O problema de saúde mental é o que mais está crescendo no mundo inteiro. No Brasil, a pressão mais forte devido o rebaixamento da legislação trabalhista e previdenciária, como a pressão moral e emocional dos trabalhadores nos ambientes de trabalho, somado ao desemprego crescente, faz com que os trabalhadores e a população em geral adoeçam mentalmente com mais frequência.
De acordo com a International Stress Management Association (Isma-BR), no Brasil, em 2019, 32% dos trabalhadores sofriam com os efeitos do estresse, tendo como uma das primeiras manifestações a Síndrome de Burnout (esgotamento emocional e profissional com a perda do sentido do trabalho). A OMS, por sua vez, diz que 9,3% da população brasileira (2019) sofriam também de ansiedade e depressão.
Por isso, que com a participação dos pesquisadores da UNB, Wanderley Codo, Remígio Todeschini, e Analía Batista, será lançado no próximo mês de fevereiro – inicialmente entre os Servidores Municipais da Cidade de São Paulo – o livro “SAUDE MENTAL E TRABALHO NO SERVIÇO PÚBLICO.” O livro está disponível aqui no site da LTR.
O livro é resultado de um diagnóstico detalhado de estudos e pesquisas realizadas nos últimos anos que trata do grave problema da saúde mental de servidores públicos.
O livro
Em sua primeira parte, o livro mostra que em âmbito nacional de cada 100 servidores afastados por motivo de qualquer doença, 20 a 40 deles são decorrentes de transtornos mentais, um percentual muito elevado. “Os problemas de saúde mental que mais aparecem entre funcionários públicos, tanto em nível nacional quanto internacional, são a depressão e o burnout (exaustão emocional, despersonalização e baixo envolvimento que levam ao esgotamento profissional), entre outros distúrbios psíquicos”, afirma Remígio Todeschini, um dos autores, e assessor de saúde e previdência da Fetquim-CUT.
Outras duas partes do livro tratam de duas pesquisas de campo realizadas pelos autores, em que mostram os mais diversos tipos de distúrbios mentais entre servidores municipais e de um grande ministério federal em Brasília.
Para Airton Cano, coordenador político da Fetquim, é interessante que se divulguem esses estudos, pois a questão de saúde mental está também muito presente entre trabalhadores do setor químico, como foi divulgado em junho de 2020, em uma pesquisa feita sobre trabalho em turnos entre a UNB e Fetquim/CUT. “A atenção para estudos e pesquisas é essencial para que cresça a consciência desse tipo de problema para nos mobilizarmos e garantirmos sempre melhores condições de trabalho e práticas que favoreçam a qualidade de vida nos ambientes de trabalho”, afirma.
André Alves, secretário de Saúde, da Fetquim CUT/Intersindical, recorda que quanto maior é a pressão moral, jornadas mais longas, como acontece na atividade de turno, maiores são os problemas de saúde mental para os trabalhadores. “Ao atender as demandas do mercado, nos finais de semana, em trabalho de turno, com menos folgas, os trabalhadores ficam mais sujeitos aos problemas mentais”, explica.
No caso químico, na 5ª. turma, com mais folgas, os problemas mentais diminuem, como mostrado pela pesquisa em conjunto da UNB/Fetquim recentemente. O problema de laborar aos fins de semana, por exemplo, gera transtornos psicológicos causados pelo estresse tanto financeiro como psicossocial. “Sem dúvida um grande estudo como mostrado no livro sobre saúde mental dos servidores públicos, leva a discutir que as jornadas estafantes de 12X36 do pessoal da área de saúde pública sejam diminuídas para que a saúde mental dos trabalhadores prevaleça com maior qualidade de trabalho para a população”.
Wanderley Codo, coordenador dos estudos na UNB e pesquisas do livro, alerta: “O funcionalismo público sempre foi tratado como folclórico como se trabalhasse no paraíso. Na realidade, as pesquisas e estudos mostram que a saúde mental na atividade pública é abalada de forma constante pelo fato de ser um trabalho de risco e extremamente complexo. Neste momento em que o governo ataca os direitos, tanto dos trabalhadores em geral, como dos servidores públicos com a reforma administrativa, isso afeta fortemente a saúde mental. Redução de direitos, de normas, aumentarão o risco de saúde mental dos trabalhadores em geral. Em qualquer trabalho, onde haja proteção legal e contratual maior, sempre há um fator de proteção para a saúde mental de todos.
Fonte: FETQUIM/CUT