Créditos: Arquivo Saúde Popular

Levantamento do Ministério da Saúde indica aumento de 11% de crianças que morreram entre um mês e quatro anos de idade.

Após 13 anos de queda consecutiva na taxa de mortalidade infantil (antes de completar um ano de vida) e mortalidade na infância (entre um mês e quatro anos), o número de óbitos voltou a crescer no Brasil.

O índice considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 10 mortes por mil nascimentos.

Reportagem de Ligia Guimarães e Catherine Vieira, do jornal Valor Econômico revelou um cenário triste, o Brasil não investe na vida da criança. Sem futuro. Levantamento do Ministério da Saúde indica aumento de 11% de crianças que morreram entre um mês e quatro anos de idade. Entre as crianças até um ano de vida, o aumento foi 2%.

De acordo com o Observatório da Criança e do Adolescente da Fundação Abrinq, recessão econômica, escassez de recursos públicos, seca no Nordeste e cortes em determinados programas sociais, como Rede Cegonha, voltado às mães no pré-natal, parto e nascimento, além do desenvolvimento da criança até os dois primeiros anos de vida, foram os principais fatores.

Para o médico Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, o aumento de óbitos é resultado da redução nos investimentos em programas sociais, priorizados nos governos Lula e Dilma. “Primeiro, a redução dos investimentos em programas que nós criamos para a qualificação do pré-natal e do parto, com a Rede Cegonha, mostra exatamente que 2016 e 2017 tivemos redução desses investimentos, com os cortes pelo governo Temer. Segundo, a redução dos médicos do [programa] Mais Médicos, sobretudo na área mais crítica, que é o semi-árido do Nordeste brasileiro. Terceiro, a redução de investimento na merenda escolar em todo o nosso país”, pontua Padilha, ao lembrar da proposta de “ração humana”, lançada sem êxito pelo ex-prefeito João Doria.

Na avaliação do médico “muito grave” o aumento da mortalidade infantil. “Eu diria uma vergonha. O Brasil já voltou para o mapa da fome, agora o governo temer vai mostrar para a ONU [Organização das Nações Unidas] que o Brasil vai ter crescimento na mortalidade infantil e da infância”, completa.

Outro dado importante que somou para o aumento de óbitos é a desnutrição infantil. O percentual de crianças menores de cinco anos desnutridas aumentou de 12,6% para 13,1%, entre 2016 e 2017, segundo informações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), reunidos pela Fundação Abrinq.

 

Fonte:Katarine Flor/Brasil de Fato