Exposição sobre Nise da Silveira mostra ‘revolução pelo afeto’ no tratamento psiquiátrico

Começou no dia 09/12 e vai até 26 de março a mostra Nise da Silveira: a revolução pelo afeto, no Sesc Belenzinho, zona leste de São Paulo. A exposição que já passou pelo Rio de Janeiro, por Belo Horizonte e Muriaé (MG), “celebra e discute o legado da psiquiatra alagoana responsável por uma profunda transformação no campo da saúde mental”. A entrada é gratuita (veja mais informações abaixo).

“A Nise criou um método clínico centrado no afeto. Ela é herdeira de Juliano Moreira, de Baruch Espinoza, de Sigmund Freud, de Carl Gustav Jung. E Jung foi aluno de Freud e professor da Nise, na Suíça. Homens revolucionários, que abandonaram a ideia do corpo máquina e trabalharam com a abordagem centrada na subjetividade, na emoção, na identidade, na simbologia, nas narrativas que restauram as memórias. A nossa dificuldade hoje é não deixar o afeto se apagar em um momento em que tudo virou máquina”, afirma o consultor e psiquiatra Vitor Pordeus. Ele trabalhou de 2009 a 2016 Instituto Municipal Nise da Silveira e é um dos fundadores do chamado Hotel da Loucura, projeto baseado nas experiências da pioneira, que morreu em 1999, aos 94 anos.

Tratamento humanizado

Assim, a exposição, segundo os organizadores, é fundada em três eixos: Contexto, dor e afeto, Ser mulher, ser revolucionária e Engenho de Dentro: inconsciente e território. Traz a discussão sobre loucura e “normalidade” e mostra a resistência, simbolizada por Nise, contra métodos violentos e tratamento degradante em hospitais psiquiátricos. Ela desenvolveu tratamentos por meio da expressão artísticas dos pacientes. Nome de um bairro na zona norte do Rio de Janeiro, Engenho de Dentro era um hospital psiquiátrico que hoje leva o nome de Nise da Silveira.

“Atenta às discussões e pesquisas não só da psiquiatria, mas dos estudos científicos ligados à subjetividade, Nise da Silveira contribuiu para reposicionar o debate sobre internação e tratamento da esquizofrenia”, afirmam os responsáveis pela mostra “Para isso, incluiu as práticas com materiais expressivos na rotina dos internos que estavam sob sua responsabilidade, observando tanto o modo como manejavam ferramentas artísticas e realizavam suas obras quanto as imagens que surgiam desse trabalho criativo.” A exposição traz obras que compõem o acervo do Museu de Imagens do Inconsciente, criado por ela em 1952.

Além disso, Nise da Silveira foi incluída neste ano no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. O atual presidente da República chegou a vetar a lei, mas o veto foi derrubado pelo Congresso.

Serviço

Nise da Silveira: a revolução pelo afeto

Local: Sesc Belenzinho (rua Padre Adelino, 1.000)

De 9 de dezembro de 2022 a 26 de março de 2023

Funcionamento:  Terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e Feriados, das 10h às 18h

Acessibilidade: Rampas, elevadores, pisos tátil, banheiros adaptados e outros equipamentos acessíveis.

Estacionamento: de terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h (Credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2 por hora adicional. Não credenciados: R$ 12 e R$ 3)

Fonte: RBA

 


Trabalho remoto: solução ou problema para a saúde mental?

A pandemia da Covid-19 acelerou o debate dos especialistas sobre a implementação do trabalho remoto como solução para os problemas que afetam a saúde mental e um encontro com o tão sonhado estilo de vida que mescla o desempenho satisfatório das atividades profissionais com o lazer, convívio social e a realização de hobbies.

Pesquisas tem revelado que essa nova relação de trabalho apresenta divergências com resultados positivos e negativos para o trabalhador que afetam diretamente a sua saúde física e mental e o seu bem-estar social e familiar.

Segundo matéria publicada na BBC Brasil, pesquisadores do relatório New Future of Work ("O novo futuro do trabalho", em tradução livre), publicado pela Microsoft em 2022, indicaram que o trabalho remoto pode “aumentar a satisfação profissional”, como também “fazer com que os funcionários se sintam "socialmente isolados, culpados e tentem fazer compensações".

O fato é que foi dado uma grande publicidade positiva sobre o home office e, agora que está sendo experimentado na prática, os resultados não estão sendo como o esperado, dividindo opiniões de especialistas, pesquisadores, trabalhadores e empregadores.

Os efeitos negativos dessa nova relação de trabalho para algumas pessoas são menores e para outras bem maiores. Pesquisas mostram que o home office aumentou a carga horária dos trabalhadores e cerca de 80% dos funcionários britânicos tiveram prejuízo na saúde mental após trabalhar remotamente.

Para os profissionais que avaliam o trabalho remoto de forma positiva a inserção dos exercícios físicos na rotina diária, o tempo para cuidar dos filhos e participar da vida escolar deles, o fim da “síndrome de domingo à noite”, a ausência do trânsito caótico das grandes cidades, são alguns pontos que favorecem o novo modelo de trabalho.

Já a falta do convívio social nos corredores ou nos refeitórios dos escritórios ou ações que parecem sem importância como falar do final de semana, cumprimentar o colega, horário indefinido para terminar o expediente, aumento significativo das metas e de reuniões virtuais e principalmente das tarefas, são alguns pontos que causam forte impacto no bem-estar do profissional que considera a experiência negativa.

De acordo com a reportagem da BBC Brasil, “uma sondagem demonstrou que 81% das pessoas com menos de 35 anos de idade se sentiram solitárias trabalhando em casa por longos períodos e estudos mostraram maiores níveis de estresse e ansiedade entre profissionais jovens desde a mudança para o trabalho remoto”.

Os jovens quando entram para a vida profissional tendem a sentir necessidade de aflorar as experiências nos ambientes dos escritórios por conta do convívio social o que diferencia a situação de uma mãe, por exemplo, que prefere estar trabalhando de casa para acompanhar o desenvolvimento do filho mais de perto. A diferença entre as necessidades de cada indivíduo pode explicar os dados sondados pelos pesquisadores.

Como buscar o equilíbrio entre trabalho remoto e saúde mental?

Até aqui pudemos perceber que a transição do trabalho presencial para o remoto não está sendo fácil para os profissionais e essa adaptação está dificultando a projeção de um modelo de trabalho que funcione bem para empresa e empregado e se esta nova relação de trabalho trará benefícios e, em caso positivo, se esses benefícios são capazes de superar as desvantagens construídas neste processo.

A busca desse equilíbrio será diferente para cada profissional, cada empresa, o que pode funcionar para um cenário, pode não funcionar em outro. A situação é muito complexa, o que dificulta as reais condições de um home office saudável que some a qualidade de vida e saúde mental de forma positiva.

Para os funcionários do INSS há muita similaridade com o que foi apurado pela pesquisa inglesa, onde alguns preferem o serviço remoto para fugir do trânsito caótico dos grandes centros urbanos, outros preferem o trabalho presencial, para ficarem mais próximos dos colegas de trabalho, das chefias e do atendimento ao público.

Não há um consenso, mas o que se sabe é que se faz necessário um acompanhamento mais próximo desses trabalhadores em home office, para que se mantenha um equilíbrio físico e mental adequado e rever questões como metas abusivas e um controle mais efetivo dos períodos de descanso e intervalos para evitar um adoecimento generalizado desses trabalhadores.

O MEGAFONE, o canal de Podcast do SINSSP, conversou sobre esse tema com a psicóloga Cristiane Zulini, especialista em cuidados e prevenção da saúde mental, trazendo abordagens na pandemia, no universo pós pandêmico, nas novas relações de trabalho com o home office e o que fazer para manter o equilíbrio profissional no trabalho remoto.

Clique aqui para ouvir e depois deixe nos comentários a sua experiência com o home office ou a sua opinião sobre o assunto.

Com informações da BBC News Brasil.