Análise da Fundação Seade detalha comportamento da economia paulista por regiões, mostrando variações significativas conforme a área e a atividade.

Com crescimento econômico desigual, a economia paulista viu a região metropolitana da capital perder participação nos últimos anos, embora ainda represente mais da metade da riqueza do estado, segundo ranking da Fundação Seade. Em 2002, a Grande São Paulo tinha 56,4% de participação no Produto Interno Bruto (PIB), enquanto no ano passado respondeu por 54,3%. Neste período, a análise mostra “quatro momentos distintos, segundo os ciclos econômicos” no estado: 2003-2008 (expansão generalizada), 2009-2013 (desaceleração), 2014-2016 (crise econômica) e 2017 (lenta recuperação).

Na média, o PIB paulista cresceu 2,3% ao ano de 2002 a 2018, acumulando 43,1%. Mas em regiões como a de São José do Rio Preto, por exemplo, a média anual foi de 4%. Em Bauru, chegou a 3,4%. São áreas do complexo sucroalcooleiro, lembra o Seade, ainda que tenham também comportamento diferenciado. Na região metropolitana de São Paulo, o crescimento ficou abaixo da média do estado: 1,8%.

“O conjunto das regiões do agronegócio ou complexo sucroalcooleiro (São José do Rio Preto, Bauru, Araçatuba e outras), que representa 14,8% da economia do Estado, acumulou crescimento de 45,1% no período, com média anual de 2,4%”, diz a fundação. “Essa evolução foi fortemente influenciada pelo avanço territorial da cana-de-açúcar e consolidação do complexo sucroalcooleiro como o núcleo econômico regional.”

Já o grupo que concentra áreas mais industrializadas, como São Paulo, Campinas, Sorocaba e São José dos Campos, teve crescimento médio de 2,2% ao ano. Sobre o desempenho da região metropolitana da capital, o Seade observa que o resultado “reflete a perda de dinamismo da sua economia, movimento que pode estar associado ao processo de desarticulação do parque industrial da capital e da região do ABC e às opções locacionais das empresas em novas áreas de seu entorno – principalmente Sorocaba e Campinas –, que se beneficiaram do processo de expansão da atividade industrial e cresceram em ritmo mais acelerado, cerca de 3% ao ano.”

Serviços e agro

O bloco que compreende as regiões administrativas de Registro e Santos, na faixa litorânea, cresceu 52,2% no período (2,7% ao ano), principalmente no primeiro caso, com alta acumulada de 350,3%. “Este resultado foi fortemente influenciado pelas atividades de extração de petróleo e gás associadas ao pré-sal em Registro, que alcançou média de expansão de 10% ao ano, influenciada pelo incremento da indústria (17,7% a.a.)”, informa o Seade. Já a região de Santos ficou bem abaixo, com média anual de 1,4%, mas continua sendo a quinta colocada no ranking da economia paulista.

De 2002 a 2018, o setor de serviços acumulou crescimento de 51,3%. Mesmo assim, teve ligeiro declínio em sua participação no PIB, de 61% para 59,1%. A agropecuária cresceu menos, 37,7%, mas subiu de 2,6% para 3,7%. Já a indústria foi a que teve menor expansão – 17,3% –, vendo sua participação na economia estadual se reduzir de 46,7% para 35,7%.

Apenas em 2018, o PIB do estado cresceu 1,4%, com aumento de 1,9% do setor de serviços e 0,9% da indústria, enquanto a agropecuária recuou 2,6%. Segundo o Seade, o agronegócio teve aceleração em 2017, a partir do segundo trimestre, mas a tendência se inverteu em igual período do ano passado. “Desempenho mais favorável em 2018, quando comparado a 2017, foi registrado nas áreas com forte participação da indústria de extração de petróleo e gás, que, depois de dois trimestres seguidos de retração da produção, alcançaram taxas positivas de crescimento no segundo semestre.”

O PIB paulista per capita aumentou 1,3% no ano passado, também com fortes variações. Na região de Santos, por exemplo, quase não saiu do lugar (0,3%), enquanto na de Registro subiu 9,9%. Na Grande São Paulo, variou 1%.

Já o PIB brasileiro avançou apenas 1,1% em 2018, segundo o IBGE. O per capita variou 0,3%. Para este ano, após certa euforia inicial dos “mercados”, as previsões vêm encolhendo – e já quem aposte em zero.

 

Fonte:Vitor Nuzzi/RBA