Inflação dos alimentos continua em alta
Apesar do Brasil ter apresentado um período de deflação nos últimos três meses, o bolso dos brasileiros continua em sofrimento e enfrenta uma dura inflação num grupo de itens essenciais à população: alimentação e bebidas.
Com acúmulo inflacionário de 9,54% no ano, medido de janeiro a setembro de 2022, o grupo de alimentação e bebidas registra a maior alta desde o Plano Real (julho/1994) para o mês de setembro, período em que o Brasil vivia o reflexo de uma hiperinflação.
A narrativa da inflação negativa tem sido usada pelo atual presidente e sua equipe econômica como ponto de campanha de que a economia brasileira está “bombando”, o que não é verdade, segundo a análise dos especialistas. De acordo o economista Eduardo Moreira, para o site do Instituto Conhecimento Liberta, a deflação registrada “foi comprada pelo governo, com medidas eleitoreiras de curto prazo, como a desoneração dos combustíveis”.
Pela avaliação dos analistas, a alta dos preços dos alimentos em 2022 foi dada por diversos fatores, dentre eles, os eventos climáticos que proporcionaram redução da oferta no mercado o que elevou os preços; produção encarecida devido o aumento dos insumos durante o período pandêmico; Guerra na Ucrânia e especialmente a falta de uma política econômica efetiva e visionária que trouxesse ganhos para toda a população.
De acordo com o site do Instituto Conhecimento Liberta, em 24 meses a inflação oficial do Brasil medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou uma alta de 19,25%. Itens essenciais da cesta básica como o óleo diesel e o óleo de soja dobraram de preço neste período chegando a 107% e 100,74% respectivamente. Outros itens como o café, o leite e o açúcar têm reajustes altos nos dois anos analisados.
O leite longa vida puxou o indicador para baixo deixando, em setembro, o grupo de alimentação e bebidas com recuo de 0,51% no IPCA, o que significa a maior baixa desde o mês de maio de 2019. Porém, ele continua entre os itens com o preço mais elevado.
Neste mesmo acumulado do ano, o melão foi o produto com alta dentro do IPCA com elevação de 74,37% até setembro/22. Em seguida veio a cebola com 63,68% e o leite longa vida com 50,73%.
Mesmo com o quadro de queda, analistas entrevistados pela Folha de S.Paulo analisam que o grupo de alimentos devem ficar elevados até o final do ano e que até o momento as projeções não preveem novas deflações até dezembro de 2022 o que deve continuar pressionando o indicador.
A inflação, em especial dos alimentos, continua refletindo e interferindo no custo de vida da população, principalmente a mais carente que depende de auxílios do governo, pois a cesta básica continua muito alta.
Fonte: Redação ICL Economia com informações da Folha de S.Paulo.
Alimentação comprometida
Com o índice da inflação na casa dos dois dígitos e avaliação negativa da economia brasileira, os servidores públicos federais do INSS e os trabalhadores da SPPREV se veem obrigados a controlar o bolso e a ligar o sinal de alerta na hora do almoço e ao fazer a lista de compras do supermercado.
Tudo isso porque os benefícios do vale-refeição e vale-alimentação desses funcionários estão congelados. E não precisa ir longe para constatar o absurdo dos preços das refeições feitas fora de casa e em casa também não há sossego, pois a inflação está muito presente nos supermercados.
Alguns produtos subiram muito acima da inflação como o óleo de soja, leite e derivados, feijão, carnes, ovos, verduras, frutas, farinha, pães e quase tudo que compõem a alimentação básica dos brasileiros.
A situação no INSS se arrasta desde 2017, data do último reajuste dos servidores do Instituto, que recebem pouco mais de R$ 400,00 por mês. Já para os trabalhadores da SPPREV o último reajuste no benefício foi em 2021, com valor estimado de pouco mais de R$ 700,00/mês.
Levando em consideração a tendência de alta da cesta básica, medida pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), de janeiro a junho a alta foi registrada em todas as capitais brasileiras, motivo suficiente para dobrar a preocupação desses trabalhadores que se encontram com os benefícios congelados.
No acumulado dos últimos 12 meses, as 17 cidades pesquisadas pelo DIEESE tiveram alta no valor da cesta básica com o aumento superando a inflação oficial (11,73%), medida pelo IPCA.
São Paulo foi a cidade com registro da cesta básica mais cara para o mês de junho, com elevação de 23,97%. De abril para maio, a cesta básica ficou em R$ 1.226,10, superando o valor do salário-mínimo, de R$ 1.212.
Diante deste cenário, os servidores do INSS e os trabalhadores da SPPREV necessitam de um reajuste urgente para os benefícios congelados.
Esse assunto já é um dos pontos de pauta de reivindicação das duas categorias e o SINSSP continua empenhado para trazer boas notícias das mesas de negociações com os governos.
Infelizmente, para o INSS o Governo Federal sinalizou que não vai oferecer reajustes neste ano, embora a corrida eleitoral possa fazer com que o governo mude de ideia, para assim tentar garantir algum apoio popular nas urnas.
O sindicato também está tentando abrir diálogo com o Governo do Estado de São Paulo para garantir aos trabalhadores da SPPREV a atualização do benefício.
A situação não está fácil para ninguém, por isso a luta sindical deve ser fortalecida. Um sindicato forte se faz com o apoio e adesão da maior parcela da categoria.
Com informações da Rede Brasil Atual (RBA) e Money Times.