Créditos: Imprensa SINSSP

O dia 14 de junho marca o Dia Mundial do Doador de Sangue. A data, instituída em 2005 pela Organização Mundial da Saúde, tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância do gesto que salva vidas. O Brasil de Fato ouviu algumas pessoas que têm o hábito de doar para contarem a importância disso.

“Na minha vida eu tive um episódio de saúde aos 11 anos em que eu passei por uma apendicite supurada, que é quando a inflamação do apêndice estoura. Tive uma infecção no abdômen, fiquei em uma situação muito grave e precisei de transfusão de sangue em função do procedimento cirúrgico e de toda gravidade. Eu nunca esqueci daquilo, então eu comecei a doar sangue”, relata o acupunturista e professor Edison Nogueira da Fontoura, 51 anos, e que há dez é doador.

“[A doação] mostra que todos nós estamos ligados de alguma forma e que essa ligação não se desfaz. Além do sangue ser uma substância vital, que mantém a vida, alimenta, nutre e dá sustentação, a doação é um ato de cidadania, de doação de uma pessoa para outra, um ato de civilidade e humanidade. A doação de sangue é uma forma voluntária e silenciosa de praticar a paz e a fraternidade. E também é um ato político importantíssimo, ressalta.

A assistente social Aléxia Prestes Aires, 24 anos, é doadora há oito. O ato é “herança” de família, pois sua mãe é doadora há anos e sempre a incentivou a seguir o mesmo caminho. Assim que completou 16 anos, idade mínima para poder fazer a doação, fez a sua primeira. “Comecei a doar por compreender a importância de salvar vidas e de como isso faz a diferença para pessoas que por algum motivo precisam receber aquela doação. Sigo doando sempre que posso, pois cada doação pode salvar até quatro pessoas”, conta.

Trabalhadora no Sistema Único de Saúde, Aléxia sabe na prática a diferença que a doação faz na vida de pacientes. Doadora universal (tem sangue O-), ela explica que além da doação de sangue, existe também a de plaquetas, que é destinada normalmente a pacientes com leucemia, câncer, anemia ou que fazem algum tratamento oncológico.

A presidenta do Sindicato dos Servidores Públicos do RS (Sindisepe-RS), Diva Luciana da Costa, começou a doar sangue por considerar uma forma de ajudar as pessoas. A primeira vez foi para ajudar o pai de uma amiga que precisava de doação. “Até então eu não tinha me dado conta do quão importante é, e que é uma coisa mínima que a gente faz. Porque tu senta ali naquela cadeira, eles retiram uma quantidade de sangue, não muda nada porque não te faz falta aquela quantidade de sangue para tu tocar a tua vida adiante. E é tão importante para tantas pessoas”, afirma.

“Aquela quantidade que tu entrega voluntariamente vai ajudar a salvar vidas, muitas vezes, ou evitar complicações, e vai cuidar da saúde de pessoas que tu não faz ideia de quem sejam”, destaca Diva, que doa regularmente desde 2012.

A farmacêutica e servidora da Secretaria Estadual da Saúde (SES) do Rio Grande do Sul, Ediane Cardoso Lopes, 52 anos, que atualmente trabalha no hemocentro do estado, conta que já era doadora de sangue muitos anos antes de trabalhar no local. A servidora fez sua primeira doação há mais uma década. “Sempre a minha motivação é a possibilidade de auxiliar outras pessoas que estão em um momento difícil, de vulnerabilidade, uma limitação de saúde por diversas questões”.

Por trabalhar no hemocentro, afirma que consegue compreender ainda mais a importância da doação “O sangue é um fluido biológico que não existe outro substituto que não a partir da doação de um outro ser humano. É um ato lindo podermos auxiliar com recurso que é natural nosso e que faz bem também para o doador.” Ela ainda pontua que atualmente, com a complexidade das doenças e dos tratamentos, há uma dificuldade maior de encontrar doadores compatíveis com os pacientes que estão em necessidade.

Doar é seguro

“Doar sangue é um ato de amor, de valorização à vida. Fora as limitações e impedimentos de saúde ou alguma outra limitações, do que depende da nossa vontade não tem o que impediria a doação de sangue. Pode ser o medo, o receio, mas a doação de sangue é um ato seguro tanto para o doador quanto do receptor”, afirma. “Doem sangue”, finaliza Ediane.

Em 2019, durante greve, servidores públicos do estado fizeram doação coletiva de sangue no Hemocentro da Capital, muitos deles pela primeira vez. O Hemocentro abastece em torno de 40 hospitais e mais de 100 municípios gaúchos. Toda bolsa é 100% do Sistema Único de Saúde (SUS), seja ela utilizada na rede pública ou na rede privada. São necessárias cerca de 100 bolsas de sangue doadas todos os dias para suprir a demanda. Uma doação de sangue é capaz de salvar até quatro vidas.

Secretaria alerta para o estoque baixo de sangue

De acordo com a SES, o número de doadores de sangue no Rio Grande do Sul ainda não voltou ao patamar pré-pandemia. Em 2019, o RS registrou 79.866 doadores, entre novos e os de repetição – pessoas que doaram pelo menos duas vezes no período de 12 meses. Em 2020, esse número caiu para 70.930. A situação melhorou um pouco no ano passado, quando foram reportados 75.290 doadores, contudo, ainda abaixo de 2019.

“Os estoques de sangue estão baixos. Estamos em um processo de colocá-los em nível regular mas seguimos precisando que os doadores mantenham suas doações de forma sistemática. Necessitamos todos os dias de doadores tendo em vista que existem situações de emergência para o uso do sangue mas também situações de doenças crônicas que utilizam o sangue enquanto tratamento. Por essa razão necessitamos que as doações ocorram todos os dias”, ressalta a pasta. A secretaria destaca que há necessidade de todos os tipos sanguíneos, tendo em vista o atendimento em todo o estado, principalmente os tipos O+ e O-.

A SES frisa ainda que a doação de sangue e seu processamento são fundamentais para pacientes que necessitam de transfusão, como vítimas de acidentes, que necessitam de cirurgias ou outras situações clínicas.

“Se cada cidadão saudável doasse sangue pelo menos duas vezes por ano, não seriam necessárias campanhas emergenciais para coletas de reposição de estoques. É de suma importante a doação pois não há substituto para o sangue. Somente através do ato solidário e altruísta num movimento de empatia para com o próximo é que é possível obtê-lo e assim aqueles que necessitam obterem êxito em seus tratamentos de saúde”, complementa.

O que é preciso para doar?

– Estar em boas condições de saúde;

– Apresentar documento oficial de identidade com foto;

– Ter idade entre 16 e 69 anos, sendo que os candidatos a doadores com menos de 18 anos deverão estar acompanhados pelos pais ou por responsável legal;

– Pesar no mínimo 50 kg;

– O limite de idade para a primeira doação é de 60 anos;

– Não estar em jejum e evitar alimentação gordurosa;

– Ter dormido pelo menos 6 horas antes da doação;

– Não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação;

– Não fumar pelo menos duas horas antes da doação.

Quais são os impedimentos temporários?

– Gripe ou febre;

– Gestantes ou mães que amamentam bebês com menos de 12 meses;

– Até 90 dias após aborto ou parto normal e até 180 dias após cesariana;

– Tatuagem ou acupuntura nos últimos 12 meses;

– Exposição a situação de risco para HIV (múltiplos parceiros sexuais, ter parceiros usuários de drogas);

– Herpes labial.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira