Pesquisa desmente falácia de que Brasil tem inchaço no serviço público

A PEC 32 voltou a assombrar a vida de todos os servidores públicos, sejam eles federais, estaduais ou municipais, após Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, defender, na última semana, que o próximo passo a ser dado, após a votação da Reforma Tributária, será a retomada da Reforma Administrativa.

O Governo Bolsonaro investiu pesado na informação de que a máquina pública estava inflada e que usava boa parte da arrecadação para o pagamento dos servidores, vendendo a ideia de que todos os servidores públicos ganham os tais “supersalários” que tanto era divulgado para a população.

A verdade é que a PEC 32 só vai beneficiar as pessoas que querem fazer negócio com as necessidades da população brasileira, obtendo lucro através da precarização do trabalho dos servidores e aos serviços prestados à sociedade, além de acabar com os concursos públicos e a estabilidade dos servidores, facilitar a entrada de apadrinhados políticos o que vai contribuir com as pressões políticas e ruptura para a corrupção, ou seja, ela vai desmontar o Estado e destruir o serviço público.

Fontes do planalto ouvidas pela CNN alertaram que o governo federal pretende concluir um esboço da Reforma Administrativa até o final de 2023 e que o presidente Lula já decidiu que a PEC 32 enviada pelo Governo Bolsonaro não será usada, já que o texto gera a insegurança no quesito estabilidade.

Porém um dos principais motivos que permeiam a defensiva de alguns parlamentares em querer aprovar a PEC 32 é a justificativa de que a máquina pública tem muito gasto devido ao excesso de servidores públicos.

No entanto, essa grande falácia veio a público por meio da divulgação dos dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Ampliada), obtidos pelo jornal F. de S.Paulo, que mostrou que o Brasil tem menos servidores públicos que os EUA, país considerado com menos inchaço na máquina pública.

De acordo com a pesquisa, o Brasil que tem a fatia de 12,45% de funcionários públicos e perde para a Dinamarca que possui a maior porcentagem de servidores, com 30,22%, e para os EUA que tem 13,26% da mão de obra do setor público.

A plataforma República em Dados também divulgou estudos sobre a situação do serviço público no Brasil, divulgada na Revista Piauí, da FSP, que revelou quem são os verdadeiros marajás e quem são os peões do funcionalismo público brasileiro, desmistificando os estereótipos do setor público que relaciona todos os servidores públicos com ganhos de supersalários.

Assim como nos demais cargos e funções da iniciativa privada, aqui no Brasil o serviço público enfrenta e sofre com as desigualdades salariais.

De acordo com a publicação, dados produzidos pelo Centro de Liderança Pública (CLP), com dados da RAIS de 2020, a metade dos servidores recebiam salários menor ou igual à média dos brasileiros.

“Além disso, a remuneração média de um servidor do Judiciário federal, o que mais ganha, é quase sete vezes a de um servidor do Executivo municipal, o que menos ganha”, apontou a revista.

Os dados também mostram que a cada 100 servidores públicos, 70 tem salário de até 5 mil e em 2020, última atualização da Relação Anual de Informações Sociais, cerca de 50% do funcionalismo público ganhava menos ou igual a pouco mais de 3 mil reais. Já a fatia que ganha mais de 27 mil reais corresponde a menos de 1%.

O teto máximo de um servidor está concentrado entre os ministros do STF, com cerca de 42 mil reais. No entanto, os verdadeiros marajás que recebem acima do limite estabelecido pela Constituição Federal refletem em 0,06% dos servidores.

Disparidade entre as três esferas do serviço público

A quantidade de servidores nas esferas federal, governamental e municipal apresentou disparidade entre elas nos últimos 31 anos com um aumento de 222% nos municípios, 29% nos estados e apenas 3% na União. A média salarial para os federais está em torno dos 10 mil, nos estados um pouco mais de 4 mil e nos municípios despenca para pouco mais de dois salários mínimos.

Os dados divulgados comprovam o que as Entidades Sindicais vêm informando para a população há anos, ou seja, de que o serviço público está é carente de servidores e de bons salários, além de uma considerável melhoria nos benefícios oferecidos aos servidores, como auxílio refeição, auxílio saúde, cesta básica, etc.

Desta forma, os brasileiros precisam estar conscientizados sobre todas as falácias construídas para ludibriar toda a população e para somar na luta dos servidores contra a aprovação da PEC 32.

O SINSSP sempre esteve contra a Reforma Administrativa, lutou no governo Bolsonaro contra a sua aprovação pressionando os deputados a votarem contra essa proposta, oficiou os parlamentares do estado de São Paulo e enviou mensagens pelas redes sociais solicitando que votassem contrários à Reforma.

A pressão dos movimentos sindicais, dos servidores e da sociedade civil surtiu efeito no passado e precisa pressionar quando a proposta voltar aos debates até que ela seja arquivada em definitivo pelos deputados e senadores.

O sindicato vai se organizar para atuar junto aos parlamentares, fazendo novamente pressão contra a aprovação dessa Reforma, que apenas vai precarizar os serviços públicos, como já está acontecendo no INSS, que perdeu muitos servidores e agora enfrenta uma fila de quase 8 milhões de requerimentos represados, entre pedidos de benefícios, revisões, perícias médicas, recursos, atualizações cadastrais, etc.

O SINSSP vai continuar na batalha e lutará ao lado dos trabalhadores dos serviços públicos, na luta para que o presidente da Câmara não retome esse fantasma da PEC 32 e coloque novamente na pauta.

Fonte: Revista Piauí - Folha de São Paulo

 


“A mulher só se torna tema de pesquisa quando ela mesma começa a fazer pesquisas”, afirma historiadora

E no último dia do mês de março (31), encerrando as comemorações ao Dia Internacional da Mulher, o #8M, o SINSSP, por meio da Secretaria das Mulheres, dirigida pela diretora Marta Regina, relembra que a data deve ser celebrada todos os 365 dias do ano.

A seguir, a última matéria voltada ao tema para continuar abrindo espaço ao debate sobre pautas que precisam ser lembradas e discutidas e que celebrem os avanços da mulher na sociedade em temas delicados como a política e a economia, lembrando sempre que o lugar da mulher é onde ela quiser estar e como ela vai querer dar voz a sua fala enquanto sujeito feminino.

Ao longo da história, as mulheres foram dispondo de seus direitos a passos lentos, como trabalhar, votar, se divorciar, entre tantos outros. Para participar ativamente e se tornar tema central de estudos acadêmicos não seria diferente. A trajetória das mulheres foi marcada por uma progressão gradual até que elas fossem reconhecidas como dignas de serem pesquisadas e de produzirem pesquisa. A historiadora Branca Zilberleib, somando-se ao grupo das mulheres que contrariaram esse processo, estudou personalidades femininas à frente de seu tempo para produzir sua dissertação de mestrado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Intitulada A mulher como problema de pesquisa em História: emergência de estudos sobre mulheres e gênero na historiografia brasileira recente (1973-2001), a pesquisa foi realizada entre 2019 e 2022, com a orientação do professor Miguel Soares Palmeira, da FFLCH. “Eu queria saber como a mulher passou a estar no horizonte das perguntas que os historiadores fazem para entender o passado”, explica a historiadora. Depois da definição do tema, Branca seguiu para o levantamento de dissertações, teses e textos resultantes de pesquisas de história, feitos após a década de 1970, que tratassem centralmente de mulheres.

Branca analisou as trajetórias de estudiosas como Maria Odila Leite da Silva Dias, Miriam Lifchitz Moreira Leite, Rachel Soihet, Margareth Rago e Joana Maria Pedro, importantes referências na constituição e divulgação do campo de estudos de História das Mulheres e Relações de Gênero. Entre os temas desenvolvidos por essas estudiosas, estão as atividades de mulheres em indústrias alimentícias e têxteis, em trabalhos informais, relacionamentos amorosos, formas de violência feminina e muitos outros.

O recorte temporal estabelecido relacionou trabalhos em que as mulheres passaram a ser objeto de estudos de história, concomitante ao período da segunda onda do feminismo. O movimento feminista, que surgiu nos Estados Unidos na segunda metade da década de 1960, se espalhou para diversos países industrializados entre 1968 e 1977, como o Brasil. A reivindicação central do movimento é a luta pela libertação e por direitos da mulher, um processo que transformou o conjunto de estudos de história no Brasil a partir da inclusão de uma nova perspectiva feminina.

A década de 1970 também acompanhou a expansão das universidades, processo que alavancou a entrada de mulheres nestes espaços. “As mulheres terem se tornado uma força política de relevância, assim como estarem dentro da universidade como pesquisadoras e professoras, permitiu que elas se tornassem também objeto de pesquisas de áreas diversas”, explica Branca em seu mestrado. Em outras palavras, “a mulher só se torna um objeto de pesquisa quando ela mesma começa a fazer pesquisas”, complementa a pesquisadora.

Uma história recente

Após observar o material reunido, Branca constatou que o campo de estudos de história das mulheres e das relações de gênero é muito jovem. “Nos anos 1970, eu encontrei estudos isolados. Inicialmente não há um campo de estudos dedicado a esse tema, com pessoas, conceitos, congressos e encontros”, afirma ela. “Só vai aparecer um conjunto de pessoas dedicadas a esse tema a partir da década de 1990, então é muito recente”, lamenta Branca.

Branca observou que o atraso da história ao falar de mulheres se dá, entre outros motivos, pela diferença de recursos recebidos para financiar pesquisas sobre esse tema. Porém, de acordo com a pesquisadora, esse processo foi essencial para colocar a temática na agenda de estudos de história.

Resistência feminina

De maneira geral, a produção acadêmica do momento era pensada e criada por mulheres, com uma participação ínfima de homens em suas autorias. “São historiadoras escrevendo sobre mulheres. E, quando esses trabalhos formam um campo de estudo, essas mulheres também se tornam as especialistas no assunto”, aponta Branca.

No entanto, o machismo existente na estrutura social da época interferiu no reconhecimento dos trabalhos produzidos. “Existe uma disputa profissional dessas historiadoras, afinal elas estão emplacando um campo de estudo, em alguma medida, sobre elas mesmas. Junto a isso, há um machismo que impede o reconhecimento da importância dessa temática e dos debates que foram feitos a esse respeito”, afirma a pesquisadora da FFLCH. Na pesquisa, ela cita balanços historiográficos em que as historiadoras dizem não serem vistas como parceiras plenas dos historiadores.

Apesar disso, a busca pela inclusão das mulheres nos estudos historiográficos se tornou quase uma missão social. “O não reconhecimento das mulheres como sujeitos dignos de serem historiados é o mote a partir do qual tais estudos começaram a se fazer”, conta Branca em seu mestrado. “Há um uso estratégico feito na invocação de uma falta de reconhecimento, um motivo aglutinador e mobilizador para as pesquisadoras do campo e que permanece vigente”, complementa.

Outra estratégia utilizada por muitas pesquisadoras foi a de se unir a homens influentes na produção de estudos acadêmicos, a fim de consolidar suas próprias ideias. “Quando se busca introduzir uma temática nova, é preciso se aliar àqueles que têm poder em relação à produção de pesquisas”, observa Branca. “A dimensão prática de um desenvolvimento teórico tem uma série de negociações por trás, com alianças que estão sendo postas”, completa.

Olhando de baixo

Em entrevista ao Jornal da USP, Branca explica que houve uma vertente da historiografia, chamada História Vista de Baixo, que se refere à história de operários, mulheres, trabalhadores informais e pessoas comuns em suas rotinas diárias. “É olhar como as populações pensam, como se relacionam e se manifestam no espaço público e privado”, explica a pesquisadora.

Nesse sentido, a identificação da participação feminina na história também se deu por essa busca pelos “de baixo”, através da análise de contextos cotidianos em que as mulheres estiveram inseridas. “Algumas historiadoras foram estudar mulheres que são ‘de baixo’, das classes populares”, conta a pesquisadora da FFLCH.

Mais informações: brancazilberleib@gmail.com

 


USP precisa de voluntárias para pesquisa sobre práticas de exercícios físicos

A Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP busca mulheres para serem voluntárias em pesquisa que vai comparar os benefícios gerados à saúde em treinar em academia versus na natureza.

Podem participar mulheres com idade entre 50 e 69 anos, que moram em Ribeirão Preto ou região e que não praticam exercícios físicos há pelo menos seis meses. O projeto terá intervenção de 12 semanas de exercícios físicos. Antes e após essas 12 semanas serão realizadas avaliações para verificar diversos parâmetros de saúde, como: força muscular, capacidade cardiorrespiratória, colesterol, triglicérides e quantidade de gordura e massa muscular.

O projeto de pesquisa é do doutorando João Gabriel Ribeiro de Lima, com participação do mestrando Adriano Bruno Corrêa e orientação do professor Carlos Roberto Bueno Junior, da EEFERP.

Serviço:

Inscrições e mais informações: exerusp@gmail.com ou pelos telefones (19) 99385 9701 (João) ou (16) 99286 5117 (Adriano).

 


Quase 70% dos informais desejam ter um registro em carteira, diz pesquisa da FGV

A grande maioria dos trabalhadores e trabalhadoras, 69,6% deles, gostaria de ter novamente o ‘registro em carteira’, ou seja, terem um contrato de trabalho com carteira assinada, direitos e benefícios conforme reza a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Entre os trabalhadores que ganham até dois salários mínimos, o percentual é 74,9%. Entre os que ganham mais de dois salários, o percentual também não é pequeno - chega a 56,7%. Esse é o resultado da pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vagas (Ibre-FGV), com dois mil trabalhadores informais.

Hoje, a realidade do mercado de trabalho após a reforma Trabalhista de 2017 é de um grande contingente de trabalhadores pejotizados, ou seja, aqueles que trabalham em um regime de contratação em que têm de abrir, em geral, uma Microempresa Individual (MEI), para poderem receber a remuneração mediante apresentação de nota fiscal.

Há ainda um grande número de trabalhadores precários que apenas prestam serviço, os chamados bicos, sem nem mesmo ter uma MEI que, ainda que não se configure como trabalho formalizado, garante contribuições previdenciárias.

Essa grande massa, que representa hoje 39,4% da força de trabalho no Brasil, é uma fatia da classe trabalhadora que não têm nenhum dos direitos garantidos pela CLT, como 13° salário, férias e FGTS.

E a falta de direitos para quem é pejotizado ou não possuiu nenhum vínculo de trabalho e, em especial, os benefícios que a maioria dos postos de trabalho costumam ter, é apontada como fator determinante para que os trabalhadores anseiem pelo ‘registro em carteira’.

“O trabalhador que está na informalidade acabou sendo empurrado para essa condição após a reforma Trabalhista de 2017. Além da imposição do mercado de trabalho, grande parte teve a ilusão de que ser PJ era ser patrão de si mesmo, com maior salário, maior controle sobre seus próprios horários, mas com o passar do tempo viu que isso era uma grande ilusão”, diz o secretário de Administração e Finanças da CUT, Ariovaldo de Camargo.

Mas essa ilusão não é por culpa do trabalhador. A grande maioria foi incitada a pensar que ser informal teria suas vantagens. “Desde a reforma Trabalhista, a informalidade tem sido resultado de um processo em que muitos trabalhadores foram enganados e levados à conclusão rápida de que seria melhor, mas a realidade trouxe um conjunto grande de desempregados que prestam algum serviço de maneira informal. A realidade mostrou que o mercado de trabalho se deteriorou e os trabalhadores foram os mais prejudicados, diz Ari.

Por isso, ele afirma, que hoje a maioria entende que é muito melhor ter uma condição em que possui alguma estabilidade econômica dada pelas garantias dos contratos de trabalho via CLT. “É contar com aquele recurso, fruto do vínculo empregatício, todo mês, com proteção social maior, com os benefícios que acabam tendo com o contrato de trabalho em função dos acordos”.

A garantia dos direitos é outro ponto citado pelos dirigentes da CUT. “Se um trabalhador formalizado acaba sendo prejudicado, o patrão não paga seus direitos ele pode recorrer à Justiça e o registro em carteira, o contrato de trabalho pela CLT, é o que baliza sua reivindicação, ou seja, é uma garantia de que vai ter seus direitos cumpridos”, diz o secretário de Assuntos Jurídicos da CUT, Valeir Ertle.

Além disso, quando um trabalhador informal é dispensado, “ele sai com uma mão na frente e outra atrás”, reforça Valeir explicando que, em geral, o máximo que acontece é um aviso com antecedência sobre a dispensa.

Benefícios

Fruto das lutas e negociações do movimento sindical com as empresas, os benefícios, na avaliação dos dirigentes, têm peso fundamental para preferência dos trabalhadores pelo contrato formal de trabalho.

Esses benefícios acabam compondo a renda e fazendo parte do orçamento mensal dos trabalhadores. Entre os mais comuns estão:

Vale transporte

Vale alimentação

Vale refeição

Plano de saúde

Plano odontológico

Auxílio creche

Participação nos Lucros e Resultados (PLR)

“Ao longo da história, não há nenhuma cláusula que não fosse conquista dos sindicatos nas negociações coletiva. Todos esses mecanismos deixam de existir quando você tira o trabalhador da condição de ter essas cláusulas, ou seja, quando não há mais a relação formal de trabalho”, diz Ariovaldo de Camargo ao explicar que os informais não têm nenhum direito.

A pesquisa

Outros números do levantamento feito pelo IBGE mostram que 33,1% dos informais gostariam de ter um salário fixo. Outros 31,4% vislumbram conquistar os mesmos benefícios garantidos aos trabalhadores CLT em uma mesma empresa.

Do outro lado, 14,3% dos trabalhadores por conta própria entrevistados querem continuar informais porque têm flexibilidade de horários.

Apenas 11,9% acreditam que conseguem rendimento maior sendo informal.

A pesquisa mostra ainda que 87,7% dos trabalhadores “sem registro” afirmam que gostariam de ter uma ocupação mais formalizada seja um contrasto via CLT ou mesmo ser prestador de serviço MEI.

Fonte: CUT

 


Salário mínimo no Brasil é o segundo menor entre 31 países, mostra OCDE. E governo Bolsonaro ainda quer piorar a situação

O salário mínimo no Brasil é o segundo menor de uma lista de 31 países feita pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), à frente apenas do México. O ranking, que tradicionalmente tem 32 países, não considerou o Japão nesta edição. Além dos países da OCDE, a lista incluiu o Brasil e a Rússia. Atualmente, o salário mínimo no Brasil é de R$ 1.212. No ano passado, período considerado para a pesquisa, era de R$ 1.100.  O atual salário mínimo do governo Bolsonaro não é suficiente nem para a compra da cesta básica do brasileiro.

O levantamento utilizou o dólar como moeda-base, e os salários foram ajustados pela paridade do poder de compra (PPP na sigla em inglês). Ainda segundo a OCDE, na elaboração do cálculo também é considerada a inflação de casa país.

Segundo o ranking, o Brasil possui um salário mínimo médio de US$ 2,2 por hora. O Brasil ocupa a segunda pior colocação no ranking desde 2018, quando foi ultrapassado pela Rússia.

O México, pior colocado da lista, tem o salário mínimo médio de US$ 1,6 por hora. Luxemburgo lidera o ranking, com um salário mínimo médio de US$ 13,4 por hora, seguido pela Austrália com US$ 12,8 por hora, e pela França, com US$ 12,6. O salário mínimo do Brasil é inferior ao da Letônia (US$ 5/h), Hungria (US$ 5,6/h), Costa Rica (US$ 4,3/h) Turquia (US$ 6,8/h). Na América Latina, o Brasil fica atrás de países como Chile (US$ 3,6/h) e Colômbia (US$ 2,9/h)

Apesar de não apresentar variação na posição nos últimos anos, o estudo indica uma redução na média do salário mínimo real no Brasil em 2021, se comparado com o ano anterior. De acordo com o levantamento, em 2020, o país tinha um salário mínimo médio de US$ 2,3 por hora.

Ministro da Economia, Paulo Guedes, tem um plano que prevê deixar de reajustar o salário mínimo e a aposentadoria pela inflação do ano anterior

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem um plano que prevê deixar de reajustar o salário mínimo e a aposentadoria pela inflação do ano anterior, caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) consiga a reeleição. Pela proposta, o piso “considera a expectativa de inflação e é corrigido, no mínimo, pela meta de inflação”. O gasto com benefícios previdenciários “também deixa de ser vinculado à inflação passada”.

O projeto prevê apunhalar quem depende do salário mínimo, pois prevê a desindexação do piso e dos benefícios previdenciários, que hoje são corrigidos pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do ano anterior. Isso garante  ao menos a reposição da perda pelo aumento de preços observado entre famílias com renda de até cinco salários mínimos. A correção pela expectativa de inflação ou pela meta acarretaria em um reajuste muito menor do que o praticado hoje, que sequer garantiria o poder de compra.

Pela Constituição, o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e de sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Sendo assim, o salário mínimo necessário medido pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) é 5,2 vezes maior do que o salário mínimo em vigência no Brasil.  O salário mínimo necessário ao custo de vida do brasileiro era de R$ 6.298,91 em agosto. Passou para R$ 6.306,97 em setembro deste ano.

Fonte: Com informações das agências de notícias.

 


Escritório USP Mulheres apresenta dados sobre a presença feminina na Universidade

Em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, o Escritório USP Mulheres promoveu no dia 8 de março, o debate “O caminho para a equidade de gênero: compromisso de ação da USP”. No evento, foram apresentados dados levantados pelo Escritório sobre gênero na Universidade.

De acordo com a pesquisa, entre os anos 2000 e 2019, a população da USP registrou um crescimento de 37,9%, a uma média de 2% ao ano. Na comparação entre os gêneros, os homens mantiveram-se como maioria da população da USP, alternando de 54,3% no ano 2000 para 53,2% em 2019. As mulheres passaram de 45,7% no início da série para 46,8% no último ano observado. O desempenho de cada gênero em relação ao seu próprio histórico mostra as mulheres ampliando a sua presença em 41,2% no período, enquanto os homens ampliaram em 35,1%.

Na graduação, houve crescimento acentuado dos graduandos homens até 2009, enquanto as graduandas mulheres cresceram de maneira mais uniforme até 2014. O período seguinte, de 2014 até 2019, foi basicamente de crescimento para os homens (4%) e uma leve queda para as mulheres (-2%). A distribuição entre homens e mulheres na pós manteve-se igualitária, com 50% cada.

As informações foram apresentadas pelo pesquisador Rodrigo Correia do Amaral. A iniciativa integra o Observatório USP Mulheres, uma página gerida pelo Escritório para divulgar informações relativas às questões de gênero e subsidiar o planejamento de novas políticas.

“Sem dados não há como formular políticas públicas e levantar informações sobre as condições de gênero na Universidade foi uma das diretrizes da gestão que me antecedeu. Meu desafio agora é levar adiante esse legado que, por si só, já é bastante rico”, afirmou a coordenadora do Escritório USP Mulheres, Adriana Alves, na abertura do debate. A coordenadora também ressaltou que uma das metas de sua gestão é iniciar tratativas com representantes da Unesp e da Unicamp para traçar, de forma conjunta, um plano de equidade de gênero para as universidades paulistas.

“Quando temos diferenças e desigualdades na sociedade, nós precisamos buscar políticas ativas para modificá-las. Nós não devemos deixar que as mulheres lutem por igualdade enquanto os homens ficam apenas observando o movimento. Precisamos ser ativos, colaborativos para mudar essa situação. É essa postura que eu e a vice-reitora Maria Arminda temos trazido para a Reitoria”, afirmou o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior.

A vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda, ex-coordenadora do Escritório USP Mulheres, lembrou que “no Escritório eu tive a colaboração de mulheres e de homens notáveis. Gênero é uma categoria relacional e não existe a categoria gênero sem o outro. Nós não existimos sem os outros e viver com os outros é a aventura da vida. A proposta agora é refletir sobre os padrões igualitários a partir desses dados”. Foi em sua gestão como coordenadora que a pesquisa começou a ser desenvolvida.

A abertura do evento também contou com a participação da pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária, Marli Quadros Leite, representando as gestoras da USP.

Para fechar a programação do dia, a diretora do Programa Internacional Justiça de Gênero, Racial e Étnica da Fundação Ford, Nicolette Naylor, ministrou uma conferência sobre os desafios da inclusão, em instituições públicas e privadas.

 


Outubro Rosa: INCA lança campanha de prevenção ao câncer de mama

Em 2020, mais de 2,3 milhões de mulheres no mundo descobriram que estavam com câncer de mama. Esse tipo de tumor é o que mais acomete a população feminina brasileira e representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas.  Também é o câncer que mais mata e para alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância fundamental da prevenção e do diagnóstico precoce da doença que existe a campanha do Outubro Rosa.

Cerca de oito mil casos de câncer de mama tiveram relação direta com fatores comportamentais, como consumo de bebidas alcoólicas, excesso de peso, não ter amamentado e inatividade física. O número representa 13,1% dos 64 mil casos novos de câncer de mama em mulheres com 30 anos e mais, em todo o País, de acordo com dados do INCA.

Em outro recorte, relativo a 2018, o estudo retrata que o gasto para tratamento da doença no SUS passou dos R$ 813 milhões. Os quatro principais fatores de risco representaram 12,6% de todo o custo, ou R$102,5 milhões. A inatividade física correspondeu à maior fração do valor total (4,6%), seguida pelo não aleitamento materno (4,4%), excesso de peso (2,5%) e consumo de bebida alcoólica (1,8%).

“Fica evidente que ações de prevenção do câncer, em especial promoção da atividade física, podem ser extremamente eficazes não somente para tornar a vida das pessoas mais saudável como para diminuir os gastos do SUS em oncologia”, diz a responsável pela pesquisa, Maria Eduarda Melo.

Mortalidade

Em 2019, o Brasil registrou 18.068 mortes por câncer de mama, sendo o principal tipo da doença que leva mulheres a óbito. Projeções do INCA até 2030 apontam para a estabilidade das taxas de mortalidade entre 30 e 69 anos, mas ainda estão bem distantes dos 30% de redução estabelecidos pela Organização das Nações Unidas. Uma das metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030 é reduzir em um terço das mortes prematuras por doenças crônicas não transmissíveis, entre elas, o câncer.

Câncer de mama é uma doença que está bastante presente na sociedade. E, por isso, é muito estudado no meio científico, com tratamentos altamente eficientes. Por isso, não é preciso ter medo do diagnóstico, pois não é uma sentença de morte”, destaca o mastologista Marcelo Bello, diretor do Hospital de Câncer III, especializado no tratamento do câncer de mama.