Créditos: Foto: Secom CUT-SP
Ao criticar o golpe, movimentos populares chamam atenção para as eleições.

Com o lema “Desigualdade gera violência: basta de privilégios”, o 24º Grito dos Excluídos na cidade de São Paulo reuniu 5 mil pessoas neste dia 7 de setembro, feriado do Dia da Independência.

O tradicional ato organizado pela Central de Movimentos Populares (CMP), com apoio de entidades, como a CUT, se concentrou pela manhã na Praça Oswaldo Cruz, ponto inicial da Avenida Paulista. A manifestação seguiu pela Avenida Brigadeiro Luiz Antônio em direção ao Monumento às Bandeiras, ao lado do Parque do Ibirapuera, onde terminou por volta das 13h.

Em São Paulo, a mobilização evidenciou não apenas o resultado de um golpe parlamentar consumado há dois anos, como também a importância das eleições, como apontou o coordenador nacional da CMP, Raimundo Bonfim.

“Vivemos no Brasil da exclusão social, da fome, do congelamento de investimento em políticas públicas e em áreas essenciais. O desmonte dos programas sociais e a prisão política de Lula são consequências do que os golpistas e apoiadores fizeram com o país e de como a nossa Justiça tem atuado. Nosso desafio agora é transformar a indignação popular em voto em defesa da democracia”, disse.

A fala de Bonfim vai ao encontro do posicionamento da vice-presidenta do Comitê de Direitos Humanos da ONU, Sarah Cleveland, que lamentou, em entrevista a um veículo da imprensa comercial, a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em barrar a candidatura de Lula, como recomendou o órgão das Nações Unidas. Para o secretário de Mobilização da CUT-SP, João Batista Gomes, este é mais um exemplo de como o golpe tem atuado no país.

“O descompromisso do Brasil diante da ONU é o mesmo de setores de direita que apoiaram a reforma trabalhista e querem aprovar a reforma da Previdência. É a retirada de direitos sem limites e a disputa entre classes sociais para garantir que o pobre continue sem moradia, sem comida e sem acesso à educação e saúde públicas e de qualidade”, falou o dirigente.

Neste mesmo sentido, Luiz Gonzaga Silva, o Gegê, um dos seis integrantes que que completou 26 dias de greve de fome em defesa do ex-presidente Lula, afirma que o país carece de um Supremo Tribunal Federal (STF) que atue de forma imparcial. “O Supremo não tem compromisso com a classe trabalhadora e, tampouco, cuida da Constituição brasileira. Os representantes que atuam por lá rasgam as nossas leis dia após dia”, criticou.

Eleições, direitos humanos e políticas públicas

A saída da atual crise brasileira, a revogação da reforma trabalhista e a retomada do crescimento econômico para reverter o quadro de 13 milhões de trabalhadores desempregados, segundo dados do IBGE, dependerá da escolha da população nas eleições de outubro, sinalizou o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo.

“A classe trabalhadora precisa eleger parlamentares realmente comprometidos com os direitos sociais e trabalhistas. Temos uma longa jornada pela frente, além do que estamos enfrentando, para reverter os retrocessos impostos pelo golpista Michel Temer (MDB) e toda sua base aliada, que têm feito o Brasil andar na contramão dos direitos humanos e das políticas públicas.”.

Uma das medidas aprovadas que deve ser revogada é a Emenda Constitucional 95/16, que congelou os gastos públicos em áreas como saúde e educação, avalia Maria de Souza, representante da União dos Movimentos Populares de Saúde da Cidade de São Paulo.

Segundo ela, a EC 95, de 2016, além de não ter contribuído para combater a crise econômica, como o governo argumentou à época, resultou em efeitos negativos em relação aos direitos sociais. “Já existe um problema quanto aos repasses de verba pública aos municípios e a privatização na área da saúde, mas com a emenda aprovada, isso tudo piorou ainda mais. Não é publicizado, mas sabemos de pessoas que chegam a ficar até dois meses no hospital em observação para colocar um marcapasso para monitorar o coração”, denunciou.

Além do exemplo citado por Maria quanto aos problemas observados no Sistema Único de Saúde (SUS), o aumento abusivo da energia elétrica também é outra questão que tem atingido a população, como demonstrou a coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Liciane Andrioli.

“Fizemos um cálculo que, de 2012 a 2018, houve um aumento de 85% nas contas de energia. Enquanto as usinas da Eletrobrás vendem energia barata, ou seja, R$ 76 reais o megawatt hora (MWh) para as empresas distribuidoras, a população paga em média R$ 685 pelo mesmo MWh. Esses aumentos são resultado da política do atual governo golpista pra beneficiar as empresas do capital privado e que prejudicam a população.”.

Cidades mobilizadas

Além do ato na capital, que contou com a presença de candidatos a cargos públicos nas eleições deste ano, outros atos ocorreram em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, em Campinas e no Guarujá.

 

Fonte:Vanessa Ramos/CUT São Paulo