Colapso no INSS: novo Programa de Gestão pode agravar crise do Instituto

O INSS pode enfrentar um cenário crítico, interna e externamente, caso mantenha a publicação do Programa de Gestão e Desempenho (PGD), Portaria PRES/INSS nº 1.800/2024, de 31 de dezembro de 2024.

A implementação desse programa gerou insatisfação generalizada nos servidores do órgão, por ser extremamente agressivo, exploratório, severo e punitivo. A categoria destacou pontos críticos que incluem:

  • Majoração de 30% na meta de produtividade para servidores em teletrabalho – Uma exigência que não encontra paralelo em outros órgãos e que sobrecarrega ainda mais os trabalhadores;
  • Obrigatoriedade de adesão ao PGD para todos os servidores – Não há opção de escolha, forçando a aceitação de condições que podem não ser adequadas à realidade de cada trabalhador;
  • Desconto salarial pelo não cumprimento de metas – Uma medida punitiva que afeta diretamente o sustento dos servidores, criando um ambiente de pressão desproporcional.
  • Encaminhamento à corregedoria pelo não cumprimento de metas – Uma prática que criminaliza o desempenho abaixo do esperado, agravando a sensação de perseguição entre os servidores.

Os servidores atualmente realizam suas atividades em regime de teletrabalho e ao retornarem ao modelo presencial será o estopim para a instalação de uma grave crise no INSS, tendo em vista que o Instituto apresenta sérias dificuldades estruturais para lidar com o retorno presencial de praticamente metade do quadro de servidores da Casa.

Isso por que em dezembro de 2024 foi realizada uma auditoria no INSS, da qual fizeram parte do escopo do trabalho as aquisições de equipamentos de informática e os resultados indicaram que em virtude de restrições orçamentárias, o Instituto adquiriu cerca de 36% do total de computadores e notebooks necessários para atender a demanda levantada no planejamento das contratações. (Fonte: INSS - Auditoria-Geral - Relatório de Avaliação: 1577597).

Atualmente, os servidores em teletrabalho utilizam seus próprios equipamentos como computadores, cadeiras ergonômicas e conexão de internet para manter a produtividade e dar conta da fila de processos administrativos.

O retorno em massa desses servidores ao ambiente presencial exporia a grave deficiência estrutural das agências do INSS. Em muitas unidades, faltam computadores, mobiliário adequado e até mesmo espaço físico adequado para acomodar todos os servidores.

Sem os recursos necessários, o processamento de requerimentos sofreria uma desaceleração drástica, ampliando ainda mais a já alarmante fila de espera por benefícios.

Outro ponto crítico é o impacto direto na população, especialmente na parcela mais vulnerável que depende dos benefícios do INSS. Um colapso no processamento de requerimentos resultaria em atrasos ainda maiores, comprometendo o sustento de milhões de brasileiros que dependem desses pagamentos para sobreviver.

A direção do INSS precisa dialogar e ouvir os problemas e soluções que as entidades sindicais levam para a Mesa Setorial do INSS e, ao menos, revisar os pontos mais críticos do PGD, pois a insatisfação dos servidores, somada à percepção de injustiça e à falta de diálogo na construção das regras do PGD só contribuem ainda mais para o caos que o INSS caminha.

 


Acessos de fúria e termos de baixo calão faziam parte da rotina de Pedro Guimarães

Acessos de fúria e termos de baixo calão também faziam parte da rotina do ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães, substituído por Bolsonaro após denúncias de assédio sexual por funcionárias. Gravações de episódios de assédio moral de Guimarães foram divulgadas nesta quinta-feira (30) pelo colunista Rodrigo Rangel, do site Metrópoles.

“Os testemunhos incluem situações em que Guimarães, a partir do cargo de presidente da Caixa, submeteu subordinados a constrangimentos diversos”, diz a reportagem. Os funcionários ouvidos pela coluna afirmam que era comum Pedro Guimarães fazer acareações entre eles quando percebia alguma divergência em respostas a seus questionamentos. Além disso, a ameaça de demitir muitas vezes era cumprida, o que explicaria a alta rotatividade nos cargos de chefia.

No fim de 2021, por exemplo, relata a matéria, “Guimarães estrilou com executivos da Caixa em razão de uma decisão que havia sido tomada pelo conselho do banco sem que ele tivesse sido informado”.

O conselho tinha aprovado uma mudança nas normas internas que limitava as nomeações de Guimarães para conselhos da Caixa e bancos ligados a ela. Ele só poderia, portanto, ser remunerado pela atuação em, no máximo, dois conselhos.

Guimarães chegou a ocupar 18 conselhos, alcançando uma remuneração de R$ 130 mil, além do salário mensal de presidente da Caixa, de R$ 56 mil. O então presidente do banco viu a mudança como uma tentativa de sabotagem e xingou os responsáveis.

Ele ainda pediu ao vice-presidente da Caixa, Celso Leonardo Derziê Barbosa, que anotasse o CPF de todos os envolvidos na reunião. Caso o conteúdo da conversa vazasse, todos seriam punidos com a perda dos cargos que ocupavam. Celso Leonardo é apontado como o responsável por promover perseguição interna aos que desagradavam Guimarães.

A tarefa de garantir que o teor da reunião não vazasse deveria ficar com Celso Leonardo porque, segundo Guimarães, Álvaro Pires, assessor do gabinete da presidência, é “pau mole” e não teria coragem de fazer o que fosse necessário.

Funcionários da Caixa relataram que Guimarães, durante viagens a trabalho com subordinados, colocava pimenta na comida dos colegas e forçava-os a comê-la. Ainda que o então presidente desse tom de brincadeira à prática, uma funcionária classifica como ‘sadismo’. “Quanto mais você chora e passa mal, mais ele ri. Ele é bem sádico. Em toda refeição de trabalho com ele tinha pimenta no prato de alguém.”