“O Brasil teve seu ápice (da covid-19) em julho. O total de casos estava diminuindo, mas em novembro os números voltaram a subir. O Brasil precisa levar muito a sério esses números. É muito, muito preocupante”, alertou hoje (30) o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, sobre a tendência de alta em novos casos registrados diariamente no país.
De acordo com levantamento do Imperial College de Londres, a última semana (22 a 28) foi a pior em relação ao descontrole da pandemia no Brasil desde maio. Tedros mostrou preocupação com o rápido avanço do contágio durante o mês de novembro. “Se considerarmos o número de mortos na semana de 2 de novembro, são 2.538 e agora estamos em 3.876”, disse.
De acordo com levantamento do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), o Brasil tem 173.120 mortos e 6.335.878 casos do novo coronavírus. A média móvel de casos no Brasil, medida em um período de sete dias, sobe significativamente desde o dia 6 de novembro. O número atual está em 35.467 casos em média por dia. É a maior taxa desde o dia 6 de setembro.
País à deriva
O cenário da covid-19 no Brasil preocupa especialistas. Compras de natal, período de férias e festas de fim de ano podem ampliar o contágio. Ao mesmo tempo, as máscaras e as medidas de isolamento social são abandonadas dia após dia, na contramão das melhores práticas orientadas pela ciência.
O Brasil é o segundo país com mais mortes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e terceiro em número de casos, atrás dos norte-americanos e da Índia.
Governos municipais e estaduais começam a se preocupar com o aumento de casos e mortes da covid-19. O Brasil sequer conseguiu deixar uma primeira onda de contágios, já que pouco fez para conter a pandemia. O país ostenta a marca de maior tempo no pico de mortes do mundo, mais de 14 semanas. Enquanto isso, testa muito pouco, até 10 vezes menos do que países europeus e Estados Unidos.
Alerta
Entretanto, a chegada do que parte dos especialistas chama de “segunda onda” movimentou parte do setor político. Hoje (30) o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou o endurecimento, embora brando, de medidas de isolamento. Ele também foi alvo de críticas por ter esperado a eleição para tomar atitudes. O pleito teve como vencedor na capital seu correligionário Bruno Covas.
O prefeito eleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), começa a planejar ações de combate à covid-19 na capital fluminense. Sua primeira ação após as eleições foi anunciar o médico Daniel Soranz como futuro secretário da Saúde. O estado tem uma das piores situações hospitalares do país, com 93% das UTIs do SUS lotadas. O número é semelhante na capital. São comuns relatos de filas de pacientes que não conseguem internação.
Fonte: Gabriel Valery/RBA