Nova gestão na EBC: decreto altera diretoria da empresa de comunicação
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, destituiu nesta sexta-feira (13), a diretoria da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A nova presidente será a representante dos empregados no Conselho de Administração da empresa (Consad), Kariane Costa, que conduzirá o processo de transição para nova gestão, a ser implementada nos próximos meses.
A destituição do presidente, do diretor-geral e dos diretores de Jornalismo, de Administração e de Operações está em decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União. O diretor de Conteúdo e Programação, Denilson Morales da Silva, que é empregado de carreira da EBC, continua no cargo.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, indicou também para processo de transição na EBC outras quatro mulheres, que assumirão cargos de assessoria ou gerências: Rita Freire, presidente do Conselho Curador da EBC cassado após o golpe de 2016; Juliana Cézar Nunes, empregada concursada da empresa; e as jornalistas Nicole Briones e Flávia Filipini.
“A composição do processo de transição, reunindo empregados concursados da empresa, mas também representantes da sociedade e profissionais da área, mostra nosso compromisso com a comunicação pública e com a integridade e o fortalecimento da EBC”, disse o ministro Paulo Pimenta.
EBC quer demitir representante dos trabalhadores no Consad: Sindicato e FENAJ acusam irregularidades em sindicância
Uma comissão de sindicância repleta de irregularidades concluiu relatório pela demissão por justa causa da jornalista da EBC Kariane Costa, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da empresa. Após encaminhar aos canais internos competentes denúncias de assédio moral por parte de gestores, Kariane foi indiciada por calúnia e difamação, motivo pelo qual a comissão recomenda a sua demissão. Apenas uma assinatura do presidente da empresa já pode consolidar a medida.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF (SJPDF) e a Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) manifestam seu mais profundo repúdio a mais essa arbitrariedade por parte da EBC e prestam sua total solidariedade e apoio à jornalista, que está sendo acompanhada por nossa assessoria jurídica. Não temos dúvida de que se trata de uma tentativa de intimidação e perseguição às lideranças dos trabalhadores. Dois dirigentes do SJPDF também estão sendo alvo de sindicâncias com o mesmo viés.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) já foi acionado e esta semana suspendeu a mediação de um processo no qual a EBC foi condenada a pagar R$ 200 mil por assédio moral coletivo. As promotoras afirmaram que há indícios de continuidade nas ações persecutórias e recomendaram a suspensão das sindicâncias contra pessoas que já processaram a empresa e seus gestores por assédio. Os gestores que estão à frente desses processos poderão responder por improbidade administrativa.
Ao MPT, o Sindicato também denunciou a utilização de mensagens privadas de WhatsApp nos processos administrativos internos, sem que houvesse autorização judicial. A empresa e os responsáveis por esses vazamentos serão investigados e processados.
Vale ressaltar que a escalada das perseguições na EBC acontece às vésperas das eleições, em um momento no qual o governo Bolsonaro se vê acuado e tenta aumentar o aparelhamento, a censura e o uso eleitoral dos canais da empresa.
Os empregados e empregadas da EBC têm se mantido intransigentes na defesa do caráter público da empresa e recentemente foram escolhidos para receber o Prêmio Vladimir Herzog pela contribuição ao jornalismo por meio dessa resistência.
O SJPDF e a FENAJ estão juntos com os trabalhadores e não vão arredar pé dessa luta. Pedimos apoio de toda a categoria e do conjunto da sociedade para esse enfrentamento. Estamos juntos com Kariane e com todos/todas empregados da EBC que têm feito um duro combate em defesa da comunicação pública e da democracia. Junte-se a nós!
Diretoria do SJPDF
Diretoria da FENAJ