CGU investiga Dataprev pelo repasse de banco de dados do INSS para o Serpro

Com dois anos de atraso, a Controladoria-Geral da União (CGU) decidiu investigar o compartilhamento do banco de dados do INSS para o Serpro feito pela Dataprev. A movimentação das informações ocorreu em 2020 sem nenhum contrato ou acordo entre as empresas estatais. Simplesmente os dados foram repassados por ordem da então presidente da Dataprev, Christiane Edington, mesmo sem amparo legal ou aconselhamento jurídico dentro da empresa. Não houve sequer uma auditoria interna depois para averiguar a conduta da direção, apesar deste blog ter denunciado na época a irregularidade.

Os dados repassados, os cadastros de brasileiros inscritos no INSS, serviram para a Secretaria de Governo Digital “engordar” a relação de inscritos na plataforma “cidadão,br” e também servir de propaganda para o governo Bolsonaro alardear o avanço da plataforma Gov.br na Transformação Digital.

Em Ofício nº 355/2023/CGLOG/DAE/SFC/CGU; encaminhado ao Auditor Interno da Dataprev, Fábio Silva Vasconcelos, assinada digitalmente pelo Coordenador-Geral de Auditoria de Estatais dos Setores de Logística e Serviços, Substituto, Leandro Barbosa Martins, a Controladoria-Geral da União solicitou informações sobre o repasse dos dados. Não se sabe se a Dataprev já respondeu aos questionamentos.

A CGU primeiro quer ter acesso à documentação relacionada ao compartilhamento das bases de dados do INSS ao Serpro “no que concerne à base de dados da plataforma “Cidadao.br”. Além disso, a Controladoria quer ter acesso a toda a documentação interna que contribuiu para a formação do acordo:

a – Atas das reuniões da diretoria executiva dos anos de 2020 à 2022 que tenham como pauta o tratamento e/ou compartilhamento da base de dados do titular INSS (Cidadao.br) com a SERPRO, ou outro órgão, a fim de servirem de insumo para o projeto “Gov.br”;

b – Normativos internos que disciplinam o compartilhamento pela Dataprev dos dados de terceiros que são tratados pela entidade. Também, informar se a Auditoria Interna da estatal ou outro órgão de controle realizou algum trabalho de auditoria específico em relação às supracitadas transações e, em caso positivo, no caso da estatal, disponibilizar o(s) resultado(s) da(s) análises.

Segundo fonte ligada ao Jurídico da Dataprev, na época o departamento foi procurado pelo então Superintendente da Unidade de Negócios, Alexandre Pires Pelliccione, para falar do compartilhamento. Recebeu como orientação, que a Dataprev formalizasse o acordo com o Serpro e que tivesse uma contrapartida financeira e vantajosa para a empresa.

“Depois disso, não provocaram mais o jurídico interno e trataram diretamente com a Diretoria“, informou a fonte da estatal, explicando que depois disso só tomaram conhecimento de que houve o repasse dos dados.

“Chegamos a alertar a Cristiane (ex-presidente da Dataprev – Christiane Edington) e a Isabel (Isabel Machado dos Santos – Diretora Jurídica, Riscos, Gestão e Governança) sobre a irregularidade, mas elas disseram que estavam tratando com o Ministério. A partir daí não tive mais informação direta delas”, explicou a fonte.

Disse ainda que, a partir daquele contato inicial com Pelliccione, não viu nenhum convênio formal sobre o tema. “Não sei se produziram algo extemporâneo, mas não teve um convênio de repasse de dados chancelado pelo jurídico interno da época“, afirmou.

Receitas estimadas

Quanto valeria para a Dataprev o compartilhamento de dados do INSS com o Serpro, se houvesse um acordo operacional nesse sentido? Ninguém sabe explicar, já que não houve nenhum estudo técnico ou comercial que se tenha notícia. Segundo a mesma fonte, ninguém tomou a iniciativa de apresentar para o Jurídico da estatal uma minuta de contrato para avaliação, no qual o preço estaria estabelecido.

Mas dá para se ter uma ideia de quanto um contrato desse porte, que possa envolver o compartilhamento de dados e a manutenção atualizada do mesmo, poderia render para os cofres da Dataprev. Seria algo em torno do valor que o Serpro vem cobrando da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital pela “manutenção evolutiva e corretiva da Plataforma de Autenticação Digital do Cidadão“, segundo avaliam técnicos da Dataprev. Um contrato recente foi publicado pelo Serpro com o Ministério da Economia, no qual ele receberá R$ 156,6 milhões pelo serviço:

SECRETARIA EXECUTIVA

SECRETARIA DE GESTÃO CORPORATIVA

DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO E LOGÍSTICA

COORDENAÇÃO-GERAL DE LICITAÇÕES E CONTRATOS

EXTRATO DE DISPENSA DE LICITAÇÃO Nº 17/2022 – UASG 170607

Nº Processo: 19974101478202118 . Objeto: Manutenção evolutiva e corretiva da

Plataforma de Autenticação Digital do Cidadão. A plataforma consiste em um serviço de

autenticação do cidadão para acesso aos serviços públicos digitais. Total de Itens Licitados:

Fundamento Legal: Art. 24º, Inciso VIII da Lei nº 8.666 de 21º/06/1993..

Justificativa: Viabilizar a integração de canais digitais prevista no Decreto 9.756/2019

(Plataforma gov.br). Declaração de Dispensa em 15/12/2022. FERNANDO ANDRE COELHO

MITKIEWICZ. Secretário de Governo Digital. Ratificação em 15/12/2022. LEONARDO JOSE

MATTOS SULTANI. Secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital.

Valor Global: R$ 156.625.857,88. CNPJ CONTRATADA : 33.683.111/0001-07 SERVICO

FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS (SERPRO).

 


SPPREV: atenção para o recadastramento de 2023 dos servidores estaduais

A SPPREV divulgou uma portaria, no final do ano passado, regulamentando o recadastramento dos beneficiários inativos e pensionistas civis e militares em 2023.

A prova de vida deve ser feita no mês do aniversário do beneficiário e em qualquer agência do Banco do Brasil ou em uma das unidades da SPPREV de forma presencial mediante apresentação de um documento de identificação original e oficial com foto. São válidos os seguintes documentos: RG, Carteira Nacional de Habilitação, RNE, Carteira de Trabalho, Passaporte, Carteira de Reservista ou CDI, Carteira de Identificação Funcional ou Carteira de Identificação de Entidade de Classe.

Os pensionistas universitários deverão efetuar o recadastramento semestralmente, nos meses de janeiro e de julho, respectivamente. Já os curatelados, tutelados e menores sob guarda deverão ser recadastrados pelos respectivos curadores, tutores ou guardiões.

Os inativos da Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça Militar, Tribunal de Contas, universidades e Ministério Público deverão se recadastrar no Departamento de Recursos Humanos de seu órgão de origem.

Para os casos de endereço, telefone para contato e e-mail desatualizados nos cadastros da SPPREV que inviabilizem a comunicação entre a Autarquia e o beneficiário, poderá ocorrer a suspensão do pagamento do benefício até que os dados sejam regularizados.

Haverá a possibilidade de um servidor da São Paulo Previdência, ou de outro funcionário designado por ela, visitar o domicílio para efetuar o recadastramento, isto será válido para os beneficiários residentes no estado de São Paulo que estejam impossibilitados de se locomover por motivos de saúde.  Para isto, o pedido deverá ser feito, no mínimo, um mês antes do aniversário do beneficiário através dos canais de atendimento da Autarquia, caso contrário o benefício poderá ser suspenso.

Clique aqui e confira a íntegra da portaria:

Fonte: São Paulo Previdência/SPPREV

 


Salário mínimo se aproxima do teto da isenção do Imposto de Renda

O ano de 2023 será o primeiro em que pessoas que recebem 1,5 salário mínimo mensal terão que pagar Imposto de Renda. Isso é resultado da combinação entre a tabela do IR, sem atualização desde 2015, e do valor atual para o salário mínimo aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro, de R$ 1.320. A situação preocupa senadores, que cobram a ampliação da faixa de isenção para que cidadãos de menor renda sejam desonerados.

A última correção da tabela do IR aconteceu há oito anos (Lei 13.149, de 2015) e levou a faixa de isenção — ou seja, o rendimento mensal máximo para que uma pessoa não precise pagar Imposto de Renda — para R$ 1.903,98. Na época, isso correspondia a quase 2,5 vezes o salário mínimo, que foi fixado em R$ 788 para o ano de 2015.

A proposta original do governo federal previa salário mínimo de R$ 1.302, valor que também faria passar da faixa de isenção quem recebe um salário e meio.

O Senado tem vários projetos em andamento que visam promover uma atualização na tabela do IR, por meio de medidas como ampliação da faixa de isenção ou estabelecimento de um gatilho inflacionário. Em 2015, o instrumento foi uma medida provisória.

Com a defasagem da tabela, outro fator que contribui para incluir cada vez mais pessoas na incidência do Imposto de Renda é a inflação. Desde 2015, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula uma alta de mais de 59%. A Receita Federal recebeu mais de 36 milhões de declarações de pessoas físicas em 2022, um recorde.

Desvalorização

A escalada inflacionária também preocupa pelo seu efeito de corrosão sobre o salário mínimo, que desde 2019 não possui uma regra de valorização real e vem sendo corrigido apenas pela inflação. A última política de valorização do mínimo (Lei 13.152, de 2015) expirou em 2019 e não foi substituída. Desde então, o valor é estabelecido anualmente por meio de medidas provisórias.

A política de valorização do salário mínimo previa um reajuste calculado com base no crescimento do produto interno bruto (PIB). Além disso, a reposição inflacionária era medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que verifica a variação do custo de vida médio das famílias entre um e cinco salários mínimos.

O restabelecimento da política de valorização do mínimo também é tema recorrente no Parlamento. O projeto mais recente é do senador Paulo Paim (PT-RS), que retoma a fórmula anterior. Por ela, o salário mínimo para 2023 seria de R$ 1.378. O texto (PL 1.231/2022) também aplica a mesma regra de reajuste para os benefícios da Previdência Social.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva incluiu em seu discurso de posse, feito ao Congresso, a valorização real do salário mínimo como objetivo do governo. Em dezembro, o Congresso aprovou e promulgou a emenda constitucional que garantiu recursos para essa medida já em 2023 (EC 126).

 


Nova gestão na EBC: decreto altera diretoria da empresa de comunicação

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, destituiu nesta sexta-feira (13), a diretoria da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A nova presidente será a representante dos empregados no Conselho de Administração da empresa (Consad), Kariane Costa, que conduzirá o processo de transição para nova gestão, a ser implementada nos próximos meses.

A destituição do presidente, do diretor-geral e dos diretores de Jornalismo, de Administração e de Operações está em decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União. O diretor de Conteúdo e Programação, Denilson Morales da Silva, que é empregado de carreira da EBC, continua no cargo.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, indicou também para processo de transição na EBC outras quatro mulheres, que assumirão cargos de assessoria ou gerências: Rita Freire, presidente do Conselho Curador da EBC cassado após o golpe de 2016; Juliana Cézar Nunes, empregada concursada da empresa; e as jornalistas Nicole Briones e Flávia Filipini.

“A composição do processo de transição, reunindo empregados concursados da empresa, mas também representantes da sociedade e profissionais da área, mostra nosso compromisso com a comunicação pública e com a integridade e o fortalecimento da EBC”, disse o ministro Paulo Pimenta.

 


STF lança campanha Democracia Inabalada em resposta aos ataques de 8 de janeiro

O Supremo Tribunal Federal (STF) lança nesta terça-feira (17) a campanha Democracia Inabalada (#DemocraciaInabalada), em resposta aos atos de vandalismo praticados em 8 de janeiro no edifício-sede da Corte.

Até o dia 1º de fevereiro, serão exibidos vídeos na TV Justiça, em outras emissoras e sites, e realizadas postagens nas redes sociais do Tribunal, com o objetivo de chamar a atenção para o lamentável episódio, para que ele nunca seja esquecido e nem se repita, e destacar que a democracia e a Suprema Corte saem fortalecidas desses acontecimentos.

Os vídeos e demais materiais de divulgação, como cards para redes sociais, estarão disponíveis para compartilhamento por entidades, outros tribunais, órgãos públicos e quaisquer interessados em aderir à campanha.

O conteúdo foi produzido pela TV Justiça com o apoio da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap). Já para a difusão do conteúdo, o STF terá o apoio da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).

"O Supremo Tribunal Federal reconstituirá seu edifício-sede, patrimônio histórico dos brasileiros e da humanidade, e símbolo do Poder Judiciário, um dos três pilares da democracia constitucional brasileira. Os trabalhos envolvem remover estilhaços, reerguer mesas e cadeiras, reedificar o espaços e restaurar móveis e antiguidades. Contudo, a resposta aos atos criminosos passa também por difundir a mensagem de que esta Suprema Corte, assim como a defesa que a instituição faz da democracia e do estado de direito, seguem inabaláveis", afirmou a presidente do Supremo, ministra Rosa Weber.

Devastação x fortalecimento

Na tarde do último dia 8 de janeiro, o Plenário foi completamente destruído, vidraças foram quebradas, estátuas derrubadas, poltronas arrancadas, móveis despedaçados e obras de arte vandalizadas. Janelas foram pichadas e salas de áreas administrativas, que funcionavam nos demais andares do edifício-sede, tiveram suas instalações destruídas.

Apesar do ataque, o STF segue firme na defesa da democracia e da Constituição Federal. Por ordem da presidente do STF, ministra Rosa Weber, foi instituído um gabinete extraordinário para executar a reconstituição do Plenário, e as obras já tiveram início. O Plenário estará pronto para a sessão de abertura do Ano Judiciário de 2023, em 1° de fevereiro.

A campanha #DemocraciaInabalada integra as ações do Tribunal que buscam ressaltar a solidez das instituições brasileiras e o fortalecimento do STF diante dos atos criminosos de que foi vítima.

Fonte: STF

 


Beneficiários do INSS que ganham acima de 1 mínimo terão reajuste de 5,93% em 2023

Aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começarão a receber já em janeiro, a partir do dia 25, seus benefícios com 5,93% de aumento – reajuste baseado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 2022.

O reajuste vale para as aposentadorias cujo valor é maior que o piso de um salário mínimo e que já estavam sendo pagas em janeiro de 2022.

Para quem ganha o salário mínimo, o novo valor é R$ 1.302,00. No entanto, ainda poderá ser reajustado para R$ 1.320, por meio de Medida Provisória (MP) para considerar o piso proposto pelo governo Lula (PT), ainda na fase transição e aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro do ano passado.

Para quem recebe um mínimo, os depósitos referentes a janeiro serão feitos entre os dias 25 de janeiro e 7 de fevereiro. Segurados que recebem acima de um salário mínimo terão seus pagamentos creditados a partir de 1º de fevereiro.

Confira os novos valores:

Para o beneficiário que recebe valores acima de um mínimo saber qual será o valor reajustado, basta aplicar o índice de 5.93%. Veja os exemplos:

Se o benefício era de R$ 1.300,00 em 2022, o benefício em 2023 será de R$ 1.377,00.

Se o benefício é de R$ 1.700, o valor reajustado será de R$ 1.800,81

Se o benefício era de R$ 2.500, o valor reajustado será de R$ 2.648,25 em 2023 e assim, por diante.

O teto do INSS, valor máximo pago no Regime Geral de Previdência Social (RGPS) que em 2022 era de R$ 7.087,22 passa a ser R$ 7.507,49

Reajustes para beneficiários recentes

Os segurados que começaram a receber os benefícios ao longo do ano passado terão reajuste menor, já que não receberam 12 meses de pagamentos. Este percentual, para quem começou a receber a partir de fevereiro do ano passado, fica menor de acordo com o início do benefício. Veja a tabela.

Fevereiro: reajuste de 5,23%

Março: reajuste de 4,19%

Abril: reajuste de 2,43%

Maio: reajuste de 1,38%

Junho: reajuste de 0,93%

Julho: reajuste de 0,30%

Agosto: reajuste de 0,91%

Setembro: reajuste de 1,22%

Outubro: reajuste de 1,55%

Novembro: reajuste de 1,07%

Dezembro: reajuste de 0,69%

Contribuições ao INSS

Com o reajuste do teto dos benefícios, mudam também as faixas de contribuição dos empregados com carteira assinada e trabalhadoras domésticas. A tabela de contribuição passa a ser:

7,5%: para quem ganha até um salário mínimo (R$ 1.302)

9%: para quem ganha entre R$ 1.302,01 e R$ 2.571,29

12%: para quem ganha entre R$ 2.571,30 e R$ 3.856,94

14%: para quem ganha entre R$ 3.856,95 e R$ 7.507,49

 


Samba é música de alegria, protesto e resistência

No mês em que se comemora o Dia Nacional do Samba, celebrado no dia 2 de dezembro, a cantora e compositora, Leci Brandão, umas das mais importantes intérpretes de samba da música popular brasileira, fala sobre o ritmo consagrado como ícone de brasilidade.

“Uma vez eu ouvi uma definição do meu amigo Martinho da Vila sobre o samba que nunca esqueci. Ele costuma dizer que o samba é a música da alegria. Concordo, mas eu também vejo o samba como a música do protesto, da crítica social e da resistência".

Leci iniciou sua carreira na década de 1970, e foi a primeira mulher a participar da ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro. Em sua trajetória, gravou 25 álbuns e dois DVDs.

“Quando a gente vê uma roda de samba ou um desfile de escola no sambódromo, estamos vendo a história de negros e negras resistindo, apesar de tudo o que fazem com nosso povo no dia a dia, apesar de terem tentado, desde sempre, nos invisibilizar e acabar com a nossa existência”, afirma.

Para Leci, as escolas de samba com enredos sobre a cultura e a religião do povo negro expressam resistência mesmo depois de séculos de escravização e de racismo. “Samba é a nossa essência, resistência e ancestralidade”, salienta.

Reconhecimento

Presidente da CUT-SP, Douglas Izzo faz menção ao trecho do samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira: “Livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela”. Para ele, essa passagem esboça com sabedoria a história do país.

Esse fragmento ilustra, de acordo com Izzo, o que significou a chamada ‘abolição da escravatura’, em 13 de maio de 1888. Passados 134 anos da promulgação da Lei Áurea pela Princesa Isabel, a desigualdade social segue evidente na comparação entre brancos e negros.

“O samba tem relação com a própria história do povo negro, fala sobre racismo, violência, fome, miséria e luta”, afirma o dirigente, que tem como uma das marcas de sua gestão o projeto “Samba da Resistência”, que promove apresentações musicais e diálogo a partir do recorte racial e da luta de classes.

Para o secretário de Cultura da CUT-SP, Carlos Fábio, mais conhecido como Índio, o ritmo demarca a história dos terreiros, uma forma de dançar, de se vestir. “Herança africana que é sinônimo de alegria, de respeito e de acolhimento. O samba tem magia”, descreve.

Segundo o cantor e compositor André Ricardo, o samba é influenciado por ritmos africanos e também encontra novas influências já do novo mundo no Brasil.

“O maxixe é uma dança que tem influência do tango e do jongo, que até hoje resiste no Vale do Paraíba e no Rio de Janeiro. Podemos dizer que o jongo é avô do samba e dá origem a uma linhagem de samba chamada ‘partido alto’. A partir daí, do encontro do choro e de todos esses ritmos, forma-se o samba”, ensina.

Para André Ricardo, que milita no samba desde 1992 como músico e vem sendo intérprete de escolas de samba há 20 anos, o ritmo é hoje a maior expressão da periferia, do subúrbio, do gueto, dos lugares onde os negros foram habitar, se tornando reconhecido internacionalmente por conta do carnaval.

“O samba é vida, traz alegria, transmite tristezas e faz parte do relicário tão bonito que é a música popular brasileira. O samba salva vidas”, finaliza.

Fonte: CUT

 


Exposição sobre Nise da Silveira mostra ‘revolução pelo afeto’ no tratamento psiquiátrico

Começou no dia 09/12 e vai até 26 de março a mostra Nise da Silveira: a revolução pelo afeto, no Sesc Belenzinho, zona leste de São Paulo. A exposição que já passou pelo Rio de Janeiro, por Belo Horizonte e Muriaé (MG), “celebra e discute o legado da psiquiatra alagoana responsável por uma profunda transformação no campo da saúde mental”. A entrada é gratuita (veja mais informações abaixo).

“A Nise criou um método clínico centrado no afeto. Ela é herdeira de Juliano Moreira, de Baruch Espinoza, de Sigmund Freud, de Carl Gustav Jung. E Jung foi aluno de Freud e professor da Nise, na Suíça. Homens revolucionários, que abandonaram a ideia do corpo máquina e trabalharam com a abordagem centrada na subjetividade, na emoção, na identidade, na simbologia, nas narrativas que restauram as memórias. A nossa dificuldade hoje é não deixar o afeto se apagar em um momento em que tudo virou máquina”, afirma o consultor e psiquiatra Vitor Pordeus. Ele trabalhou de 2009 a 2016 Instituto Municipal Nise da Silveira e é um dos fundadores do chamado Hotel da Loucura, projeto baseado nas experiências da pioneira, que morreu em 1999, aos 94 anos.

Tratamento humanizado

Assim, a exposição, segundo os organizadores, é fundada em três eixos: Contexto, dor e afeto, Ser mulher, ser revolucionária e Engenho de Dentro: inconsciente e território. Traz a discussão sobre loucura e “normalidade” e mostra a resistência, simbolizada por Nise, contra métodos violentos e tratamento degradante em hospitais psiquiátricos. Ela desenvolveu tratamentos por meio da expressão artísticas dos pacientes. Nome de um bairro na zona norte do Rio de Janeiro, Engenho de Dentro era um hospital psiquiátrico que hoje leva o nome de Nise da Silveira.

“Atenta às discussões e pesquisas não só da psiquiatria, mas dos estudos científicos ligados à subjetividade, Nise da Silveira contribuiu para reposicionar o debate sobre internação e tratamento da esquizofrenia”, afirmam os responsáveis pela mostra “Para isso, incluiu as práticas com materiais expressivos na rotina dos internos que estavam sob sua responsabilidade, observando tanto o modo como manejavam ferramentas artísticas e realizavam suas obras quanto as imagens que surgiam desse trabalho criativo.” A exposição traz obras que compõem o acervo do Museu de Imagens do Inconsciente, criado por ela em 1952.

Além disso, Nise da Silveira foi incluída neste ano no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. O atual presidente da República chegou a vetar a lei, mas o veto foi derrubado pelo Congresso.

Serviço

Nise da Silveira: a revolução pelo afeto

Local: Sesc Belenzinho (rua Padre Adelino, 1.000)

De 9 de dezembro de 2022 a 26 de março de 2023

Funcionamento:  Terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e Feriados, das 10h às 18h

Acessibilidade: Rampas, elevadores, pisos tátil, banheiros adaptados e outros equipamentos acessíveis.

Estacionamento: de terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h (Credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2 por hora adicional. Não credenciados: R$ 12 e R$ 3)

Fonte: RBA

 


Uso de dispositivos para tratamento de apneia do sono precisa de avaliação médica e odontológica

O Momento Odontologia, produção Rádio USP Ribeirão, responde às dúvidas do ouvinte Henrique Tutini, da cidade de Catanduva, interior do Estado de São Paulo, sobre os prós e os contras do Dispositivo de Avanço Mandibular. Para responder às dúvidas do ouvinte, o convidado é o professor Sérgio Henrique Kiemli Trindade, da disciplina de Otorrinolaringologia do Curso de Medicina da USP em Bauru.

Antes de falar sobre o Dispositivo de Avanço Mandibular, o professor explica o que é a apneia obstrutiva do sono, condição clínica na qual há um fechamento da faringe enquanto a pessoa dorme, ou seja, fechamento da garganta, quer seja por alterações anatômicas ou por conta de uma queda acentuada do tônus da musculatura da faringe durante o sono. Uma das modalidades de tratamento da apneia do sono são esses aparelhos intraorais para o avanço mandibular e também o CPAP, uma máscara que provê um fluxo de ar positivo para abrir a faringe.

O dispositivo é utilizado em pacientes com apneia obstrutiva do sono e consiste em uma placa de acrílico acoplada na maxila e na mandíbula, que projeta anteriormente a mandíbula e com esse avanço é ativada toda a musculatura do assoalho da boca. Assim há o  tracionamento anterior do osso hioide e da base da língua e abre-se um espaço respiratório posterior aumentando as dimensões da faringe e estabilizando a musculatura que dilata a faringe levando o paciente a respirar melhor.

O CPAP, traduzido da sigla em inglês para Pressão Contínua Positiva na Via Aérea Superior, também é usado para quem tem apneia do sono. É um compressor de ar, em forma de máscara, que pega o ar do meio ambiente e o pressuriza, assim provê um fluxo de compressão positiva na faringe do paciente. “Quando o indivíduo está dormindo e a garganta se fecha, por conta da hipotonia da musculatura ou por questões anatômicas, existe um fluxo de ar positivo, ou seja, se borrifa um ar com pressão positiva e a faringe se abre, o que leva o indivíduo a respirar de forma adequada.” Segundo Trindade, é utilizado com frequência nas síndromes de apneia obstrutiva do sono nas suas formas mais graves e acentuadas.

Sobre a diferença entre os dois aparelhos, diz o professor, questões técnicas precisam ser analisadas. O aparelho intraoral é confeccionado por um cirurgião-dentista habilitado em Odontologia do Sono e a avaliação deve ser feita em conjunto entre esse profissional e o médico que atua na área de medicina do sono. “Tem que haver considerações adequadas do ponto de vista odontológico para que o paciente possa ser submetido a um tratamento com o dispositivo intraoral e ele tem a vantagem de ser discreto, fica totalmente dentro da boca.” O intraoral é um dispositivo bastante eficaz quando é feita a avaliação por um médico e pelo cirurgião-dentista e é utilizado em diversos graus de intensidade da apneia, desde o ronco primário, o caso mais leve, até a apneia obstrutiva mais grave, quando o paciente não tolera o uso do CPAP.

Já o CPAP tem como vantagem o fato de muitas empresas e clínicas fornecerem o aparelho ao paciente para um teste prévio. Entretanto, o professor lembra que esse aparelho também exige avaliação do médico com atuação em medicina do sono para se excluir outras patologias antes de prescrevê-lo. O CPAP pode ser utilizado desde os casos mais brandos aos casos mais intensos de apneia obstrutiva do sono. “Tradicionalmente utilizamos o CPAP nas apneias do sono nas suas formas mais graves ou moderadas, mas também pode ser utilizado na forma leve quando outras modalidades de tratamento não são possíveis.”

Fonte:

Momento Odontologia

Produção e Apresentação Rosemeire Talamone

CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

Edição: Rádio USP Ribeirão

 


PELA DEMOCRACIA: Confira locais dos atos pelo Estado de São Paulo

A CUT São Paulo se soma aos atos convocados pelos movimentos populares em repúdio ao golpismo que serão realizados nesta segunda, 9 de janeiro.

As manifestações, por todo o brasil, ocorrem após as ações criminosas praticadas por bolsonaristas nos espaços onde funcionam os 3 Poderes nacionais: Congresso Nacional, STF e Palácio do Planalto.

Em São Paulo, os atos confirmados são:

SÃO PAULO | 18h - Em frente ao Masp

CAMPINAS | 17h - Largo do Rosário

RIBEIRAO PRETO | 16h - Esquina Democrática

SÃO CARLOS | 18h - Praça Coronel Salles

SOROCABA | 18h - Praça da Bandeira

BAURU | 18h - Câmara Municipal

MARÍLIA | 18h - Praça Saturnino de Brito

PRESIDENTE PRUDENTE | 17h - Em frente à TV Fronteira

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS | 18h - Praça Afonso Pena

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO | 18h - Em frente à Câmara Municipal

UBATUBA | 18h - Praça da Paz

ILHA BELA | 17h - Praça Pimenta de Cheiro

PINDAMONHANGABA | 18h - Praça da Cascata - Centro

GUARATINGUETÁ | 16h30 - Praça Conselheiro Rodrigues Alves - Centro