Não é verdade que acampados colocam em risco os vizinhos e os delegados da PF.
Em resposta ao Sindicato dos Delegados de Polícia Federal, que encaminhou um ofício nesta quarta-feira (11) para a Superintendência da PF do estado do Paraná, solicitando a transferência imediata do ex-presidente Lula da sede da PF, em Curitiba, por causa dos “”transtornos e riscos à população e aos funcionários da corporação””, a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffman, disse que a segurança dos policiais e dos moradores nas imediações da PF nunca esteve em risco.
“Isso nunca aconteceu. Na realidade, o que está em jogo é a liberdade do presidente Lula”, disse Gleisi em vídeo distribuídos nesta tarde, onde afirma que Lula só sairá da sede da PF se sua transferência for negociada com seriedade pelos seus advogados.
“Queremos afirmar que qualquer situação envolvendo o presidente Lula, inclusive de transferência de local, só vai ser feita a partir de uma negociação detalhada e responsável com os seus representantes jurídicos. Fora disso não há nenhuma possibilidade”.
Em nota, os responsáveis pelo acampamento reforçam a fala da presidenta do PT. Segundo eles, os argumentos da PF são usados com “má-fé” para desviar o foco central, que é o arbítrio representado pela prisão de Lula.
“No que se refere ao acampamento, estamos instalados pacificamente em área pública. É notória a recepção dos moradores, que ajudam diariamente com água, energia elétrica, rede de internet”, diz a nota.
Segundo eles, foi até escrita uma carta aos moradores, pedindo desculpas pelo transtorno e esclarecendo que eles não são responsáveis “pelas violações, pela violência de sábado, nem pelas arbitrariedades que estão sendo cometidas contra o presidente Lula”.
Aos delegados incomodados com a presença de trabalhadores e trabalhadoras de várias partes do Brasil, que estão em Curitiba para prestar apoio e solidariedade ao ex-presidente, e de lá só sairão quanto Lula for solto, Gleisi mandou um recado contundente.
“Eu queria falar a esses delegados da PF que se nós estamos nas imediações da PF é porque levaram Lula para aí. Nós não queríamos estar aí. Nós queríamos que o presidente Lula estivesse em liberdade, até porque essa prisão é injusta e ilegal e não tem base constitucional. Lula é um preso político”, disse Gleisi.
Segundo a senadora, em uma reunião realizada nesta quarta-feira (11), em Brasília, com o comando político da campanha pela liberdade de Lula, composto pelo PT, PC do B, PSOL, CUT, MST, MTST e demais movimentos das frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, foi decidido pela continuidade das vigílias democráticas em favor de Lula tanto em Curitiba quanto em Brasília, onde a vigília está sendo instalada hoje.
“Nós não vamos sair de perto do presidente Lula e, também, não vamos deixar de lutar até que a Justiça e o Supremo Tribunal Federal restabeleçam a Constituição Federal, sendo o seu guardião”, disse Gleisi.
A presidenta do PT disse, ainda, que será realizada uma reunião com os partidos políticos de esquerda para formar a Frente pela Democracia, Soberania e Direitos do Povo Brasileiro, e que um desses direitos é a liberdade do presidente Lula.
“Nos não vamos desistir. Nós estamos com Lula. E enquanto ele estiver em Curitiba, nós estaremos lá”, disse Gleisi, que encerrou o vídeo mandando um recado a Lula: “Presidente, nós queremos a sua liberdade e o Brasil está lutando e torcendo por isso”.
Confira a íntegra da nota dos organizadores do acampamento:
NOTA DO ACAMPAMENTO LULA LIVRE
Sobre o ofício e as declarações do sindicato dos delegados da Polícia Federal, as organizações à frente do acampamento Lula Livre, instalado nas imediações da Superintendência da Polícia Federal, afirmam que:
Seguimos em resistência no acampamento, exigindo a liberdade para o ex-presidente Lula. E estaremos onde se mantiver a condenação injusta e sem provas, no contexto de nossa resistência pacífica.
O tema dos moradores está sendo usado com má-fé, por pessoas e grupos que querem desviar o tema central, que é o arbítrio da prisão de Lula.
No que se refere ao acampamento, estamos instalados pacificamente em área pública. É notória a recepção dos moradores, que ajudam diariamente com água, energia elétrica, rede de internet. Muitos participam das atividades do acampamento, prestigiam nossas cozinhas e espaços culturais. A cada dia a imprensa presente pode verificar a melhoria na organização. A relação também é boa com o comércio.
Cumprimos os acordos coletivos de silêncio depois das 22h às 7h. Cerca de 80 pessoas da equipe de limpeza recolhem o lixo e fazem a limpeza todas as manhãs. E estamos sempre apontando melhorias na estrutura de banheiros.
Realizamos uma carta aos moradores, onde reafirmamos nosso pedido de desculpas pelo transtorno, mas não somos responsáveis pelas violações, pela violência de sábado, esta sim precipitada pela Polícia Federal, nem pela arbitrariedades que estão sendo cometidas contra Presidente Lula.
Atenciosamente,
Curitiba, 11 de abril de 2018.
Fonte:Marize Muniz e Tatiana Melim/CUT