Golpe de Temer reduz salário e obriga servidor a trabalhar em dia de descanso
O governo ilegítimo de Michel Temer (MDB-SP) está dando um novo golpe nos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros. Desta vez, o alvo são os servidores públicos federais que podem ter redução de salários e perder dias de descanso.
Nova norma adotada pelo governo prevê que os servidores públicos federais podem pedir redução de jornada de oito horas diárias para seis ou quatro horas por dia, mas terão os salários reduzidos. Além disso, os servidores deverão permanecer de sobreaviso, em regime de prontidão, à disposição dos órgãos em que trabalham, aguardando serem chamados para irem trabalhar se necessário, mesmo durante seus períodos de descanso, fora de seu horário e local de trabalho.
Para o secretário-adjunto de Relações do Trabalho da CUT, Pedro Armengol , que é também diretor da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal, essa decisão do governo ilegítimo é a forma que os golpistas encontraram para levar a reforma Trabalhista para dentro do funcionalismo público.
“Essa medida é praticamente o trabalho intermitente previsto na nova CLT, pois a chefia também poderá pedir a redução da carga horária e, consequentemente dos salários, além de permitir que o servidor público fique à disposição do órgão em que trabalha”, denuncia o dirigente.
Segundo ele, o governo golpista quer a reforma do Estado por meio de portarias e a categoria não vai aceitar. “Já estamos analisando formas de reverter essa decisão porque estamos vivendo sob um Estado de exceção”, alerta Pedro Armengol.
Norma prevê banco de horas
As mudanças estão na Instrução Normativa nº 2 do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, publicada nessa quinta-feira (13) no Diário Oficial da União, estabelece os critérios e procedimentos em relação ao banco de horas - uma novidade no serviço público brasileiro, pois nunca foi permitido pagar horas extras aos servidores.
Agora, por meio de um sistema eletrônico de frequência, as horas excedentes, além da jornada regular do servidor, serão computadas como crédito e as horas não trabalhadas, como débito no banco de horas. As horas extras deverão ser autorizadas pela chefia para a execução de tarefas, projetos e programas.
A medida vale para mais de 200 órgãos e entidades federais, incluindo autarquias e fundações públicas.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Distrito Federal (Sindsep/DF), Oto Pereira Neves, a categoria entrará com pedido de liminar na Justiça contra a norma.
Para ele, essa Instrução Normativa é mais um golpe contra os trabalhadores e trabalhadoras que vêm perdendo uma série de direitos consolidados desde o golpe de 2016 que derrubou a ex-presidenta Dilma Rouseff, eleita democraticamente com mais de 54 milhões de votos.
“Desmontar o serviço público impede a possibilidade de reconstrução da Nação”, alerta o dirigente, que acrescenta: “quando há a precarização das relações de trabalho, cai a prestação de serviços por parte do Estado, retirando, assim, as condições de investimentos em áreas fundamentais e comprometendo a soberania nacional”.
Capitalização da Previdência é risco para aposentados
Cinco candidatos à Presidência defendem sistema adotado no Chile, que já provou, depois de mais de três décadas, que não deu certo, especialmente para os cidadãos que mais precisam.
Cinco candidatos à Presidência estão defendendo que a Previdência Social passe a adotar o modelo de capitalização. Em linhas gerais, os candidatos afirmam que a capitalização resolveria os problemas de financiamento do sistema e garantiria aposentadorias mais justas no futuro.
Porém, um exemplo de capitalização da previdência pública muito próximo a nós, o do Chile, provou depois de mais de três décadas que não deu certo, especialmente para os cidadãos que mais precisam dele. Lá, 91% dos aposentados recebem em média R$ 694, menos do que o salário mínimo vigente no Chile. É uma situação mais precária do que a brasileira, em que 68% dos aposentados ganham pelo menos o salário mínimo local, que é R$ 954.
Os candidatos que defendem por escrito a capitalização, em seus programas de governo, são Jair Bolsonaro, Marina Silva, Ciro Gomes e Álvaro Dias. Geraldo Alckmin, cujo programa não detalha nenhuma de suas propostas, já defendeu a ideia em entrevistas. Outras candidaturas, egressas do sistema financeiro – como a do MDB e a do Novo -, embora não explicitem esse ponto, defendem privatização de tudo o que for possível. É fácil supor, portanto, que a capitalização da Previdência, ou mesmo sua entrega total a empresas privadas, esteja em seus planos.
Mas as baixas aposentadorias não são o único problema. A situação é pior se imaginarmos que, quando o governo chileno fez a reforma da previdência, prometeu que as pessoas ganhariam mais e que o dinheiro investido ainda ajudaria o país a investir mais em programas de desenvolvimento econômico e políticas sociais. Isso também não ocorreu.
Capitalização e especulação
Pelo modelo de capitalização, uma parte ou a totalidade das contribuições de cada trabalhador ou trabalhadora é aplicado no sistema financeiro, para render juros e correção. Algo como já é feito atualmente pelos planos de previdência complementar abertos, compostos por contas individuais administradas por bancos, ou pelos planos fechados, criados para atender trabalhadores de determinada empresa, como o Previ (Banco do Brasil) ou Petros (Petrobras), por exemplo.
Caso a proposta se tornasse realidade, seria preciso definir quanto de cada contribuição seria aplicado. E, principalmente, quem cuidaria dessa aplicação financeira: bancos privados ou entidades públicas criadas para essa finalidade?
Não importa qual setor fosse responsável pela capitalização – privado ou público – uma das promessas já nasceria manca: a promessa de investimentos que gerariam maior desenvolvimento econômico a partir de projetos produtivos.
Com base no que já ocorre atualmente, os planos de previdência complementar existentes -abertos ou fechados – aplicam na especulação financeira a maior parte do dinheiro que administram. Segundo dados recentes da Subsecretaria do Regime de Previdência Complementar, 55% do dinheiro são destinados à renda fixa, tipo de investimento que tem nos títulos da dívida pública sua principal fonte de rendimentos. Isso significa aplicar em papéis desvinculados de atividades que geram trabalho e renda e que só beneficiam os bancos e os especuladores.
Apenas 17% do patrimônio da previdência complementar são voltados para renda variável, que em tese podem gerar investimentos produtivos por intermédio da bolsa de valores. O restante do patrimônio da previdência complementar é direcionado a aplicações multimercado (18%) e, em fatias menores, a outras aplicações.
A capitalização da Previdência Social, integral ou parcial, significaria a entrega de parte do patrimônio à ciranda especulativa.
Festa dos bancos
As despesas da Previdência Social brasileira, pública e universal, representam aproximadamente 8% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo dados compilados pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). A imprensa tradicional costuma indicar números maiores, que podem chegar a 14% do PIB. De qualquer maneira, o fato é que se trata de uma fatia do orçamento público em que os bancos não colocam a mão.
Por isso, além de esses recursos não alimentarem a ciranda financeira, escapam das tarifas e taxas normalmente cobradas pelos bancos. No caso dos planos de previd?ncia complementar, a cesta de tarifas não é desprezível. Numa simples consulta no balcão de uma agência bancária, descobre-se que a taxa cobrada é de 2% sobre cada depósito feito pelo contribuinte. A taxa de administração gira de 0,8% a 2% mensais sobre o total da conta individual, dependendo do volume do investimento. A cada retirada, 1,5% sobre o desembolso.
O resultado vivenciado no Chile, que introduziu a capitalização no governo Pinochet, em 1981, é fruto da confiança cega na eficácia dos bancos em cuidar do dinheiro alheio. Em parte, por conta da cobrança de taxas. Estudo divulgado no ano passado pela Anapar (Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão) aponta que os fundos geridos por entidades públicas paga benefícios 238% maiores que os pagos por fundos privados. Outro diferencial dos planos geridos por entidades públicas é a possibilidade de representantes dos contribuintes participarem dos conselhos de administração.
O que de fato explica as baixas aposentadorias chilenas, no entanto, é simples de entender. O cidadão paga sua aposentadoria por conta própria. Assim, caso perca o emprego ou passe a ganhar menos, vai interromper ou diminuir sua contribuição. Ao contrário do modelo brasileiro, baseado no princípio da solidariedade – quem trabalha hoje paga a aposentadoria dos mais idosos – a aposentadoria no Chile está baseada apenas na capacidade individual, desatrelada da conjuntura econômica.
Fonte:Isaías Dalle/Fundação Perseu Abramo
Sites ajudam eleitor a encontrar candidatos por afinidade política
Escolher um candidato nas eleições gerais deste ano, em um cenário de incertezas e descrença não é tarefa fácil. Escolher entre os 27.862 candidatos de 35 partidos é uma tarefa ainda mais complicada, já que no horário eleitoral, muitas falas acabam se reduzindo a nome e número, sem tempo para propostas. Para ajudar o eleitor a encontrar postulantes que se alinhem com suas ideias e interesses, organizações lançaram sites onde o eleitor responde sobre sua concordância em questões de vários temas e ao final recebe uma lista com os postulantes a mandatos que mais se alinham com suas ideias.
Cada página utiliza uma abordagem diferente. Alguns utilizam temas gerais que estão em discussão atualmente, como liberação do porte de armas e redução de direitos sociais. Há aquelas que se preocupam em revelar se o candidato responde a processos ou já foi condenado. Outros que alinham o eleitor aos partidos e não à pessoa de um candidato. Nem todos os candidatos estão nas listagens, já que para participar é preciso responder ao questionário da organização.
O site Vota SP, elaborado pela ONG Minha Campinas, que atua em projetos de ampliação da participação social nas decisões políticas, possibilita que os eleitores do estado de São Paulo encontrem candidatos a deputado federal e estadual por afinidade. Também apresenta a justificativa dos candidatos para as respostas.
Dentre as questões apresentadas estão a concordância com a liberação do porte de armas, a garantia de previdência social pública, a privatização do Sistema Único de Saúde, a adoção de crianças por casais homoafetivos e a taxação de fortunas. São Paulo tem 1.682 candidatos a deputado federal e 2.167 candidatos a deputado estadual.
A Calculadora de Afinidade Eleitoral, elaborada pelo site O Iceberg, alinha o eleitor com as candidaturas presidenciais. Dentre as questões estão a concordância com a reforma trabalhista, com o teto de gastos, com a política de preços variáveis dos combustíveis, a redução da maioridade penal e adoção do Programa Escola Sem Partido.
Do mesmo grupo, a Calculadora de Afinidade Partidária trás questões para ajudar o eleitor a escolher o partido em que deve votar nas eleições legislativas. Posicionamento sobre o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), sobre o financiamento de campanhas eleitorais e a privatização da Petrobras estão entre os temas.
O #TemMeuVoto permite pesquisas de candidatos em todos os estados. Trás questões sobre candidatos que respondem a processos judiciais ou que já disputaram eleições, além de temas gerais como atuação do Estado na economia, liberdades individuais e quais as duas prioridades que o escolhido deve ter para os próximos anos. Dente as opções estão o combate ao desemprego, ações de desenvolvimento social, segurança pública e cidadania.
Focado em sustentabilidade, nova economia e direitos humanos, a página Voz Ativa também possibilita conhecer candidatos em todo o país. Dentre as questões propostas estão a garantia da manutenção, demarcação e homologação de terras indígenas e quilombolas, a flexibilização do registro e uso de agrotóxicos no Brasil e a tipificação dos crimes de caixa dois, enriquecimento ilícito e corrupção entre entes privado na legislação penal.
Fonte:Rodrigo Gomes/RBA
Mulheres se unem nas redes sociais para frear Bolsonaro
Três dias bastaram para unir 1 milhão de mulheres com um só objetivo: impedir a eleição de Jair Bolsonaro (PSL). No domingo, em meio ao temor de que o ataque com faca ao candidato aumentasse as intenções de voto nele, surgiu no Facebook o grupo de discussões “Mulheres contra Bolsonaro”. O movimento organiza um ato para o dia 29 de setembro, sábado, a partir das 15h no Largo da Batata, em Pinheiros.
De todos os cantos do Brasil, a maioria dessas mulheres reunidas neste grupo fechado - só entra quem é convidada ou aceita pelas administradoras - quer que, no primeiro turno, as colegas votem em quem quiserem, menos no candidato do PSL. E, caso ele alcance o segundo turno, votem no adversário do militar, seja quem for.
A matemática é bem simples. Juntas, as mulheres somam 52,5% do eleitorado brasileiro. Portanto, unidas, podem impedir a vitória do candidato. Segundo a última pesquisa Datafolha, a rejeição ao candidato cresceu nos últimos dias – principalmente entre elas: 49% não votariam de jeito nenhum nele, número que era 43% há menos de um mês.
Tamanho desgosto por Bolsonaro tem motivo: o histórico de ataques contra mulheres. Em 2014, no plenário da Câmara, falou à deputada federal Maria do Rosário que ela “não merecia ser estuprada”. E se justificou, depois, em entrevista: “muito feia; não faz meu tipo”.
Em outro momento, num quadro do extinto programa CQC, Preta Gil perguntou a ele o que faria se o filho se apaixonasse por uma negra. “Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu”, respondeu.
Também chegou a chamar Dilma Rousseff de homossexual – “se teu negócio é amor com homossexual, assuma” – e a criticou por indicar uma “sapatona” para a Secretaria de Políticas para Mulheres.
Referindo-se aos próprios filhos, declarou em abril de 2017: "Tenho cinco filhos. Quatro foram homens e na quinta dei uma fraquejada."
Admiradas com o crescimento espontâneo do grupo, as mulheres tentam se organizar também fora das redes – em eventos reais e presenciais organizados em cada estado. Outra ideia é redigir uma carta de manifestação contra o presidenciável.
Claro que, em tempos de polarização, não faltam discussões e picuinhas sobre a escolha do primeiro candidato.
De um lado, sobram argumentos a favor de Ciro Gomes, do PDT. Do outro, as defensoras de Fernando Haddad, do PT. Só não sobra muita eleitora para Marina Silva, da Rede, única mulher com chances reais na corrida eleitoral para Presidente – há quem a apoie e quem a critique por não se posicionar favorável a questões feministas, como o aborto. Há ainda eleitoras que enxerguem o perfil conservador da candidata, ligada à igreja.
Mas, no fim das contas, todas elas sonham com um só desfecho: a derrota de Bolsonaro.
Fonte:Rede Brasil Atual
24º Grito dos Excluídos reúne 5 mil em São Paulo por democracia e direitos
Com o lema “Desigualdade gera violência: basta de privilégios”, o 24º Grito dos Excluídos na cidade de São Paulo reuniu 5 mil pessoas neste dia 7 de setembro, feriado do Dia da Independência.
O tradicional ato organizado pela Central de Movimentos Populares (CMP), com apoio de entidades, como a CUT, se concentrou pela manhã na Praça Oswaldo Cruz, ponto inicial da Avenida Paulista. A manifestação seguiu pela Avenida Brigadeiro Luiz Antônio em direção ao Monumento às Bandeiras, ao lado do Parque do Ibirapuera, onde terminou por volta das 13h.
Em São Paulo, a mobilização evidenciou não apenas o resultado de um golpe parlamentar consumado há dois anos, como também a importância das eleições, como apontou o coordenador nacional da CMP, Raimundo Bonfim.
“Vivemos no Brasil da exclusão social, da fome, do congelamento de investimento em políticas públicas e em áreas essenciais. O desmonte dos programas sociais e a prisão política de Lula são consequências do que os golpistas e apoiadores fizeram com o país e de como a nossa Justiça tem atuado. Nosso desafio agora é transformar a indignação popular em voto em defesa da democracia”, disse.
A fala de Bonfim vai ao encontro do posicionamento da vice-presidenta do Comitê de Direitos Humanos da ONU, Sarah Cleveland, que lamentou, em entrevista a um veículo da imprensa comercial, a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em barrar a candidatura de Lula, como recomendou o órgão das Nações Unidas. Para o secretário de Mobilização da CUT-SP, João Batista Gomes, este é mais um exemplo de como o golpe tem atuado no país.
“O descompromisso do Brasil diante da ONU é o mesmo de setores de direita que apoiaram a reforma trabalhista e querem aprovar a reforma da Previdência. É a retirada de direitos sem limites e a disputa entre classes sociais para garantir que o pobre continue sem moradia, sem comida e sem acesso à educação e saúde públicas e de qualidade”, falou o dirigente.
Neste mesmo sentido, Luiz Gonzaga Silva, o Gegê, um dos seis integrantes que que completou 26 dias de greve de fome em defesa do ex-presidente Lula, afirma que o país carece de um Supremo Tribunal Federal (STF) que atue de forma imparcial. “O Supremo não tem compromisso com a classe trabalhadora e, tampouco, cuida da Constituição brasileira. Os representantes que atuam por lá rasgam as nossas leis dia após dia”, criticou.
Eleições, direitos humanos e políticas públicas
A saída da atual crise brasileira, a revogação da reforma trabalhista e a retomada do crescimento econômico para reverter o quadro de 13 milhões de trabalhadores desempregados, segundo dados do IBGE, dependerá da escolha da população nas eleições de outubro, sinalizou o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo.
“A classe trabalhadora precisa eleger parlamentares realmente comprometidos com os direitos sociais e trabalhistas. Temos uma longa jornada pela frente, além do que estamos enfrentando, para reverter os retrocessos impostos pelo golpista Michel Temer (MDB) e toda sua base aliada, que têm feito o Brasil andar na contramão dos direitos humanos e das políticas públicas.”.
Uma das medidas aprovadas que deve ser revogada é a Emenda Constitucional 95/16, que congelou os gastos públicos em áreas como saúde e educação, avalia Maria de Souza, representante da União dos Movimentos Populares de Saúde da Cidade de São Paulo.
Segundo ela, a EC 95, de 2016, além de não ter contribuído para combater a crise econômica, como o governo argumentou à época, resultou em efeitos negativos em relação aos direitos sociais. “Já existe um problema quanto aos repasses de verba pública aos municípios e a privatização na área da saúde, mas com a emenda aprovada, isso tudo piorou ainda mais. Não é publicizado, mas sabemos de pessoas que chegam a ficar até dois meses no hospital em observação para colocar um marcapasso para monitorar o coração”, denunciou.
Além do exemplo citado por Maria quanto aos problemas observados no Sistema Único de Saúde (SUS), o aumento abusivo da energia elétrica também é outra questão que tem atingido a população, como demonstrou a coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Liciane Andrioli.
“Fizemos um cálculo que, de 2012 a 2018, houve um aumento de 85% nas contas de energia. Enquanto as usinas da Eletrobrás vendem energia barata, ou seja, R$ 76 reais o megawatt hora (MWh) para as empresas distribuidoras, a população paga em média R$ 685 pelo mesmo MWh. Esses aumentos são resultado da política do atual governo golpista pra beneficiar as empresas do capital privado e que prejudicam a população.”.
Cidades mobilizadas
Além do ato na capital, que contou com a presença de candidatos a cargos públicos nas eleições deste ano, outros atos ocorreram em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, em Campinas e no Guarujá.
Setembro Amarelo tem que estar aliado a políticas, diz pesquisadora
O Setembro Amarelo surgiu da necessidade de sensibilizar a sociedade para o aumento, por vezes silencioso e/ou subnotificado, do suicídio. Cerca de 1 milhão de pessoas tiram a própria vida todos os anos no mundo. Uma a cada 40 segundos, conforme estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS).
No Brasil há um suicídio a cada 45 minutos. São registrados cerca de 12 mil suicídios anualmente. Tirar a própria vida está entre as principais causas das mortes entre jovens, de 15 a 29 anos, e também de crianças e adolescentes.
No Brasil, a campanha denominada Setembro Amarelo foi iniciada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Para romper o preconceito e ampliar o diálogo, atenção e qualificar a prevenção, em 2014 foi instituído o 10 de setembro como Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
A OPAS/OMS reconheceu o suicídio e as tentativas de suicídio como uma prioridade na agenda global de saúde e incentivou os países a desenvolver e reforçar estratégias de prevenção, quebrando estigmas e tabus existentes sobre o assunto.
Idosos e jovens
Conforme o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que registra tentativas e óbitos por suicídio no Brasil, idosos com mais de 70 anos correspondem a uma média de 8,9 mortes por 100 mil, entre os anos de 2011 e 2016. A média nacional é 5,5 por 100 mil. Também chama atenção o alto índice entre jovens, principalmente homens, e indígenas.
O diagnóstico registrou entre 2011 e 2016, 62.804 mortes por suicídio, a maioria (62%) por enforcamento. Os homens concretizaram o ato mais do que as mulheres, correspondendo a 79% do total de óbitos registrados. Os solteiros, viúvos e divorciados foram os que mais morreram por suicídio (60,4%). Na comparação entre raça/cor, a maior incidência é na população indígena. A taxa de mortalidade entre os índios é quase três vezes maior (15,2) do que o registrado entre os brancos (5,9) e negros (4,7).
O documento apresenta ainda que, no período, ocorreram 48.204 tentativas de suicídio. Mulheres que atentaram mais contra a própria vida contabilizam 69% do total registrado. Entre elas, 1/3 fez isso mais de uma vez. Por raça/cor, a população branca registrou maior taxa, 53,2%. Do total de tentativas no sexo masculino, 31,1% tinham entre 20 e 29 anos. Além disso, 58% dos homens e mulheres que tentaram suicídio utilizaram substâncias que provocaram envenenamento ou intoxicação.
Campanhas de sensibilização, expansão do atendimento pelo CVV em todo o território nacional, de forma gratuita, são importantes, porém insuficientes na opinião da psicóloga Luana Lima.
“A gente não tem uma política nacional. O maior passo corresponde às diretrizes nacionais de prevenção de suicídio, instituída pelo Ministério da Saúde em 2006, que tem uma enorme importância, mas que precisa ser questionada na sua projeção, no alcance social. Digo isso porque o Brasil é o quarto país latino-americano com maior índice de crescimento em suicídio, entre 2000 e 2012”.
Há uma falta de responsabilização do Estado, na opinião da estudiosa. “O Setembro Amarelo tem que vir junto, estar aliado a políticas. De partida, na capacitação dos profissionais de saúde. A temática do suicídio não é sequer falada na formação. Eu tive acesso à prevenção ao suicídio por ter feito um estágio no Núcleo de Prevenção ao Suicídio. Mas, isso não faz parte da minha grade [curricular], e olha que eu estudei psicologia. Isso não faz parte [da grade curricular] de médico, de enfermeiro, de nenhum profissional de saúde”.
Outro problema apontado por Luana, autora do estudo “Moralidades correntes sobre suicídio em unidades de saúde e seu impacto na assistência: uma análise na perspectiva da bioética de proteção”, tese de seu mestrado pela Universidade de Brasília (UNB), diz respeito à falta de investimentos na qualificação dos serviços de saúde.
Acolhimento precário
O Brasil conta com 2.463 Centros de Atenção Psicossocial (Caps), para a garantia universal de acolhimento a 200 milhões de pessoas.
“Esses pacientes com sofrimento, com depressão, em tentativa de suicídio só conseguem se inserir na rede a partir de uma tentativa [efetivada], na emergência, em Pronto Socorro. E é normalmente nesses lugares que ele é extremamente maltratado, discriminado, punido, principalmente quando não tem mais risco de morte”, completa.
Segundo ela, a influência da moralidade dos profissionais de saúde compromete a qualidade do atendimento e, muitas vezes, acarretam a desesperança do paciente, que irá reincidir, evitar nova busca de ajuda e até a consumação do ato.
Opressão social
Entre os fatores de risco para o suicídio, o Ministério da Saúde aponta transtornos mentais, como depressão, alcoolismo, esquizofrenia; questões sociodemográficas, como isolamento social; psicológicos, como perdas recentes; e condições clínicas incapacitantes, como lesões desfigurantes, dor crônica, neoplasias malignas. No entanto, tais aspectos não podem ser considerados de forma isolada e cada caso deve ser tratado no Sistema Único de Saúde conforme um projeto terapêutico individual.
Os sinais demonstrados por alguém com tendência suicida são inúmeros, incluindo o não sinal. “Muitas vezes eles expressam esse sofrimento. ‘Eu queria dormir e não acordar mais’. ‘Eu não agüento mais essa dor’. ‘Eu quero morrer’. ‘Eu vou me matar’. São frases que denunciam o sofrimento que, muitas vezes, a gente lê como uma forma de chamar a atenção. Tem muito esse mito: ele ameaça e não faz. Não, quem ameaça tenta e faz. Tem aquele que não dá sinal, que comete um ato impulsivo? Sim, mas é um grupo menor”, exemplifica.
A pesquisadora acredita que as causas de vulnerabilidade social contribuem. Para a pesquisadora é preciso pensar nos aspectos de saúde mental que levam ao suicídio, mas também nos aspectos opressores da sociedade. “Poder pensar um pouco como é que a sociedade, um meio social pode levar uma pessoa a tirar a própria vida”, ao lembrar o caso de suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier, que foi preso, depois solto e afastado da universidade, em processo baseado em depoimentos que não permitiram o contraditório e a ampla defesa.
Saídas
Segundo ela, a pessoa com tendência suicida busca acabar com a dor e a psicoterapia leva à legitimação desse convívio com a dor, o acolhimento. Daí, a necessidade, em sua opinião, de desmistificar a questão. “Precisa entrar nas escolas, ser tratado de forma intersetorial. São políticas que não se restringem à saúde”, justifica.
A medicalização não é a única saída, na opinião da psicóloga. Luana entende se tratar de uma questão multifatorial. “O transtorno é um fator de risco muito importante para o suicídio. A depressão, a esquizofrenia, o alcoolismo são os três maiores transtornos em ocorrência; principalmente a depressão. A gente precisa desmedicalizar o suicídio”.
Em seu estágio no Núcleo de Prevenção ao Suicídio conseguiu prevenir alguns casos, com apoio de equipe e através do acolhimento e da escuta. “Se o sujeito tiver lugar para falar, o sofrimento vai se alterando, conforme ele é nomeado. O suicídio é um ato de comunicação. É um ato que ele não conseguiu botar em palavras. Então, nosso trabalho de prevenção é feito por essa legitimação [da dor]. Aqui você tem espaço para falar”.
Desemprego entre chefes de família causa crises familiares e separações
CUT Brasil – O aumento do desemprego entre chefes de família, em especial os provedores que pagam as contas e sempre decidiram tudo sozinhos, pode provocar depressão, muito sofrimento e, em alguns casos, crises familiares que terminam em separações.
Em julho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de desempregados chefes de famílias, homens e mulheres, atingiu 22,7% dos trabalhadores e trabalhadoras com idades entre 40 e 59.
No total, 27,6 milhões de brasileiros sofriam com a falta de postos de trabalho no país (12,9 milhões estavam desempregados); 6,6 milhões subocupados, pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais; 8,1 milhões poderiam trabalhar, mas não trabalham (força de trabalho potencial). Este grupo inclui os 4,8 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e outras 3,3 milhões de pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.
A situação de desesperança dos desempregados, subocupados ou desalentados é preocupante, disse em entrevista à CUT, o psicanalista e professor da USP, Christian Dunker, que elaborou uma série de dicas de como lidar com o desemprego, ao constatar o drama dos trabalhadores em seu consultório. "Me espanta que se fale tão pouco sobre como a perda do emprego acaba em dissolução de casais, pois pega muita gente desprevenida."
Para o professor, “é importante o período de luto, ficar triste, ficar com raiva e dividir com outros sua tristeza. É o mesmo que ir a um velório, a gente enterra, se despede da pessoa. Com o desemprego é o mesmo e as pessoas acabam pulando esse momento”.
Drama pessoal
Não é difícil encontrar chefes de família separados de suas mulheres e familiares, enfrentando ações na Justiça porque não conseguem mais pagar a pensão para os filhos. E todo dia lá estão eles nos postos de intermediação de mão de obra, na busca desesperada por uma nova oportunidade no mercado de trabalho.
Este é o caso do baiano de Salvador, Ivan Freitas, 53 anos, que está há pouco mais de um mês na capital paulista à procura de emprego de vigilante. Separado, Ivan mora de favor na casa de amigos e sua situação econômica só não é pior porque a filha de 16 anos está sob os cuidados de familiares, e por isso não está pagando pensão. "Meu sonho é conseguir um trabalho para poder alugar uma casa, prosseguir com minha vida. Mas tem dias que bate um desespero que olho pro céu e só rezo pra continuar andando”, diz.
Ivan, como muitos, reclama da dificuldade em conseguir uma vaga de trabalho, que muitas vezes lhe é negada por causa da idade. "No Brasil, se você tem de 18 a 25 anos é muito novo para trabalhar, se tem mais de 35 é novo para se aposentar e velho para trabalhar”, critica.
Situação semelhante passa o porteiro aposentado Victor Benedito de Andrade, de 57 anos. Vivendo somente de bicos, ele diz que precisa trabalhar com urgência porque uma filha de 20 anos o processou para receber a pensão que deixou de pagar. "Paguei pensão direitinho durante 18 anos, mas ela me cobra mais de mil reais por mês e minha aposentadoria é de R$ 1.600 e o aluguel é R$ 800. Estou sobrevivendo com a ajuda de outros filhos”, lamenta.
Já o eletricista William de Castro, de 49 anos, está há cinco anos sem registro em carteira de trabalho. Também separado com filhos de 18 e quatro anos, diz estar sem esperança, principalmente depois da reforma Trabalhista que, segundo ele, complicou ainda mais a vida do trabalhador, que só tem perdas e nenhuma vantagem. "Viver de bicos é como jogar uma gota de água num prato quente de areia, ela se evapora. Eu estou deixando de comer para pagar aluguel“, conta desolado o eletricista.
Como lidar com o desemprego
Histórias semelhantes levaram o psicanalista Christan Dunker a pensar em maneiras de ajudar os chefes de família a lidar com o desemprego, mantendo a saúde mental e a unidade familiar. Segundo ele, “é importante o período de luto, ficar triste, ficar com raiva e dividir com outros sua tristeza”. “É o mesmo que ir a um velório, a gente enterra, se despede da pessoa”, completa.
Depois, é preciso fazer contas, elaborar um planejamento financeiro metódico com calma e não na primeira semana de desemprego, respondendo a perguntas como quais são os custos para se manter, por quanto tempo pode-se gastar dinheiro, quanto pode investir num curso e em processos de recolocação profissional? É importante também levantar quanto vale o carro, a casa, quais as dívidas a pagar para o caso do período de desemprego se prolongar e a pessoa precisar se desfazer de algum bem.
O psicanalista conta que vê em seu consultório desempregados que “não querem olhar para o dinheiro, fazer contas, saber quais são seus custos. É preciso fazer isso de cabeça fria e não de forma reativa, com medo de morrer de fome, ficar com raiva não resolve”, alerta Dunker.
Outra atitude a ser tomada de forma metódica e pensada, segundo o psicanalista, é voltar a estudar, se reciclar. “A vida no trabalho tira a relação com o estudo, com novas e antigas relações pessoais. É preciso planejar e investir. Não é entrar no primeiro curso que ver, é reconexão social”, avalia.
E por fim, é preciso ampliar a rede social. Não ter vergonha de estar desempregado, contar para as pessoas que está sem trabalho. “É preciso entrar na internet, abrir o seu Linkedin, ver o que os outros fazem nas redes sociais. Redescobrir antigos amigos, pessoas significativas da sua vida”, aconselha o professor da USP.
Desemprego causa depressão e crises familiares
O psicanalista Christan Dunker explica que, historicamente, o que se espera de um pai de família é que ele seja o provedor, traga mais dinheiro do que a esposa, mesmo que ela trabalhe. Com o desemprego, o pai de família se sente desvalorizado, começa a se achar menos viril e, isso é corroborado pela mulher, que não o vê mais como o provedor da casa.
“O desemprego tem muitas vezes o efeito de destruir e rebaixar a possibilidade de se desejar esse homem, que se torna aos olhos da mulher, menos admirado e desejável. Assim, se corrompe essa função que foi construída historicamente pelo patriarcado”, explica o professor da USP.
Para evitar a dissolução de casamentos e da vida social, o psicanalista aconselha que o homem se mostre ainda mais engajado nas coisas que está fazendo, como estudar ainda mais, demonstrar que está buscando uma renda suplementar e batalhando muito para conseguir um novo emprego.
“Ele precisa se apresentar como um homem ‘desejante’ e não apenas como aquele que foi desprezado e recusado pelo patrão. Infelizmente, acontece o oposto, pois com forte pressão o homem se sente ainda mais frágil”, diz o psicanalista. “É preciso se reinventar como casal”.
“Às vezes o desemprego destrói o casal ou constrói uma relação muito melhor. Depende da humildade, de se renunciar àquela forma de vida,” diz Dunker.
De acordo com o psicanalista, o desemprego afeta mais as relações familiares em que o homem sempre decidiu e pagou tudo sozinho e, quando ele perde o emprego, sua autoridade desmorona. “Uma relação construída a partir de quem tem o dinheiro tem a autoridade será perdida, e para muitos homens é insuportável. Ele não consegue ser homem nessa situação. A coisa mais importante é aprender não no sentido da humilhação e do sofrimento, isso só emburrece a gente”, analisa.
O sentimento de derrota do pai de família ainda piora quando ele tem filhos adolescentes. “Os momentos mais críticos são no início da puberdade, em que os filhos confrontam os pais ‘ você não sabe tudo’, e o filho descobre que o pai não é mais o super herói”.
Golpe de 2016 aumentou crises familiares
Segundo o psicanalista Christian Dunker, no início da crise econômica, logo após o golpe de 2016, as relações familiares, especialmente da classe média, não foram muito afetadas. Mas, depois de algum tempo com as pessoas indo de um emprego a outro, de forma precarizada e, agora, desempregadas, os relacionamentos familiares têm se deteriorado.
“Muitos dos meus pacientes mudaram de casa, e agora não têm como pagar o cartão de crédito, o colégio das crianças. A crise chegou para a classe média e a classe média alta”, conta o psicanalista.
Terceirização irrestrita deve atingir serviço público, alertam especialistas
Após a aprovação do Supremo Tribunal Federal (STF), na última semana, da terceirização irrestrita de trabalhadores para atividades-fim nas empresas, como propôs o governo Temer, especialistas afirmam que a medida deverá levar a contratações sem concurso público, especialmente de profissionais de educação, saúde e cultura. É o que alerta, por exemplo, o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep)., Sérgio Antiqueira.
"Os professores estão na ponta da lista da ameaça, porque já tem o interesse de empresas entrar nos municípios, trazendo apostilas, então há o interesse em substituir os professores", diz o sindicalista.
Segundo o Dieese, os terceirizados ganham em média 25% menos, se acidentam 60% mais e trabalham 12 horas a mais por mês. A rotatividade da mão de obra também é o dobro da registrada em relação ao contratado direto. Por todos esses fatores, a terceirização não significa melhora para os trabalhadores e nem para o serviço público.
"Num cenário de redução dos gastos públicos, por conta dos limites orçamentários da Emenda Constitucional (EC) 95, a gente avalia que os estados vão usar esse instrumento de poder ampliar a terceirização do serviço público para reduzir os seus custos. Como as condições dadas aos trabalhadores pioram, influencia no atendimento também", explica Adriana Marcolino, socióloga e técnica do Dieese.
Especialistas alertam ainda que a terceirização pode acabar com os concursos públicos e a substituição pelos terceirizados vai inviabilizar a aposentadoria dos atuais servidores. "A Previdência do servidor o governo trata como um problema do servidor, não de gestão da prefeitura (e demais instâncias do poder público). Você reduz a contribuição, já que não tem mais o trabalhador direto, que contribui para a Previdência", diz Sérgio.
A terceirização também pode trazer problemas para a previdência dos trabalhadores do setor privado. Os salários menores vão fazer a arrecadação cair. Além disso, os trabalhadores que precisarem abrir empresas – tornando-se pessoas jurídicas (PJs) para terem seus serviços contratados – podem nem contribuir com a Previdência.
Como não há mais recursos judiciais para impedir a terceirização total, os trabalhadores afirmam que a única forma de reverter esse retrocesso é a revogação da lei, na próxima Legislatura a ser eleita em outubro. "Nós temos que discutir quem são os candidatos que propõem a reversão da reforma trabalhista e a lei de terceirização", completa o representante dos servidores.
Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT:
Fonte:Redação RBA
Antes de votar, confira os deputados e senadores que votaram contra você!
Seja qual for o presidente da República no próximo período – e esperamos que a classe trabalhadora ajude a eleger parlamentares comprometidos com os direitos trabalhistas –, precisará de apoio do Congresso Nacional para reverter os retrocessos impostos pelo golpista Michel Temer (MDB) e sua base aliada.
Para facilitar a escolha de deputados federais e senadores, o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) disponibiliza em seu portal o voto dos congressistas em 10 temas que marcaram a atual legislatura e afetam os trabalhadores e a democracia.
A lista mostra de qual lado estiveram os congressistas no impeachment da presidenta Dilma Rousseff, na cassação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na entrega do Pré-Sal aos estrangeiros, na terceirização da mão-de-obra sem limites, na primeira e segunda denúncia contra Temer, na reforma trabalhista, na PEC dos gastos públicos, na MP das petroleiras e na tentativa de reforma da Previdência.
A análise do banco de dados que será atualizado até o fim das eleições, em 28 de outubro, permite observar, por exemplo, entre os candidatos à Presidência da República, quem esteve contra e a favor da retirada de direitos dos trabalhadores. Dos atuais postulantes ao cargo, os deputados federais Jair Bolsonaro (PSL), Cabo Daciolo (Patriotas) e o senador Álvaro Dias (Pode) são os únicos que tinham mandato no Congresso.
Reforma trabalhista – A Câmara dos Deputados aprovou em 26 de abril de 2017 o Projeto de Lei (PL) 6.787/16, que acaba com a carteira assinada, por 296 votos a 177. No senado, o texto chegou como Projeto de Lei da Câmara (PLC) 38/17 e passou por 50 votos contra 26.
Na Câmara, Bolsonaro votou a favor da reforma trabalhista e contra os trabalhadores, enquanto Daciolo votou não à reforma. No Senado, Dias também foi contra a reforma.
Terceirização sem limites – Junto com a reforma trabalhista, outro golpe contra os direitos da classe trabalhadora foi a terceirização sem limites, aprovada em março de 2017 por 232 votos a favor contra 188 por meio do PL 4.302/98.
Desta vez, Bolsonaro se absteve (omitiu o voto), enquanto Daciolo votou contra o projeto.
Entrega do pré-sal - Em outubro, a Câmara aprovou o PL 4.567/16, que abre para outras empresas, nacionais e estrangeiras, a exploração do Pré-Sal, que tinha a Petrobras como exploradora única.
Conforme o desejo de Temer, mais uma vez, Jair Bolsonaro votou a favor da entrega da riqueza, enquanto Cabo Daciolo optou pelo não. Álvaro Dias, no Senado, também se posicionou por seguir as orientações do governo golpista.
Limite para investir em saúde e educação – Em 10 de outubro de 2016, a Câmara aprovou por 366 votos a 111 a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/16 que limita por 20 anos o investimento público em setores como saúde e educação. No Senado, o texto foi aprovado por 61 votos a 14, em novembro de 2016.
Novamente, Bolsonaro seguiu o comando do governo Temer e foi a favor do congelamento, enquanto Daciolo se posicionou contra. No senado, Álvaro Dias também votou com os golpistas.
Para saber como votaram os parlamentares em relação aos projetos e escolher bem o parlamentar que elegerá para o próximo mandato, clique aqui.
Após dois anos, golpe parlamentar no Brasil mostra ao que veio
Neste 31 de agosto de 2018, confira alguns dos acontecimentos que levaram o país ao buraco.
Desemprego recorde, perda de direitos, corte nos investimentos e perseguições políticas. Desde 31 de agosto de 2016, quando o Senado chancelou a saída da presidenta eleita, Dilma Rousseff, da Presidência, os brasileiros têm assistido, quase que diariamente, aos desmontes de importantes políticas públicas construídas nos últimos anos. Confirmaram o que os movimentos sociais, sindical e partidos de esquerda já diziam: foi golpe!
Ao longo desse período, o ilegítimo Michel Temer (MDB) e sua base aliada no Congresso Nacional, seguiram destruindo conquistas de todas as áreas, privilegiando pequenos setores da classe empresarial, jurídica e da mídia – além, claro, do capital estrangeiro.
Nesse período, também foi fortalecido o discurso de criminalização dos movimentos dos trabalhadores, na tentativa de enfraquecê-los. Mas houve luta e foi possível acompanhar, nesse período, grandes mobilizações, como a maior Greve Geral da história do país, em 28 de abril de 2017, que impediu que a reforma da Previdência –ainda uma ameaça –fosse votada.
Neste 31 de agosto de 2018, dois anos após o golpe que encerrou mais um período de democracia no Brasil, a CUT-SP fez um levantamento de alguns dos acontecimentos negativos à população. Confira a seguir:
30 de novembro de 2016
Após repressão e agressões nas ruas, Senado aprova PEC 55 em primeiro turno
Ela foi aprovada no dia 29 de novembro de 2016, em primeiro turno, pelo Senado. Naquela tarde, as forças policiais haviam reprimido com violência as manifestações em Brasília contra a votação da chamada PEC da Morte ou do Fim do Mundo, como ficou conhecida. Cavalaria, bombas de gás lacrimogênio, cassetetes, helicópteros à espreita, porrada. A PEC 55 pretende congelar investimentos sociais públicos até 2036, atrelando-os apenas aos índices da inflação. Saiba mais clicando aqui.
22 de março de 2017
PL 4302 que terceiriza todas as atividades das empresas é aprovado pela maioria da Câmara dos Deputados
Apoiando-se numa maioria de deputados golpistas e corruptos, atendendo à pressão de empresários que querem flexibilizar direitos e precarizar as relações de trabalho para aumentar os seus lucros, como Paulo Skaf da Fiesp e seu infame “pato”, a Câmara dos Deputados comete mais um golpe contra os direitos da classe. Saiba mais clicando aqui.
12 de julho de 2017
Senado aprova o projeto de reforma trabalhista, sem alterações
O plenário do Senado aprovou o projeto de lei (PLC 38) de "reforma" da legislação trabalhista. Foram 50 votos a favor e 26 contrários, com uma abstenção. A votação foi concluída por volta das 19h50, depois de mais de seis horas de sessão suspensa, devido a uma ocupação organizada por um grupo de senadoras da oposição. Conforme queria o governo, o texto foi aprovado sem mudanças. Saiba mais clicando aqui.
25 de outubro de 2017
Câmara salva Temer, Padilha e Moreira de denúncia no STF
A Câmara dos Deputados rejeitou a denúncia contra o presidente golpista Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) pelos crimes de formação de quadrilha e organização criminosa. O resultado, que blindou Temer de ser alvo de um processo por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) e afastado do cargo, foi vitorioso para o governo, mas demonstrou fragilidade do Executivo para a votação de matérias de seu interesse, como as reformas e privatizações. Saiba mais clicando aqui.
27 de outubro de 2017
Temer entrega Pré-Sal e futuro do país para estrangeiros
Governo derruba liminar, realiza leilão e consuma mais um ato de entrega do Pré-Sal brasileiro para multinacionais estrangeiras. Com duas horas de atraso, o leilão foi realizado e o total arrecadado – R$ 6,15 bilhões – foi abaixo até dos R$ 7,75 bilhões que o próprio governo golpista, entreguista e ilegítimo de Michel Temer (MDB) previa. Saiba mais clicando aqui.
27 de abril de 2018
Desemprego bate mais um recorde negativo e atinge 13,7 milhões de pessoas
O índice de desemprego aumentou para 13,1% no primeiro trimestre encerrado em março deste ano. É a maior taxa desde maio do ano passado. O total de desempregados no país pulou para 13,7 milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Saiba mais clicando aqui.
22 de maio de 2018
Caminhoneiros mantêm Brasil paralisado
Após ter reajustado os preços da gasolina e do diesel quatro vezes consecutivas, a gestão golpista da Petrobrás anunciou um novo aumento dos preços dos derivados nas refinarias. Os valores subiram quase 1% colocando mais combustível na greve dos caminhoneiros, que protestaram em todo o país contra os altos preços do diesel, que em maio aumentou 12,3%. Saiba mais clicando aqui.
24 de julho de 2018
Gás de cozinha e combustíveis aumentaram três vezes mais do que a inflação
O governo golpista e ilegítimo de Michel Temer (MDB-SP) tem realizado constantes reajustes nos preços dos combustíveis e no gás de cozinha que impactam diretamente no bolso de todos os brasileiros e brasileiras. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação de junho de 2016 a junho de 2018 chegou a 8%. No entanto, o gás de cozinha, nesse mesmo período, teve um reajuste de 25,9%; a gasolina comum subiu 24,4%; o etanol 20,9%; e o óleo diesel 14,2%. Saiba mais clicando aqui.
Fonte:Redação CUT-SP