A nova política de desinvestimento para preparar a Petrobras para a privatização já começou a provocar desabastecimento de GLP (gás liquefeito de petróleo), o gás de cozinha, em várias Regiões do Brasil.
O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP) denunciou, na última quinta-feira (21), que, apesar da demanda do GLP na Região Nordeste ter aumentado, a produção nas refinarias vem diminuindo e pode faltar gás de cozinha no próximo trimestre em vários estados nordestinos e também em Santa Catarina, no Sul do Brasil.
A atual situação de desabastecimento observada em estados como Rio Grande do Norte, onde 95% das revendedoras estão sem gás de cozinha, Pernambuco, Paraíba e Santa Catarina tendem a se agravar no curto prazo, caso a Petrobras não retome a sua produção nessas localidades.
Segundo o Ineep, excluindo-se a região Centro-Oeste, onde não há estrutura própria de produção de GLP, as regiões Nordeste e Sul contam com um conjunto de refinarias capazes de atender o mercado consumidor local. Mas, diz o Instituto, considerando o mercado consumidor e as quatro maiores refinarias de ambas as regiões (Sul e Nordeste), a REFAP, a REPAR, a RNEST e a RLAM, nota-se uma progressiva queda da produção de GLP, por um lado, e um crescimento do consumo no terceiro trimestre de cada ano.
Enquanto o consumo de GLP cresce no terceiro trimestre de cada ano entre 5% e 10% em relação ao trimestre anterior, a produção vem caindo ano a ano: no primeiro trimestre de 2016, a produção que era 1,1 milhão; chegou a 945 mil no terceiro trimestre de 2017 e, agora, no primeiro trimestre de 2018, caiu para 862 mil barris equivalentes de petróleo (bep) por mês.
De acordo com os especialistas do Instituto, se for mantida a curva de produção atual, cuja trajetória é declinante, a diferença entre a demanda e a produção de GLP nessas regiões deve aumentar no próximo trimestre.
Segundo a Federação única dos Petroleiros (FUP), um dos itens do programa de desinvestimento da Petrobras é justamente a redução das cargas nas refinarias, o que influencia diretamente o abastecimento do gás de cozinha.
Em 2014, a produção nas refinarias do país bateu recorde. As unidades chegaram a refinar uma carga de 2,1 milhões de barris de petróleo por dia de acordo com o portal da Petrobras. O que, consequentemente, gerou um aumento no processamento do GLP.
Ao contrário desta política do governo Dilma, em 2014, que visava a redução das importações de derivados por meio da gestão integrada do sistema de abastecimento, na gestão do entreguista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), a partir de 2016, a lógica foi invertida. Agora, a ordem é reduzir o processamento das cargas das refinarias para comprar do mercado estrangeiro o que o país tem tecnologia e capacidade para produzir nacionalmente.
Os petroleiros estão organizando uma greve nacional para abastecer o país porque entendem que o Brasil passa por um período de golpe contra os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras e da população mais pobre do país.
De acordo com o coordenador geral da FUP, Simão Zanardi, a intenção é fazer com que as refinarias, que estão operando com menos da metade da capacidade, voltem a operar com carga máxima.
“Nossa greve não é para desabastecer o país, como está fazendo o governo Temer com essa política de desmonte que reduziu a carga das refinarias e elevou os preços dos combustíveis e do gás de cozinha, obrigando milhões de brasileiros a voltarem a cozinhar com lenha e carvão”.
“Nossa greve é para que as refinarias voltem a operar com carga máxima e a Petrobras possa voltar a cumprir a sua missão, que é abastecer o povo brasileiro, de norte a sul do país”, afirma Simão.