Campos Neto quer entregar a empresa estrangeira US$ 380 bilhões das reservas do país
O presidente do Banco Central (BC) Campos Neto disse que pode entregar as reservas de 380 bilhões de dólares (em reais 1,8 trilhão) do Brasil para serem gerenciadas por fundos estrangeiros. (veja o que ele disse abaixo). Essas reservas cambias que protegem o país em crises financeiras internacionais, foram construídas durante os governos Lula e Dilma do PT.
Políticos , influencers e usuários das redes sociais criticaram a proposta do presidente do BC e economistas endossaram o coro das críticas, como Marcio Pochmann da Unicamp e Leda Paulani, professora titular da Faculdade de Economia e Administração da USP.
Para a economista, a proposta de Campos Neto de induzir um intermediário, que não tem o mínimo comprometimento em defender os interesses nacionais – as reservas cambias são propriedade do Brasil e não de um agente privado - é absolutamente desnecessária.
“Introduzir um terceiro que nada tem a ver com o país no gerenciamento dessas reservas, é ter como consequência menos autonomia e soberania. As reservas cambias são o grande trunfo que o país tem para que sofra menos nas crises financeiras internacionais”, diz Paulani.
A economista cita como exemplos de crises a pandemia da covid 19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia, que não trouxeram nenhum problema macroeconômico no fechamento das contas externas do Brasil.
“As reservas são uma espécie de lastro do país, não são propriedade de ninguém e estão sob a guarda do BC. Terceirizar é desnecessário e só traz mais problemas ao país”, ressalta.
Para Paulani a ideia de Campos Neto vai ao encontro do pensamento liberal econômico de que empresas privadas têm maior capacidade e competência, o que não é verdade.
Esses fundos são agressivos em termos de aplicações e podem trazer prejuízos financeiros ao país. Não sabemos quem está por detrás deles. O BC não pode abrir mão dessa tarefa institucional; simplesmente não pode
- Leda Paulani
Repensar o uso das reservas cambiais
O economista da Unicamp, Marcio Pochmann também critica a ideia que considera um “descalabro”.
“É óbvio que essa ideia de terceirizar a aplicação das reservas foge da lógica que um BC deveria ter”, afirma.
O que Pochmann, no entanto, questiona é a forma atual de gerenciamento de nossas reservas por parte do BC que é a compra de títulos do governo norte-americano que atualmente rendem pouco e só favorecem aos EUA que têm as suas dívidas financiadas pelo Brasil. Para ele, nossas reservas cambiais poderiam também ser utilizadas em produtividade.
Para o economista, o deslocamento de aplicação de reservas em dólar por produtividade e não financeira trariam maior rentabilidade aos recursos do país. Segundo ele o Brasil tem recursos mais do que suficientes pra conter balanços de pagamentos, que até os anos 1980 /1990 eram comprometidos.
“Um fundo tem maior rentabilidade quando aplicado em produtividade e não comprando títulos norte-americanos. Os fundos soberanos de países como os Emirados Árabes, China e Canadá são utilizados para a compra de ativos. Os árabes compram a refinaria da Petrobras na Bahia. É uma forma de investir visando um maior rendimento, o que o Brasil não faz”, defende.
Posicionamento político de Campos Neto
A economista Leda Paulani considera que a ideia do presidente do BC em privatizar os fundos soberanos do país é um posicionamento político, a exemplo do que ele vem fazendo ao manter a taxa de juros, a Selic, em 13,75%.
A posição dele é completamente política. Desde janeiro a taxa de juros está num patamar absurdo e a inflação dos últimos 12 meses está baixa. Não há capitalismo que vá em frente”, critica.
Paulani ressalta que o Brasil tem atualmente uma das inflações mais baixas do planeta e que a justificativa de Campos Neto de que as taxas de juros dos bancos centrais de países europeus e dos EUA estão subindo nada tem a ver com a situação do nosso país.
“Esses países subiram suas taxas de juros porque estão sofrendo com um processo inflacionário, o que não ocorre aqui. Nossa inflação está em torno de 3% e com a Selic a mais de 13% significa um juro real de 10%. É uma das taxas mais absurdas do mundo. Não tem justificativa a não ser que é uma decisão política de Campos Neto”, analisa a economista.
O Banco Central se tornou independente do governo federal na gestão de Jair Bolsonaro (PL), com o apoio do Congresso Nacional, em 2021. O seu presidente, Campos Neto foi aprovado para a presidência do BC pelo Senado e tem mandato até o final de 2024.
O que disse Campos Neto sobre entregar nossas reservas
A possibilidade de entregar as reservas brasileiras para o gerenciamento por empresas estrangeiras foi aventada durante entrevista concedida por Campos Neto, em 13 de julho , mas só agora repercutida no Brasil, ao banco de investimentos estrangeiro BlackRock. Este fundo, segundo Pochmann tem recursos superiores a 10 vezes o Produto Interno Brasileiro (PIB), gerencia bancos centrais de outros países e está entre os maiores do mundo.
Na entrevista Campos Neto afirmou: "A gente está aberto a essa terceirização, gestão externa vamos dizer... Hoje a grande parte da gestão não é terceirizada, mas a gente está aberto a fazer isso nessa área, principalmente, porque a gente está olhando agora para novas classes de ativos”.
Nessa terceirização, uma empresa como a própria BlackRock definiria onde seriam investidas as reservas nacionais. Campos Neto disse que o BC poderia aprender com a gestora terceirizada.
"A gente entendeu que alguns programas de gestão terceirizada a gente podia fazer dentro do Banco Central, e isso ia gerar uma sinergia positiva, porque o pessoal da equipe operacional do Banco Central ia aprender sobre ativos e aprender sobre ativos ajuda muito a atividade do dia a dia do Banco Central", disse.
Reação nas redes sociais
No Twitter a proposta de Campos Neto foi reproduzida por mais de 51 mil usuários da plataforma, no início da tarde desta sexta-feira (21). Políticos e influencers criticam a proposta de entregar nossas reservas cambiais a estrangeiros.
GRAVÍSSIMO!! Campos Neto deu entrevista dizendo que planeja entregar US$ 350 BILHÕES em reservas internacionais do Brasil para empresas estrangeiras administrarem!!
É urgente entrar na campanha FORA CAMPOS NETO!! Ele quer roubar mais de R$ 1,5 TRILHÃO DE REAIS!!
Consigo 100…
— Thiago dos Reis
21 de março: Em SP, Centrais Sindicais convocam para novo ato contra os juros altos
Na próxima terça-feira, 21, a CUT, demais entidades sindicais e diferentes movimentos populares estarão, mais uma vez, nas ruas em ato contra a alta taxa de juros e a dependência do Banco Central (BC) ao capital financeiro especulativo. Em São Paulo, o protesto terá início às 11h, em frente à sede do BC, na Avenida Paulista, 1804.
Será o segundo desde o início do ano - outras cidades pelo país também organizam ações no dia, que tem ajudado a desencadear um debate em torno do modelo necessário do BC, que sirva de interesse ao povo e promova a criação e manutenção dos empregos.
A chamada autonomia do Banco Central, modelo atual, é uma farsa, pois a entidade atende aos interesses dos rentistas do mercado financeiro. Além disso, o BC manter a taxa de juros no atual patamar, de 13,75% ao ano, trava o crescimento econômico, aumenta o desemprego e a fome.
Ou seja, do jeito que está agora, o BC beneficia somente os ricos, que usam seus recursos para comprar títulos e viver de especulação.
As Centrais Sindicais lembram, ainda, que o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, é um aliado do ex-presidente Bolsonaro. Com isso, possui baixo comprometimento com o governo Lula, podendo, até mesmo, tomar decisões desfavoráveis à economia do Brasil.
Ato contra os juros altos
21 de março de 2023
A partir das 11h
Avenida Paulista, 1804 – Em frente ao Banco Central
Episódio #104 do MEGAFONE - A alta da Selic em 13,75% só favorece aquele 1% dos mais ricos e coloca a economia do Brasil ladeira abaixo
No episódio #104 do MEGAFONE, o canal de Podcast do SINSSP fala sobre os impactos da alta da taxa Selic fixada pelo Banco Central que atualmente é presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto. Na análise do economista e professor da PUC de São Paulo, Ladislau Dowbor, a alta exorbitante é um entrave à proposta de crescimento econômico de Lula e que o índice de 13,75% prejudica não só a classe trabalhadora como também os empresários e que acarretará desemprego, salários estagnados e economia enfraquecida. Fique sintonizado com a gente!
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Greve dos Federais ganha adesões
Servidores do Banco Central decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, a partir de sexta-feira (1º). Em assembleia realizada nesta segunda-feira (28) os servidores do Banco Central do Brasil decidiram aderir ao movimento paredista, a categoria quer um reajuste de 26,3%, além da reestruturação da carreira de analista.
Eles se juntam a outros servidores federais, como os servidores do INSS. Na sexta-feira passada (25), quem também aderiu ao movimento paredista foram os servidores do Tesouro Nacional, que assim como os demais, lutam por um reajuste salarial.