Bolsonaro trouxe a fome de volta ao Brasil, denuncia pesquisadora

Um dos saldos mais cruéis de três anos e meio de Jair Bolsonaro na Presidência são os 33 milhões de brasileiros que passam fome e os 65 milhões (número equivalente à população da França) que não comem o suficiente e são obrigados a pular uma das refeições diárias. Esses dados são o tempo todo mencionados, mas pouco se fala sobre as causas dessa tragédia.

Ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a economista Tereza Campello chega ao presidente Jair Bolsonaro (PL) que, segundo afirmou, patrocina a volta da fome ao país.

A ‘grande’ imprensa diz que isso aconteceu devido à pandemia. Não é verdade. Se a gente comparar o Brasil com outros 120 países, o Brasil piorou quatro vezes acima da média desses outros países — afirmou Campello, citando pesquisa divulgada recentemente pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Coronavírus

Para a ex-ministra, trata-se de um indicativo claro de que a fome e a insegurança alimentar são resultado das escolhas feitas pelo atual governo. O Brasil, lembrou Campello, tinha condições de ser um dos mais bem sucedidos na proteção da população ao longo da pandemia, por contar com o Sistema Único de Saúde (SUS), um sistema de segurança alimentar que estava bem estruturado e experiência técnica no combate à pobreza e à fome.

Portanto, poderia ter enfrentado a pandemia de outro jeito. Foi uma opção do governo deixar as pessoas morrerem por conta do coronavírus, como aconteceu. E foi uma opção, também, não tomar medidas que prevenissem essa tragédia de segurança alimentar que a gente está vivendo — argumentou, durante um programa de entrevistas do Partido dos Trabalhadores (PT), ao qual a pesquisadora é filiada.

Entre as opções feitas pelo governo Bolsonaro e que favoreceram a volta da fome, Tereza Campello destacou o desmonte de políticas de segurança alimentar, como o apoio à agricultura familiar, o Programa de Aquisição de Alimentos e o programa de cisternas.

Insegurança

Além disso, o fim da política de valorização do salário mínimo e o desmonte da lei trabalhista tiveram um efeito criminoso.

Quem está na informalidade, sem carteira assinada, corre três vezes mais risco de cair em situação de fome — destacou Campello.

O resultado foi que, sem a devida atenção à agricultura familiar, o preço dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros está cada vez mais alto. Ao mesmo tempo, o trabalhador tem cada vez menos dinheiro para comprar comida.

O governo tinha que viabilizar o acesso à alimentação, à renda e a produtos saudáveis. Isso é tarefa do governo? Sim, é tarefa do governo fazer política de segurança alimentar e nutricional. Inclusive é um dispositivo da Constituição Federal, que diz que a população tem direito a alimentação adequada e saudável. Para garantir esse direito, tem que haver políticas públicas — concluiu.