Há quem ame, há quem odeie, mas ninguém fica indiferente. Depois de cogitar seu fim, o governo confirma: dia 15 de outubro começa o horário de verão.

 

Já está no calendário brasileiro: lá por meados de outubro a ordem é adiantar o relógio em uma hora e esses 60 minutos são devolvidos quatro meses depois. E um grande FlaxFlu se instala: de um lado, os que sofrem com a hora de sono perdida. Do outro, os que se enchem de energia com uma hora de sol a mais depois do expediente.

A rixa, que sempre domina conversas e redes sociais nesta época do ano, ganhou um combustível na edição 2017. O governo aventou a ideia de acabar com o horário de verão já neste ano. Depois de dias de polêmica, o veredito: o horário de verão fica e no dia 15 de outubro a ordem é adiantar os relógios em uma hora até o dia 17 de fevereiro de 2018.

O argumento para o fim da tradição veio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que afirmou na quarta-feira 21 que a adoção do horário de verão para gerar economia de energia não se justifica mais. O governo passou então a analisar a manutenção ou encerramento do horário de verão. As redes sociais responderam imediatamente.

No entanto, o país passa por mais um ano de chuvas fracas que reduziram o armazenamento de água nas represas das hidrelétricas e o governo vem adotando medidas para garantir a oferta de eletricidade, entre elas o aumento da importação de energia do Uruguai e início da importação da Argentina.

Para a pesquisadora da FGV Energia Mariana Weiss, apesar de o horário de verão vir apresentando resultados relativamente constantes, com uma redução de carga no horário de ponta em torno de 4,5%, a tendência é que a economia referente a este programa diminua. “Contudo, é importante ressaltar que, frente ao baixo nível de armazenamento apresentado pelos reservatórios atualmente, o governo já anunciou que irá importar energia para evitar o acionamento de térmicas mais caras. Logo, qualquer redução no consumo é importante neste momento, justificando a manutenção do horário de verão pelo menos este ano”, alerta Mariana Weiss.

O governo chegou a estudar a possibilidade de consultar a sociedade sobre a adoção ou não do horário de verão este ano, medida que não chegou a ser adotada. O governo pode, também, ter levado em consideração o maior movimento do comércio durante o horário de verão. Com dias mais claros, as pessoas ficam mais na rua e consomem mais. Associações de bares e restaurantes de todo o país ensaiaram uma mobilização pela continuidade do horário de verão, o que acabou não se mostrando necessária.

Reações emocionais à parte, pesou mesmo a questão técnica. Em outubro o governo deve passar a cobrar a bandeira vermelha na conta de luz, possivelmente na faixa dois, em razão da escassez de chuvas. Atualmente, está em vigor a tarifa amarela na cobrança da conta de luz. Esta tarifa representa um acréscimo de 2 reais a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Com a adoção da tarifa vermelha, o preço da tarifa de energia passa a ter um acréscimo e vai a 3 reias por 100 kWh. No caso do patamar dois, esse valor seria maior: 3,50 reais a cada 100 kWh consumidos.

 

 

Fonte: Carta Capital