Além da CUT, mais de 40 organizações da sociedade civil e movimentos sociais assinam o documento que exige a saída de Bolsonaro para que o país volte a ter esperança.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, junto com representantes do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras sem Terra (MST) e da União Nacional dos Estudantes (UNE) e movimentos sociais vão protocolar, na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (14), às 10h, o pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL). As entidades pretender entregar o pedido, pessoalmente, ao presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Mais de 40 entidades assinam o pedido de impeachment, que lista os diversos crimes de responsabilidade cometidos desde o início da gestão Bolsonaro. Esses crimes, dizem as lideranças no texto, têm ocasionado graves violações aos direitos humanos e ameaçam as vidas de milhões de brasileiros.

O comportamento e as ações de Bolsonaro, que desprezou a gravidade da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), ignorou  recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a disseminação da doença, como usar máscaras e cumprir o isolamento social, é responsável pelo agravamento das crises econômica e sanitária que o Brasil enfrenta hoje, afirma Sérgio Nobre.

“Logo nós vamos bater a marca dos cem mil mortos por Covid-19, mortes que poderiam ter sido evitadas, não fosse a irresponsabilidade dele e de seus ministros”, diz o presidente da CUT que critica especialmente o ministro da Economia, Paulo Guedes, cuja agenda é focada na retirada de direitos da classe trabalhadora.

O dirigente alerta que o país está caminhando para uma crise social sem precedentes porque os pacotes de auxílio aos trabalhadores, em especial os mais vulneráveis, e às pequenas empresas que, de acordo com Sérgio, era condição fundamental para o país enfrentar a crise, não foram feitos de forma satisfatória e suficiente.

Com as pequenas e médias empresas, que fazem parte do setor que mais gera emprego no país, fechando as portas por falta de auxílio do governo, o que se desenha para o Brasil, ainda este ano, segundo o presidente da CUT, é um desemprego estrutural nunca visto.

“O Brasil já está em recessão oficial, caminhando para depressão e as medidas que o Bolsonaro o Guedes têm anunciado são no sentido de potencializar a crise e, de novo, um ajuste fiscal que significa apertar investimentos”, critica Sérgio Nobre. Entre as medidas liberais de Guedes, estão as privatizações de empresas estatais estratégicas para o país como Eletrobras, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Federal.

Saúde

A irresponsabilidade de Bolsonaro, diz Sérgio Nobre, coloca em risco a vida de milhões de brasileiros. O Brasil, que já tem mais de 72 mil mortos e 1.864.681 infectados, sofre as consequências da  política genocida de Bolsonaro, que ‘desdenha’ da pandemia e desrespeita o sofrimento das mais de 72 mil famílias com a perda de seus filhos e filhas, pais, mães, irmãos e irmãs para a Covid-19.

“Bolsonaro trata a pandemia com descaso e até zomba das mortes, dizendo que não é coveiro, e para piorar, o Brasil, que ainda não tem um ministro da Saúde há mais de dois meses, é considerado o pior gestor da crise sanitária do mundo”, lembra o dirigente.

Para Sérgio, os crimes de Bolsonaro, que motivam o pedido de impeachment são muitos. “Podem ser elencados até por ordem alfabética”, diz e reforça que não há como sair da crise com Bolsonaro no poder.

De acordo com o dirigente, é importante que a sociedade compreenda que, para o Brasil voltar a ter esperança, ser um país com justiça social e que retome o caminho do crescimento, é necessária a saída de Bolsonaro e seu governo. “Com ele não dá. Com ele é só crise”, completa Sérgio Nobre.

Sobre o pedido de impeachment, o dirigente afirma que a ‘peça jurídica a ser apresentada foi bem elaborada, com assessoria de juristas que estudaram a legislação e fundamentaram os argumentos”.

Ato de entrega

A entrega do documento está marcada para a manhã desta terça-feira, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Às 10h, o presidente da CUT vai protocolar, pessoalmente, o documento.

Um ato simbólico, respeitando todos os protocolos de distanciamento social será realizado em frente ao Congresso Nacional.

Além da CUT movimentos sociais como Movimentos dos Trabalhadores e Trabalhadoras sem Terra (MST) e União Nacional dos Estudantes (UNE), e mais de mil representantes de outras entidades, participarão do ato.

A Campanha Fora Bolsonaro, que teve início na última sexta-feira (10), com atos e panelaços em todo o país será reforçada nesta fase. O presidente da CUT ressalta que a campanha ganhará corpo nas bases sindicais da CUT.

“É uma campanha que visa conquistar a maioria do povo brasileiro e a pressão popular pela saída do Bolsonaro. O presidente da Câmara, o Rodrigo Maia, já disse inclusive publicamente que todos os pedidos de impeachment que ele receber, ele vai sentar em cima porque impeachment só acontece se for pelo clamor popular”, diz Sérgio que conclui: “Esse é o nosso papel, Nós vamos mobilizar o povo, fazer disso nossa principal bandeira e ter o clamor popular pela saída de Bolsonaro”.

 

Fonte: Andre Accarini/CUT