fernandes, do Jornal O Estado de S.Paulo, na última quarta-feira (20), afirmando que o "Servidor tem de produzir mais e melhor".
É inadmissível que a Direção Central do órgão tenha essa posição e exponha publicamente uma informação desse teor sem levar em consideração todo o volume entregue pelo servidor no ano passado que em trabalho remoto aproveitou a qualidade da velocidade da internet do home office e “arregaçou as mangas” para entregar o trabalho com qualidade e em grande volume mesmo sem a infraestrutura adequada que deveria ser fornecida pelo INSS.
Dessa forma, a afirmação dada por Rolim não foi equivocada, mas perversa, com o objetivo de atingir a imagem do servidor público já fragilizada perante a população e a mídia com julgamentos cobertos por inverdades.
É importante ressaltar que o INSS faz parte do plano de governo que visa o desmonte da máquina pública e a transformação do país em Estado mínimo. Sem a realização de concurso público e o desinteresse em contratar as pessoas que passaram no último concurso realizado, a mão de obra da Autarquia sofreu desfalque com a saída dos servidores que se aposentaram nos últimos dois anos.
Cerca de 30% do quadro de funcionários do órgão se aposentaram de 2015 para cá. E em apenas um ano o Instituto perdeu cerca 2,6 mil servidores efetivos. A situação ainda vai piorar, pois ainda há um grande número de funcionários em condições de se aposentar.
Porém, o problema não se resume a falta de pessoas para trabalhar, os servidores também precisam lidar com a falta de investimentos dentro do INSS. Além da ausência de concursos públicos nos últimos seis anos, a qualidade da rede de internet é péssima, os sistemas são ineficazes e vivem foram do ar ou em manutenção, computadores velhos e ultrapassados, a obrigação de cumprir uma meta imposta pelo INSS impossível de ser atingida e a falta de reajuste salarial que se arrasta desde 2016 sem ao menos haver reposição da inflação do período.
Diante dos fatos, o servidor ignora toda a problemática que encontra para trabalhar e desempenha o seu papel de forma brilhante para garantir o direito e muitas vezes o único sustento de milhares de trabalhadores brasileiros que dependem da previdência pública para sobreviver.
Vale ressaltar que apesar de todas as dificuldades encontradas pelos servidores do INSS, mesmo assim ele conseguiu aumentar a produção e reduzir o número de benefícios represados na fila virtual do Instituto no ano passado através do trabalho remoto, adaptado frente a pandemia da Covid-19.
Dessa forma, a fala do presidente do INSS não é justificável e só demonstra o descaso que ele apresenta para com os servidores da Casa e com a Instituição.
Isso é lamentável e desperta um sentimento de revolta diante de tal injustiça cometida contra o servidor público do INSS que luta contra o desmonte do serviço público, honrando a função que desempenha.
Através desse relato, desse desabafo, o SINSSP repudia toda e qualquer forma de ataque contra o servidor do INSS como também aos demais servidores de outras áreas, e exige respeito e o verdadeiro reconhecimento que eles merecem.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Na calada da noite portaria é assinada para mudar servidores de função
Por Imprensa SINSSP
Na calada da noite o Superintendente Regional Sudeste 1, Sr. José Carlos de Oliveira, assinou a Portaria Nº 17, de 20 de janeiro de 2021, por meio de Decreto Nº 9.746, de 08 de abril de 2019, com o intuito de atualizar o exercício dos servidores nas Centrais de Análise de Benefícios, no Programa de Gestão em Regime de Execução Parcial e das Centrais de Análise de Alta Performance da SR-1, ou seja, ele vai transferir servidores que trabalham nas CEABs, PGRP e CEAPs sem treinamento prévio e com início imediato.
O SINSSP considera a medida arbitraria e acredita que esse não é o momento para fazer uma mudança tão radical, tendo em vista o enfrentamento da Pandemia por qual o Brasil atravessa, os servidores podem estar infectados, com algum ente querido doente, sofrendo com a perda de algum familiar ou amigo para a Covid-19 ou até mesmo desenvolvendo algum transtorno psicológico por conta da pressão e medo do cenário em que está vivendo e, para contribuir negativamente com o quadro, cai essa bomba no colo do servidor.
Mudar um servidor de função requer comunicação prévia para que ele processe a mudança que muitas vezes pode ser radical comparado ao que está acostumado a fazer e treinamento para garantir desempenho na função atual para não afetar o cumprimento da meta que exige esforço, dedicação e conhecimento do funcionário para ser alcançada.
Os servidores que se sentirem prejudicados com a Portaria poderão procurar o sindicato e denunciar a situação. O SINSSP vai organizar uma reunião aberta na próxima semana para discutir junto a categoria medidas que poderão ser tomadas para proteger o trabalhador de mais um ataque.
O comunicado da Portaria foi enviado para o e-mail do servidor.
Fonte: Imprensa SINSSP
Vacinação e testagens periódicas para servidores foram pontos de pautas discutidas em audiência com o superintendente do INSS
O SINSSP se reuniu com o superintendente e gerentes executivos para apurar a situação dos equipamentos de EPI’s, sanitização das agências e pedir vacinação para os servidores e testagens periódicas.
Por Imprensa SINSSP
Após vários envios de ofícios à Superintendência do INSS do estado de São Paulo questionando sobre a real situação da Casa frente a Pandemia da Covid-19, o SINSSP recebeu resposta no final do ano passado e os números acenderam o botão de alerta do sindicato.
O número de servidores infectados pela doença subiu para 48 e duas vidas foram perdidas para o novo coronavírus. A situação nas agências de atendimento é preocupante, pois o risco para transmissão do vírus é alto.
O INSS não realiza testagens periódicas e como grande parte do Estado de São Paulo está classificado na fase laranja do “Plano São Paulo” e o número de testagens é baixo, o sindicato solicitou uma audiência com o superintendente da SR-1, Sr. José Carlos de Oliveira, na tentativa de buscar uma solução para o problema enquanto agências de atendimento do INSS permanecerem abertas durante a pandemia. A reunião ocorreu na manhã desta quarta-feira (20).
O superintendente se mostrou aberto à discussão e disposto a ajudar o SINSSP nessa luta pela preservação da vida dos servidores do INSS e da população como um todo. Oliveira se comprometeu a abrir um processo solicitando recursos para a realização de testagens periódicas nos servidores do estado, propondo um convênio com o governo.
Como a tratativa vai demorar por conta da burocracia que deve ser seguida, a entidade sindical sugeriu que seja feito uma parceria com a frente de prefeitos para conseguir a testagem massiva dos servidores. O sindicato se comprometeu a ajudar nessa parceria entrando em contato com os prefeitos das cidades que tem contato.
A diretora Vilma Ramos ressaltou que “é importante destacar que essa parceria não tem nada a ver com ideologia política, mas uma questão de saúde pública!”
O estoque de EPI’s (equipamentos de proteção individual) da superintendência de São Paulo devem durar por aproximadamente três meses. Segundo Oliveira, todas as gerências executivas possuem estoque dos equipamentos e a SR-1 também possui estoque para emergências. A sanitização e limpeza do ar-condicionado das agências de atendimento estão sendo feitas por empresas específicas.
Segundo o que o sindicato apurou na reunião, as medidas cabíveis para um retorno seguro dos servidores ao trabalho presencial estão sendo providenciadas, porém, o SINSSP precisa saber se na prática elas estão funcionando e para isso ele conta com a sua ajuda.
Caso a APS em que trabalha não tenha EPI suficiente ou não tenha os cuidados de limpeza regulados por especialistas sanitaristas denuncie ao sindicato para que ele possa cobrar da superintendência uma solução. Contamos com a sua ajuda e fiscalização.
Vacinação para todos e suporte aos servidores infectados
O SINSSP entende que os servidores do INSS devem estar na lista de prioridades no calendário de vacinação para poder atender um público com a devida segurança, trata-se de um público muito vulnerável, formado por idosos e doentes, somado ao número de funcionários que em grande parte está em idade madura. O assunto será acrescentado na pauta do superintendente na reunião com o presidente do INSS.
O sindicato também defende que é preciso dar uma assistência mais ampla e menos burocrática ao servidor infectado pelo vírus bem como aos familiares em casos de óbito.
Quando falece um funcionário o auxílio funeral, um direito que muitos familiares desconhecem, é pago por meio de ofício em um processo com trâmites bastante demorado. Questionado como dar um suporte maior nestes casos, Oliveira fez um pedido aos gerentes executivos para que um fluxo mais célere seja criado, conforme pontuou o sindicato. A orientação dada por ele foi de entrar em contato com a família, explicar o direito que ela tem e ajudar para que o processo seja mais rápido.
Pandemia X Trabalho Remoto
Servidores que estavam no trabalho remoto tiveram que voltar ao trabalho presencial duas vezes por semana. Essa medida além de colocar o servidor em risco de contágio e transmissão do novo coronavírus, não vai aumentar a produtividade, pelo contrário, o servidor trabalhando de casa garante produção maior por contar com internet de alta velocidade, diferente da fornecida pelo Instituto ao trabalhador.
Para o diretor do sindicato, Idel Profeta, “a pessoa ir à unidade não vai fazê-la trabalhar mais, em casa ela vai cumprir a meta da mesma forma que se estivesse na APS, é preciso dialogar a produtividade versus o interesse do servidor”, relata o diretor.
Oliveira explicou que foi preciso rever essa volta dos servidores devido a um movimento criado por trabalhadores que cumprem uma meta maior que questionaram o tratamento dado ao trabalhador que optou pelo trabalho remoto. Porém, com o atual cenário da pandemia no estado a questão será levada para Brasília para definição de uma nova ação.
Carreira do Seguro Social
A discussão da carreira do seguro social já é ponto de pauta de várias reuniões com o Presidente do INSS, embora Leonardo Rolim sempre diga que o INSS tem carreira típica de Estado, o SINSSP tem o entendimento que aqui no estado de São Paulo a questão primordial é que há um bom tempo não há aumento salarial e na pandemia a produtividade dos servidores aumentou e contrapõe o que ele disse ao Jornal Estadão sobre o servidor ter que produzir mais e melhor.
Se o cenário continuar do jeito que está, a tendência é que a carreira seja destruída. É preciso criar um processo estratégico, inteligente e gradual. Para isso, um dos critérios defendidos pelo sindicato é a aprovação para o requisito de “Técnico do Seguro Social” de exigência do ensino superior para os candidatos dos concursos futuros. Vale ressaltar que a discussão aqui não é salarial, mas de requisito de ensino superior para exercer a função.
Essa discussão já é feita em nível nacional pela CNTSS, com participação de diretores do sindicato pela confederação, porém também é preciso que ela seja feita pela superintendência na tentativa de “vender” a ideia para os representantes que estão a frente do INSS que por sinal nunca serviram ao INSS enquanto servidores. Para a diretora Vilma Ramos, “carreira forte é sinônimo de qualidade, esse é um processo que vai se construindo”, afirma.
Participaram da reunião o superintendente da regional Sul-1, José Carlos Oliveira, servidores que trabalham na estrutura da superintendência e gerentes executivos do estado. Pelo SINSSP estavam o presidente do sindicato, Pedro Totti, a secretária geral, Vilma Ramos, e os diretores Marco Antonio e Idel Profeta. A advogada do sindicato, Dra Simone Ferraz, também estava presente para colher informações para o processo que está em trânsito na justiça contra a reabertura das agências de atendimento durante a pandemia, além da jornalista Marli Prado.
Fonte: Imprensa SINSSP
SINSSP assina manifesto cobrando vacinação imediata para toda a população brasileira
O sindicato assinou o manifesto “Vacinação Já”, organizado pela OAB SP por meio de sua Comissão de Direitos Humanos. Um ato ecumênico para o lançamento do ato ocorrerá nesta quinta (21), às 17 horas. Contamos com a sua participação.
Por Imprensa SINSSP
A pandemia da Covid-19 continua crescente no Brasil e no mundo, embora as vacinas tenham alcançado um resultado satisfatório para combater a doença, aqui no país o entrave político dificulta o processo de vacinação o que levará os estados brasileiros ao caos em breve.
Diante do problema, as entidades de vários setores da sociedade civil e centrais sindicais se mobilizaram para exigir do poder público garantia à vacinação imediata e gratuita para toda a população.
O SINSSP assinou o manifesto “Vacinação Já” organizado pela OAB SP, por meio de sua Comissão de Direitos Humanos e realizará um ato ecumênico para o lançamento do ato, nesta quinta (21), às 17 horas. O movimento conta com a participação de cerca de 400 entidades.
De acordo com a OAB, “a manifestação pública é reflexo de decisões do Governo Federal, como o veto à autorização de gastos especiais, que permitiria a vacinação ampla à população. As entidades pedem a derrubada do veto presidencial, em todas as instâncias, pois sua manutenção coloca em risco a vida dos cidadãos”.
As entidades que subscrevem a nota entendem que “é fundamental a mobilização da sociedade junto aos governos estaduais, como o de São Paulo, e aos prefeitos, para que a vacinação seja efetivada com urgência, sem qualquer empecilho que possa retardar o combate à doença, pois há novos picos diários com hospitais e UTIs em risco de colapso. (…) Assim, as entidades defendem Vacinação, Já! Contra o veto presidencial sobre os gastos com a vacinação!”, enfatiza o manifesto.
Para o presidente do SINSSP, Pedro Totti, “estamos passando pela segunda onda da Covid com um descontrole total da pandemia. Pessoas estão morrendo por falta de oxigênio, neste sentido nós temos que dizer que vidas importam e a sociedade civil está se organizando para cobrar do Governo e das autoridades o calendário de vacinação para que todos os brasileiros possam ser vacinados e imunizados”.
O evento de apresentação do manifesto contará com as participações do presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz, do presidente da OAB SP, Caio Augusto Silva dos Santos, do vice-presidente da OAB SP, Ricardo Toledo, da vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB SP, Ana Amelia Mascarenhas Camargos, entre outros representantes das diversas entidades que subscrevem o documento. A transmissão será realizada pela WebTV da OAB SP no YouTube. Não perca!
Serviço
Manifesto Vacinação Já
Data: 21/01/2021
Horário: 17 horas
Para acompanhar, acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=AMCRQDXqo6k&feature=youtu.be
Fonte: OAB SP e CUT
Mais maldades para o servidor público: governo pretende reduzir salários ainda nesse semestre
Por Imprensa SINSSP
A equipe de Paulo Guedes, Ministro da Economia do Governo Bolsonaro quer que o Congresso aprove reformas para estancar a crise que o Brasil vem enfrentando desde o governo Temer e que agora está chegando no fundo do poço pela atual administração.
A saída da Ford, encerrando toda a produção brasileira, levou a base governista agilizar a análise da PEC Emergencial (186/19) no Senado. A proposta visa reduzir temporariamente 25% da jornada e salário dos servidores públicos em períodos de crise financeira, mais cortes de gastos com o funcionalismo público e até congelamento de concursos.
Para a equipe econômica, a aprovação da PEC Emergencial é a única saída para a reação do mercado financeiro e atinge não apenas os servidores federais, como também os estaduais e municipais caso as despesas excedam 95% das receitas correntes.
O fato é que o Ministério da Economia ainda não foi capaz de apresentar uma solução eficaz para que o Brasil saia do vermelho e volte a ter credibilidade no mercado financeiro como antigamente, em outros governos.
As maldades que o atual governo insiste em adotar para sanar a “falsa” sensação de que nada mais pode ser feito é empurrar a PEC Emergencial como a salvadora da pátria. Essa é a velha tática usada para aprovar as reformas trabalhistas e da previdência com o discurso de que atenderia as necessidades dos empresários e garantiria o emprego do trabalhador.
Porém, o que todos puderam comprovar é que a aprovação das reformas deu um resultado totalmente contrário e bastante catastrófico para a classe trabalhadora. Tendo em vista a precarização dos direitos trabalhistas, sociais e previdenciários dos trabalhadores e da população como um todo, assim como o desmonte da máquina do estado e do funcionalismo público, afetando diretamente as necessidades básicas da população.
Dessa forma, não adianta justificar que a aprovação da PEC Emergencial 186/19 resolverá o problema do país estancando a ferida que não cura por falta de gerenciamento capaz de resolver verdadeiramente o problema como deve ser resolvido e sem impactar na vida e no bolso da classe trabalhadora que já ganha mal.
A aprovação dessa PEC trará consequências apenas para a fatia da população que já sofre diariamente com a má gestão do Brasil, pois serão as áreas sociais e os servidores públicos que terão redução de investimentos, diminuindo a prestação de serviços e remetendo dinheiro para o sistema financeiro a fim de cobrir despesas com dívidas públicas.
Essa medida, segundo publicação no Blog do Servidor do Correio Braziliense feita por Vladimir Nepomuceno, Diretor da Insight Assessoria Parlamentar e consultor da Frente Parlamentar Mista do Serviço Público, “obviamente não geraria nenhum investimento na produção industrial brasileira, nem impediria a saída de outras grandes empresas do país, como o já anunciado pela Sony, que está fechando a sua fábrica em Manaus” como também a saída da Ford, dada na semana passada.
Segundo a análise de Vladimir Nepomuceno, esse discurso tem o objetivo de pressionar os parlamentares a aprovarem essa e outras propostas, essa inclusive faz parte do “Plano Mais Brasil”, na expectativa de acalmar o mercado financeiro e os grandes empresários, o que comprovadamente não irá ocorrer vista a experiência vivida com a aprovação das reformas e o caos em que o Brasil se tornou.
Juridicamente PEC Emergencial é inconstitucional
Especialistas da área jurídica destacam que a PEC Emergencial 186/19 contém fortes indícios de inconstitucionalidade, legal e constitucional, feriando dessa forma, o direito do servidor quanto a redução dos vencimentos dos funcionários públicos.
Para Tadeu Costa, diretor da pasta de aposentados do SINSSP, “uma das razões lógicas a ser apontada é o fato dos salários e vencimentos estarem congelados durante anos, não sendo reposta nem a inflação ‘oficial’ e isso já é, de forma indireta, uma redução salarial. Ainda mais se considerarmos que os descontos sofrem reajuste”.
A tática do governo é, em pouco tempo, desconstruir todo o “arcabouço juridico de proteção às relações de trabalho no setor público”, afirmam os especialistas.
O Supremo Tribunal Federal (STF) já deu parecer contrário à PEC no ano passado e agora o Governo tenta ressuscitar essa maldade e colocar na conta do servidor com a “desculpa” de salvar os cofres do Estado e garantir investimentos, uma medida que comprovadamente não dará certo.
O serviço público, na esfera federal, está longe do teto da lei de responsabilidade fiscal e não atinge os 50% do orçamento previsto na legislação, por isso foge da legalidade constitucional.
Diante dos fatos apresentados, o SINSSP se posiciona totalmente contra a PEC que está sendo discutida no Congresso Nacional. Para o presidente do sindicato, Pedro Totti, “é preciso pressionar e cobrar dos parlamentares que são a favor da PEC e impedir que mais esse desmonte da máquina pública seja votado”.
A categoria precisa estar atenta e mobilizada porque a PEC emergencial não pertence ao conjunto de medidas da Reforma Administrativa que também será votada esse ano no Congresso. O futuro do funcionalismo público caminha para um processo devastador e os servidores precisam despertar e partir para a luta, ficar de braços cruzados esperando pela ação do “outro” não vai resolver o problema que é do conjunto.
A PEC está em discussão e ainda não foi votada, por isso o SINSSP não pode fazer nada judicialmente para conter essa medida, porém, se aprovada o departamento juridico do sindicato será imediatamente acionado para traçar as medidas cabíveis e garantir o direito do servidor, declara Pedro Totti.
Inflação em 2020 é ainda maior para os mais pobres
Levantamento do Ipea mostra que a inflação das famílias de renda muito baixa teve um aumento de 6,2%, já o segmento de renda alta registrou uma taxa bem mais modesta, de 2,7% - uma diferença de 2,5%.
A pressão dos preços dos alimentos na composição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em dezembro do ano passado, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aumentou ainda mais o peso da inflação sobre as classes desfavorecidas. A variação de 1,58% dos mais pobres ficou 0,53 % acima da classe de renda mais alta (1,05%).
Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com os dados de dezembro do IPCA, a inflação acumulada no ano de 2020 para as famílias com renda mais alta (+ de R$ 16.509,66), foi de apenas 2,7%. Já para as famílias de menor rendimento (- R$ 1.650,50), a alta foi de 6,2% - uma variação de 2,5%.
Embora a média da inflação do ano ter fechado em 4,57%, observa-se que para quem ganha menos o peso da inflação tem sido maior. (veja quadro abaixo). Em 2019, o índice inflacionário entre ricos e pobres foi praticamente o mesmo, 4,18% e 4,42% respectivamente.
Mas, desde o fim do primeiro trimestre de 2020 (janeiro, fevereiro e março), o segmento de renda mais baixa foi a que registrou a maior taxa de inflação.
No acumulado de dezembro, os itens que mais contribuíram para a perda de rendimento da população mais pobre foram as altas dos grupos formados por habitação, alimentos e bebidas. Pesaram os reajustes nos preços do arroz (3,8%), feijão (3,3%), batata (7,3%) e carnes (5,6%). Os aumentos nas tarifas de energia (9,3%) e dos preços do gás de botijão (2,0%), também pesaram na hora de fechar o ano.
Em contrapartida, os reajustes nos preços das passagens aéreas (28,1%), dos transportes por aplicativo (13,2%) e da gasolina (1,5%) fizeram do grupo transporte o maior foco inflacionário para a classe de renda mais alta.
No total do ano de 2020, os gastos com alimentos, energia e gás comprometem 37% dos orçamentos das famílias mais pobres. Os reajustes acumulados de arroz (76%), feijão (45%), carnes (18%), leite (27%) e óleo de soja (104%), além das tarifas de energia (9,2%) e do gás de botijão (9,1%), contribuíram para uma alta inflacionária bem mais intensa que a observada no segmento mais rico, cujo peso destes itens nas despesas mensais é de 15%. Veja quadro abaixo.
Por sua vez, a alta mais moderada em 2020 de serviços livres com grande peso no orçamento das famílias mais abastadas, como mensalidades escolares (1,1%) e serviços médicos e hospitalares (1,8%), e as deflações em itens consumidos majoritariamente pela população com maior poder aquisitivo, como passagens aéreas (-17%), seguro de automóvel (-8%) e gasolina (-0,2%), explicam a menor pressão inflacionária sobre este estrato da população.
Como consequência desta dinâmica de preços ao longo do ano, na comparação com 2019, os dados mostram que para as três faixas de renda mais baixa houve uma aceleração da inflação, ao passo que para as três classes de renda mais alta, o ano de 2020 trouxe um alívio inflacionário.
Fonte: Redação CUT com informações do IPEA
Plano de vacinação “copiado” da Europa ignora desigualdade brasileira, diz médico
Para Gonzalo Vecina, ordem de grupos a serem imunizados deveria ser revista: “Quem mais morre aqui são os pobres”.
A ordem de imunização contra a covid-19 proposta pelo governo Bolsonaro, na opinião do médico sanitarista Gonzalo Vecina, está em descompasso com a realidade do Brasil.
O governo federal determinou que trabalhadores da saúde, idosos a partir de 75 anos e indígenas aldeados integrem o grupo 1 entre as populações prioritárias, ou seja, serão os primeiros a receber a vacina.
Idosos dos 60 aos 74 anos são o grupo 2 e pessoas com comorbidades estão classificadas no grupo 3.
Segundo a gestão Bolsonaro, 49,6 milhões de pessoas deverão ser vacinadas nessas três primeiras etapas.
Para o ex-presidente da Anvisa, entretanto, a prioridade prevista do Plano Nacional de Imunização (PNI) é inadequada e deveria passar por novas modificações.
“A ordem de vacinação é copiada e colada do modelo americano e europeu de vacinação. Só que a sociedade brasileira não é a de um país acima da linha do Equador. Somos uma sociedade muito desigual, a oitava maior desigualdade do mundo. Vacinar com as mesmas regras desses países é de uma idiotice muito grande. Quem mais morre aqui são os pobres”, explica Vecina.
Ele justifica o argumento acrescentando que, ainda que os mais velhos ocupem a maior taxa de mortalidade, conseguem permanecer em isolamento social dentro de suas casas.
“E os adultos jovens que têm que buscar comida, trabalhar, não ficam. São esses que vão ter a doença. Nós tínhamos que revisitar essa lista [de prioridade]. Quem está morrendo mais são os pobres, negros e analfabetos. E estamos fazendo outro plano de vacinação”, critica o sanitarista.
Na opinião de Vecina, além dos profissionais de saúde, quilombolas, indígenas e a população de rua deveriam ser os primeiros a ser vacinados, assim como trabalhadores de outros setores essenciais a partir de uma escala de exposição.
Entre eles os trabalhadores do transporte coletivo, da segurança pública e professores da educação básica. Embora esses profissionais estejam entre os grupos prioritários do PNI, não são contemplados pelas três primeiras fases e ainda não há definição para o início da imunização de uma quarta ou quinta etapa.
De acordo com o governo, o planejamento depende da aprovação e disponibilidade das vacinas.
“Essa é uma questão que teríamos que obrigatoriamente que revisitar. O Ministério da Saúde não tem competência determinar quem deve ser vacinado. Tem que chamar os especialistas, as pessoas que entendem disso, para que essas pessoas tomem a decisão e proponham uma regra para a sociedade, que seja mais consentânea com nossa realidade”.
A previsão do governo federal é que a vacinação dos brasileiros seja concluída em 16 meses, sendo os quatro primeiros apenas para os grupos prioritários e os 12 meses restantes para a população geral.
Confira a segunda parte da entrevista com Gonzalo Vecina.
Brasil de Fato - Qual sua opinião sobre os dados de eficácia dos imunizantes desenvolvidos aqui no Brasil? Quais são os critérios, há alguma vacina mais apropriada?
Gonzalo Vecina - A taxa de eficácia precisa estar acima de 50%. Embora tenhamos vacina como a da gripe, que geralmente tem 3 ou 4 componentes, um deles pode dar uma eficácia abaixo de 50%. Mas nem por isso deixamos de aplicá-la porque ela consegue reduzir mortes.
O grande problema que estamos vivendo é ter vacina. E isso coloca em segundo plano qual vacina. Não temos condição de escolher. Em grande medida pela inação do governo federal, só temos duas vacinas na mão hoje.
E temos que agradecer a existência dessas duas vacinas às escolhas que Fiocruz e Butantan fizeram. Se não fossem Butantan e Fiocruz terem ido atrás, não teríamos nenhuma vacina. Nenhuma fabricante tem condição de aportar ao Brasil as doses necessárias para imunização.
Somos 210 milhões de habitantes e temos uma população a ser coberta pela vacina, acima de 18 anos, para a qual essas vacinas foram testadas, na ordem de 160 milhões de pessoas. Como as vacinas são de duas doses, estamos falando de 320 milhões de doses.
O máximo que essas empresas chegaram a oferecer para o Brasil em curto espaço de tempo é algumas centenas de milhares, não chega a milhão. Quando vimos vários países que saíram vacinando, como o Chile, foi um processo iniciado com 3 mil doses para uma população de 18 milhões de habitantes.
Temos que olhar com muito cuidado esses passos. Não fosse a Fiocruz e o Butantan, não teríamos vacina.
A eficácia da vacina da Fiocruz está em torno de 70%. A do Butantan, que foi anunciada de 78%, é para os grupos que no processo de pesquisa de fase 3 tiveram a doença sintomática e mais grave.
Então se pega a amostra de dez mil pacientes. Metade tomou placebo e metade tomou vacina. E aí se classifica em dez níveis cada uma das pessoas que tiveram a doença: o zero a assintomática, um a doença com poucos sintomas, dois com mais sintomas e no nível três começam sintomas importantes. E até 10, que é a morte.
Não tivemos nenhum caso de morte. E tivemos pouco casos de nível 9, nível 8. A conclusão é que a vacina protege 100% dos casos contra doenças graves. E protege importantemente, a partir do nível 3, as outras condições.
Fazendo o cálculo entre as pessoas que tomaram a vacina e o placebo, é um proteção de 78%. Uma proteção muito boa. Só que eles excluíram o nível 01 e 02, com eficácia pouco superior a 50%.
O dado deve ser divulgado é da eficácia em torno de 53% e 54%. Isso não é ruim. A vacina protege e é essa a nossa expectativa.
[Em coletiva de imprensa nesta terça (12), o Butantan divulgou que a CoronaVac registrou 50,38% de eficácia global nos testes brasileiros, acima dos 50% exigidos pela Anvisa e pela OMS].
O ruim pra essa história toda é a forma de se comunicar com a sociedade, sem transparência. Muitas vezes, nós, profissionais de saúde, achamos que por trabalhar por uma coisa que é complexa, a população não entende.
É provável que uma parte da população não entenda. Mas uma parte entende, entende muito bem e quer saber das coisas. Comunicação clara e cristalina é fundamental.
A vacina contra o coronavírus deverá ser anual como a da gripe? Temos alguma perspectiva nesse sentido?
Infelizmente como começamos a testar essas vacinas a partir de junho e julho do ano passado, só temos 6, 7 meses de observação. Podemos dizer que temos uma experiência como a vacina do ébola, que é de vetor viral com imunidade que dura quatro ou cinco anos, e a do sarampo, de vírus inativado, que com uma dose de reforço, dura a vida inteira.
Poderia dizer que a vacina de vírus inativado do Butantan vai durar a vida inteira porque a do sarampo dura a vida inteira. Por outro lado, a da gripe é de vírus inativado e dura um ano. Então não dá pra afirmar nada.
Vamos ter que continuar fazendo a avaliação de quem teve a doença por um lado e de quem foi vacinado por outro lado e acompanhar a persistência da produção de anticorpos nessas duas populações. Não tem outra saída.
Caso a vacinação seja iniciada de forma fragmentada e não unificada, nacionalmente, pode atrapalhar o combate à pandemia? Uma pessoa vacinada em São Paulo pode viajar e carregar o vírus para outros estados?
Até onde estamos acompanhando, esse risco não existe mais. Vamos ter um processo único de vacinação no Brasil. Não vai ter vacinação em São Paulo e no Brasil. Será um processo único, coordenado pelo Ministério da Saúde e executado pelas secretarias estaduais e municipais de saúde. Isso já está resolvido.
Provavelmente vai começar antes do dia 25. Assim que a Anvisa aprovar o registro emergencial da Astrazeneca e da Coronavac, eles poderão ser utilizados. Espera-se que isso ocorra antes do dia 20.
Ocorrendo antes do dia 20 e tendo a vacina no Brasil, porque ainda falta chegar a da Astrazeneca... provavelmente deverão chegar dois milhões de doses do Serum Institute, que fica na Índia.
Já tem dez milhões de doses da vacina CoronaVac prontas no Butantan. Com essas doze milhões de doses, somando as da Fiocruz, a tripartite que reúne o governo federal, governo estadual e as secretarias municipais de saúde, tomará uma decisão de distribuição pelo Brasil e iniciaremos o processo de vacinação.
O ponto fraco dessa história não é a seringa, porque seringa tem pra esses 12 milhões de doses. Não tem para até o fim do ano, mas é planejar e terá. O grande problema é a comunicação. Como é que vai ser?
Primeiro, quem será vacinado. A ordem de vacinação é copiada e colada do modelo americano e europeu de vacinação. Só que a sociedade brasileira não é a sociedade de um país acima da linha do Equador.
Somos uma sociedade muito desigual. A oitava maior desigualdade do mundo. Vacinar com as mesmas regras dos países que estão ao norte do Equador é de uma idiotice muito grande. Quem mais morre aqui são os pobres.
Os idosos serão a maior parte da mortalidade com certeza [em nível global]. Em Portugal, 97% das mortes ocorreram na faixa maior de 55 anos.
Acontece que os mais velhos ficam em casa. E os adultos jovens que tem que buscar comida, trabalhar, não ficam. São esses que vão ter a doença. Nós tínhamos que revisitar essa lista. Quem está morrendo mais são os pobres, negros e analfabetos. E estamos fazendo outro plano de vacinação.
Deveríamos revisitar e incluir nesse plano, além dos profissionais de saúde, quilombolas, indígenas e população de rua, os primeiros que devem ser vacinados, uma escala entre aqueles que têm que se expor por estarem em setores essenciais.
Trabalhadores do transporte coletivo, da segurança pública e particularmente os professores da educação básica. Para diminuir o prejuízo que estamos tendo. Um ano sem aulas para nossas crianças. Não estou tão preocupado com conhecimento e sim com a socialização.
O grande resultado da ação da escola é a socialização. Então vamos vacinar os professores para que voltem a dar aula e as crianças voltem a frequentar as escolas.
Essa é uma questão que teríamos obrigatoriamente que revisitar. O Ministério da Saúde não tem competência para determinar quem deve ser vacinado. Tem que chamar os especialistas, as pessoas que entendem disso, para que essas pessoas tomem a decisão e proponham uma regra para a sociedade, que seja mais consentânea com nossa realidade.
Até mesmo porque a primeira versão do plano excluía indígenas, por exemplo.
Sim. E continua inadequado, ao que tudo indica, por essas questões que apontam que os grupos mais atingíveis pela doença não estão sendo cobertos.
Ainda que tenha o projeto nacional, o Doria manteve a vacinação em SP pro dia 25. Acredita que esse cronograma será atropelado?
Ele quer sair na foto para ser o dono da vacina em 2022. Só que ele está ignorando o caminho da história. O caminho da história não passa por ele ser candidato a presidente. Isso é uma idiotice e ignorância dele.
O caminho da história passa por distribuirmos o imunizante para toda a população brasileira, que o governo federal tem que nos propiciar.
Independente de quem vai ser vacinado. Vamos supor que a regra do governo fique. Os velhinhos com mais de 80 anos tenham que ser convocados para ser vacinados. Como isso vai acontecer?
Qual seria uma ideia inteligente? Fazer um plano para que as pessoas se registrem por meio de algum sistema eletrônico. Aqueles que não têm acesso ao computador, vão direto na unidade [de saúde].
Mas quem puder fazer o cadastro, 80% da população brasileira tem esse acesso, faz o cadastro e marca o dia e uma hora pra fazer a vacinação.
Já poderíamos ter um software pra fazer isso. Temos o número do Cartão do SUS [Sistema Único de Saúde]. Não estamos discutindo isso por inépcia do governo federal.
No meio dessa inépcia, dessa falta de capacidade de comunicação do governo federal é que o Doria coloca essas pequenas cunhas para demonstrar uma coisa que ele não é, não pode ser e não deve ser. Ele não é o pai da vacina.
A vacina é do povo brasileiro. E ele não conseguirá usar essa vacina como capital político. Não foi ele quem fez isso. Quem fez isso foi o Butantan e ele desviou o Butantan no meio do caminho.
Nós vamos ter que denunciar isso. Ele tem que entender que se ele quiser ser eleito, que seja, mas não será graças à vacina. Terá que fazer outro conjunto de obras para sua eleição.
O senhor comentou sobre a desigualdade no Brasil e a inadequação do plano de imunização. E em meio a essa discussão surgiu a possibilidade da comercialização da vacina indiana Covaxyn por clínicas particulares. Como lê essa possibilidade e como ela pode afetar a população como um todo?
É de uma profunda imoralidade. Nenhuma das pessoas com as quais eu discuti, mesmo do setor privado, conseguiram rebater a questão da imoralidade. É imoral. Não tenho nada contra a iniciativa privada participar do processo de imunização desde que a vacina seja distribuída pelo Estado, desde que a regra de vacinação seja estabelecida por isso.
A hora que quiserem participar, está aberta a participação. Agora, mudar a ordem de entrega da vacina porque o sujeito tem dinheiro para pagar a vacina é de uma imoralidade sem tamanho.
Essa imoralidade é uma imoralidade para qual o brasileiro tem que acordar. Essa imoralidade estamos enxergando agora porque estamos morrendo com essa doença. Mas é o mesmo que temos na fila da cirurgia cardíaca, ortopédica, na fila do início para o tratamento de câncer.
Quem tem dinheiro trata antes. Isso é imoral. Temos que estruturar filas únicas. Quem tem dinheiro não pode chegar antes de quem não tem dinheiro. É possível e obrigatório que nós consigamos estruturar um sistema de saúde público e privado com as mesmas regras.
Como fazemos com os transplantes, onde há uma fila única. Quem tem dinheiro não se beneficia do fato de ter dinheiro. Temos que acordar para a invisibilidade dessas filas. A de acesso à vacina não pode ter critérios diferentes.
Caso não alcancemos a igualdade de imunização, corremos o risco do coronavírus se tornar uma doença que atinge apenas as classes mais baixas?
Essa idiotice precisamos conseguir comunicar à sociedade: se o vírus continuar a circular, não sabemos porque, mas sabemos como ele continuará mutando. Cada vez que o vírus entra em uma célula nossa e ordena ao maquinário genético nosso para reproduzi-lo, reproduzimos alguns erros, ao acaso.
Isso cria novas variantes do vírus. Essas novas variantes podem ter como consequência, como o caso da variante inglesa, uma taxa de transmissibilidade mais alta. Mas o vírus continua sendo suscetível às vacinas que existem hoje, elas continuam fazendo efeito.
Mas caso continue mutando poderá, ocasionalmente, se transformar em um vírus resistente às vacinas que temos à disposição hoje. Se os ricos se vacinarem e os pobres continuarem a ter a doença, daqui a algum tempo teremos um vírus mais resistente.
Ou nós conseguimos cobrir toda a população, não só no Brasil, mas no mundo, ou esse vírus irá continuar circulando e irá nos devolver um vírus resistente às vacinas. Ai a importância da comunidade de rebanho.
Temos que conseguir vacinar de 70% a 80% da população mundial ou o vírus continuará circulando com as consequências previsíveis de uma mutação.
O senhor acredita que até o fim do ano conseguimos vacinar mais da metade da população brasileira?
Acredito que até outubro e novembro vacinaremos o alvo da vacinação. Os 160 milhões de brasileiros com mais de 18 anos. Paralelamente a isso estaremos produzindo os estudos sobre a eficácia e segurança dessas vacinas nos grupos populacionais com menos de 18 anos e deveremos aí começar a pensar como usar o imunizante nessa população de menor de idade.
É uma perspectiva adequada. Boa seria se conseguíssemos fazer o que faremos com a campanha da gripe. Março, abril e maio teremos a campanha da gripe que será junto à da covid-19. São 80 milhões de doses da vacina que já estão produzidas e deverão ser distribuídas na nossa rede para vacinar idosos, profissionais de saúde e crianças. E evitar a morte muita gente.
Conseguimos fazer nesses três meses que antecedem o inverno, período onde há maior transmissibilidade do vírus da gripe. Esse é um sucesso. Aplicar 80 milhões de doses em três meses, como fazemos nos anos anteriores.
Vacinar contra a covid até setembro ou outubro é bom mas não é um sucesso. Seria caso fizéssemos como com a [vacina] da gripe.
Há menos de um ano recebemos a notícia da primeira confirmação de contaminação pelo novo coronavírus no Brasil. O senhor imaginava que neste momento, estaríamos com essa marca de 200 mil mortes? Isso era imaginado?
Tivemos um número de mortes muito superior ao que eu tinha como expectativa do número de mortes. Quando essa crise começou, não esperava que chegássemos a mais de cem mil mortes.
Não esperava porque no início conseguimos achatar a curva pandêmica graças ao isolamento social. E de repente perdemos a mão graças à inação dos governantes em nível federal, nos estados e municípios. E aí, de repente, o número de mortes continua subindo, inclusive agora.
A Gripe Espanhola, que foi um desastre muito superior a esse, matou cerca de 35 mil brasileiros quando o Brasil tinha 29 milhões de brasileiros.
Hoje, mantidas as mesmas condições, teríamos 255 mil mortes se a gripe espanhola acontecesse. Estamos com mais de 200 mil mortes e com certeza vamos ultrapassar o número de mortes da gripe espanhola.
É verdade que a gripe espanhola aconteceu em um período mais curto e acabou não se sabe como. Talvez atingindo a imunidade de rebanho ou talvez por conta de uma mutação ao contrário. As mutações que os vírus sofrem podem tornar inúteis as vacinas e também podem torná-lo incapaz de infectar.
Eu não esperava que estivéssemos vivendo a emergência sanitária do tamanho que vivemos. Infelizmente, pela inépcia dos nossos governantes. Mas os cientistas conseguiram produzir as vacinas.
Temos as vacinas. Vamos ver se termos a competência de aplicá-las da melhor maneira possível. Em termos de perspectiva, é um jogo aberto. Espero que essa pandemia deixe dois legados fundamentais: o primeiro é a importância do SUS como nós temos. E o segundo que o Brasil e o mundo acorde para a importância de enfrentar a desigualdade social.
A desigualdade social é a principal enfermidade da qual a humanidade sofre. Até o final do século 19, a principal enfermidade era a escravidão. Ter a posse de pessoas era normal. Pois bem. Está na hora de acordarmos e vermos que a desigualdade não é normal.
E que as sociedades podem acabar com ela se resolverem ter políticas assertivas contra a desigualdade.
Fonte: Lu Sudré/Brasil de Fato